Oposição quer Município empenhado no apoio aos empresários para evitar saída de empresas do Concelho
O líder da Oposição no Executivo vimaranense lançou um repto ao Presidente da Câmara para "fazer alguma coisa" para evitar que as empresas abandonem o Concelho, por não encontrarem em Guimarães condições que permitam a expansão das suas actividades.
Numa intervenção no período antes da ordem do dia, na reunião do executivo realizada na segunda-feira, o vereador Bruno Fernandes, do PSD, manifestou-se preocupado pelo facto do território concelhio acolher "um importante conjunto de empresas que não vêem o Município como o motor a alavancar projectos", apontando as limitações do actual Plano Director Municipal (PDM) na criação de áreas de acolhimento empresarial.
Exemplificando com o caso do Grupo VAPO, o Vereador referiu a intenção manifestada pela sua administração em manter a sede da empresa em Guimarães, apesar da "falta de motivação e de apoio do Município em ajudar na identificação de um terreno para a construção do novo edifício".
"A cada trimestre que passa, há sempre uma empresa de Guimarães a dizer que não tem condições para se expandir, circunstância que tem impacto na demografia e na dinâmica comercial da Cidade. Se não conseguirmos atrair projectos capazes de atrair empregos geradores de bons salários, o Concelho vai encolhendo", afirmou o representante social-democrata. "Não sentimos o empenho que prometeu quando assumiu a área do desenvolvimento económico do Concelho. Achamos que esqueceu esta área", acrescentou o Vereador, ao dirigir-se ao Presidente da Câmara, com o desafio: "ainda vai a tempo de fazer alguma coisa por isto, evitando que empresa como a VAPO abandone o Concelho".
"Os empresários batem à porta do Município e são bem recebidos, com cortesia, mas depois perante a questão concreta não encontram um terreno", continuou Bruno Fernandes, ao recordar compromissos da maioria socialista por cumprir, como o da criação "de um Ecoparque industrial na zona sul do Concelho e os novos acessos à área industrial de São Torcato". "Se não houver áreas de acolhimento não haverá empresas", frisou, ao vincar: "as empresas existentes são o motor do Concelho".
"Quando a saída resulta de uma estratégia da empresa, admite-se, mas quando é por falta de um terreno, já não", defendeu, manifestando-se surpreendido pelo facto de ter conhecimento através do Relatório de Actividades da TecPark, com sede no Avepark e que agrega uma rede de incubadoras Set.Up Guimarães, ter apoiado 30 projectos, desde 2018, ano da sua criação, "o que dá uma média de quatro empresas por ano".
Na reacção, o Presidente da Câmara sublinhou que o Município está empenhado na criação de condições "que não são visíveis no imediato, mas que são fundamentais para efeitos da competitividade do tecido económico existente e para atrair novas empresas", indicando que o estudo sobre a economia em Guimarães que está a ser desenvolvido por investigadores da Universidade do Minho aponta já que "as indústrias tradicionais estão a passar de mão de obra intensiva para conhecimento intensiva". "As empresas têxteis, de calçado, de embalagens, de metalomecânica são tecnológicas", observou, indicando que o estudo deverá ficar concluído brevemente. "Criou-se uma percepção sobre a economia de Guimarães de estar frágil, o que não é, está forte, porque se algumas unidades desapareceram, surgiram outras e as que permaneceram aumentaram de valor, com menos mão de obra", anotou.
De acordo com Domingos Bragança, o facto de Guimarães ser uma cidade universitária é um activo para a competitividade. "Ter o IPCA, a Universidade do Minho, a Unidade Operacional da Universidade das Nações Unidas, a CESPU, ter estas unidades e laboratórios de investigação colaborativos só por si assume também uma dimensão económica, porque formar pessoas e produzir ciência gera um ecossistema económico, com efeito directo e indirecto no desenvolvimento da região e de Guimarães", respondeu, assumindo que essa "é uma marca" dos seus mandatos desde 2013.
Reconhecendo que o PDM aprovado em 2014 deveria acautelado a disponibilidade de solos com apetência industrial e habitacional para as dinâmicas criadas de aumento de construção", o Presidente da Câmara assinalou que, em 2021, poderia para por concluída a actual revisão. "O despacho estava pronto para assinar", comentou, justificando que optou por "um trabalho pormenorizado de revisão do PDM, para ser possível o aumento expressivo das áreas para actividades económicas e para habitação". "Neste mandato tem sido um trabalho pormenorizado, não só na revisão clássica do PDM e com a aplicação de outros instrumentos como as propostas de contrato de planeamento. Nestas propostas, se ao fim de quatro anos as infraestruturas não estiverem concretizadas, os terrenos poderão voltar a ser rústicos", esclareceu, indicando que essa questão do PDM "entronca na evolução do novo parque industrial na zona sul do Concelho que é muito necessário, mas sem a revisão do PDM não o temos". "Feita a revisão do PDM, teremos terreno rústico para habitação e indústria, dentro dos instrumentos de planeamento, através das propostas de Contrato de Planeamento", perspectivou.
Quanto ao caso do terreno para a construção da sede do Grupo VAPO, Domingos Bragança informou que se reuniu com a administração da empresa. "Foram apresentadas todas as possibilidades, naturalmente que tinham depois de ser trabalhadas, nas condições de mercado", asseverou, prosseguindo: "quem tem recursos financeiros tem condições para resolver o problema de oferta e procura. Recebi o senhor administrador e de certa forma em algum momento até pisei a linha vermelha, porque foi dada a indicação de dois ou três sítios".
"A Câmara não é mediadora, informa de todos os terrenos disponíveis", realçou, remantando: "espero que daqui a 8 a 10 anos, seja possível dizer que o que foi dito pelo Presidente da Câmara anterior acabou por dar resultados, porque estamos num processo transformador de alterações qualitativas do tecido económico de Guimarães".
Entretanto, após a reunião, contactado pelo nosso jornal sobre a eventual saída da sede do Grupo VAPO de Guimarães, fonte da Administração da empresa sustentou que é uma decisão que está a ser ponderada.
*Texto publicado na edição do jornal O Comércio de Guimarães, de 12 de março de 2025.
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