Oposição e associação AVE apelaram à suspensão do projecto da via do Avepark
A Oposição e a AVE - Associação Vimaranense de Ecologia apelaram à maioria socialista que gere o Município de Guimarães a suspensão do projecto de construção da via de ligação ao Avepark, considerando "um erro" a sua concretização.
Na reunião do Executivo municipal, ontem, o assunto foi levantado, primeiro, no período antes da ordem do dia, com o vereador do PSD, Ricardo Araújo, a recordar a contestação do partido ao projecto, "por não ser prioritário e existirem outras alternativas para resolver o problema da acessibilidade ao Avepark".
Para o representante social-democrata, a divulgação pelo Presidente da Câmara do investimento necessário para a execução da obra, "um aumento exponencial de 18 milhões de euros inicialmente previstos para mais de 40 milhões de euros" deve merecer uma reapreciação da concretização.
"Apelamos ao Sr. Presidente para que ele pudesse evoluir na sua opinião em função dos novos dados. Somos contra esta nova via, reconhecendo que a acessibilidade ao Avepark é um problema que existe desde a sua inauguração em 2007, porque há soluções melhores: a requalificação da EN 101, com uma derivação para o Avepark que permitisse melhorar a infraestrutura rodoviária, criar um canal dedicado para mobilidade por BRT ou metro de superfície na ligação de Guimarães à vila de Caldas das Taipas", assinalou, alegando que o congestionamento actual "não resulta de um excesso de tráfego no transporte de mercadorias das empresas instaladas no Avepark, mas sim da importância industrial daquela zona onde está localizado o maior foco populacional de Guimarães a seguir ao centro da Cidade.
"Se resolvermos o problema da acessibilidade à vila das Taipas, estamos a resolver o problema da acessibilidade do Avepark. Guimaraes ganhava muito mais se este Executivo se concentrasse neste projecto e se pusesse de lado a via dedicada", advertiu, considerando que a via projetada pela maioria socialista, numa extensão de cerca de 7 km, "tem um impacto ambiental, paisagístico e visual, ocupando 60 por cento de territórios classificados como Reservas Ecológica e Agrícola". Ricardo Araújo aproveitou para pedir a divulgação do estudo de impacto ambiental.
Na reacção, o Presidente da Câmara reiterou que o investimento é "de primordial para o desenvolvimento estratégico e resolver todas as acessibilidades na zona Norte do concelho". "É uma variante, uma circular à vila de Caldas das Taipas", insistiu, argumentando que o projecto ainda se tornou mais importante por causa do canal para o BRT ou metro de superfície. "O Plano Director Municipal está a definir esse canal, com início na Cidade, tem um tramo próprio na zona de Fermentões até Silvares (não está ainda bem definido, brevemente será apresentado à Câmara) e depois seguirá pela EN 101 que não permite um reperfilamento para ter um canal próprio e precisa da via do Avepark como uma variante à EN101", Frisou Domingos Bragança, sublinhando que estudo de impacte ambiental foi avaliado pelas diversas entidades, "cerca de 40 entidades, e demorou 3 anos este estudo ambiental da via do Avepark".
"O radicalismo ambiental não resolve nada", disse, observando que só quando o projecto estiver concluído será possível saber quanto custará a obra que, devido aos moldes do financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência, terá de ficar concluída "o mais tardar até ao final do primeiro semestre de 2026". "Para estar concluída é necessário que o concurso para a obra seja lançado até ao final deste ano, se não está comprometido de todo o projecto. Espero ter a confirmação por parte do Governo do financiamento", ressalvou, ao destacar a importância da verba de um milhão de euros, no orçamento do Fundo Ambiental para este ano, para o projecto de ligação pelo sistema de BRT, de transporte rápido com autocarros articulados, entre Guimarães e Braga.
No final da reunião, no período dedicado à intervenção do público, José Cunha, em representação da AVE - Associação Vimaranense de Ecologia, interveio para alertar que o projecto "é devastador para o ambiente", ao classificar como "falaciosa" a argumentação de que "a via do Avepark é estratégica por viabilizar o BRT na EN101". "O BRT não precisa da
Via do Avepark para nada. Se assim fosse, então como seria possível o troço desde a Cidade até ao cruzamento para o Parque Industrial de Ponte?", acrescentou.
José Cunha anunciou a possibilidade de uma contestação judicial ao projecto quando a Agência Portuguesa do Ambiente responder aos esclarecimentos já solicitados relativamente ao impacto ambiental da obra. "Todas as entidades nacionais e europeias serão confrontadas e questionadas com esta irracionalidade. Todos ficarão a conhecer como se trata o ambiente em Guimarães. Está a ser preparada uma excursão de autocarro a Bruxelas e não será para promover as boas práticas, será para demonstrar como Guimarães está à frente do seu tempo com modelos de mobilidade do século passado, será para desmascarar a hipocrisia ambiental", afirmou na reunião, questionando o que se fará com os terrenos adquiridos se a via não for construída.
Na resposta, o Presidente da Câmara insistiu que a "via é estratégica" e, em declarações aos jornalistas, disponibilizou-se a divulgar o estudo do impacte ambiental.
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