«Unidos» em defesa da integração de Guimarães no sistema de alta velocidade

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A aproximação de Guimarães ao sistema ferroviário de alta velocidade é considerada prioritária para assegurar o desenvolvimento do Concelho. O assunto esteve novamente em destaque na reunião do Executivo vimaranense, realizada na passada segunda-feira, na sequência de uma intervenção feita pelo Vereador do PSD, André Coelho Lima, sobre o “rumo comunitário” durante as duas décadas de governação socialista. O assunto veio à baila, na reacção do Presidente da Câmara que classificou de "fundamental e estratégico para Guimarães" esse futuro eixo ferroviário. "Temos de estar todos juntos!", afirmou Domingos Bragança, ao dar conta que já formalizou "três missivas" ao Governo e advertindo que "pode-se fazer muito trabalho na Assembleia da República". "Tem de ser um trabalho consistente", continuou, reconhecendo a importância para a atractividade de investimentos já que as grandes empresas escolhem territórios para a sua localização com "boas ligações ferroviárias à Europa". "A nossa grande vantagem é o ecossistema de inovação, ciência e o conhecimento, assim como as competências técnicas, o saber fazer aqui existente", disse, pedindo: "Por Guimarães, por amor a Guimarães, temos de estar unidos a este desígnio".

A observação levou o Vereador do PSD a admitir que não tinha planeado mencionar "essa falha do peso político de Guimarães" na intervenção, apontando o que tem sido "uma desconsideração para com aquilo que é Guimarães no contexto nacional". "Das coisas que me choca, da minha curta experiência em Lisboa, é não perceberem a real dimensão de Guimarães. A comunicação feita pelo Primeiro Ministro que põe Guimarães de parte, demonstra um processo que não nos é favorável, contra o qual temos de combater. Guimarães é o terceiro concelho do Norte do País!", prosseguiu, dizendo: "o PSD de Guimarães não hesita um segundo em estar ao lado dos objectivos de Guimarães em matérias desta natureza. Se este Governo fosse do PSD, aquilo que já teriam dito!".

O representante social-democrata assinalou que não está em causa "uma questão bairrista", mas sim "uma lógica dos investimentos". "A cintura industrial do Vale do Ave, que Guimarães capitaliza, não pode passar ao lado de um investimento desta natureza. Na minha perspectiva, o que foi dito pelo Primeiro-Ministro está muito longe de ser uma realidade, porque ainda não está concretizado em documentos e o traçado deve ser questionado. A estratégia que estamos a adoptar não é a correcta. A ligação Porto-Vigo não pode ser em linha recta, tem de ser feita de forma a aproveitar as zonas mais populosas e industrializadas do País, servindo toda a cintura industrial de Famalicão, Guimarães e Braga. Isto tem de ser previsto e temos de bater o pé, firme", defendeu André Coelho Lima.

 

"A linha tem de ser entre a cidade de Braga e a cidade de Guimarães"

André Coelho Lima, Vereador do PSD

Em declarações aos jornalistas, no final da reunião, André Coelho Lima avisou que é o Presidente da Câmara "quem tem de buscar convergências, por ser quem lidera o Município", considerando que "Guimarães está a ver os comboios passar e está a ser ultrapassada pelas circunstâncias e pelo Governo socialista". "Na dimensão local, o comprometimento do PSD é absoluto. Na dimensão nacional, o meu comprometimento pessoal é total", frisou, ao referir que "o PSD está a privilegiar os interesses da nossa região, os interesses de Guimarães como capital do Vale do Ave".
"Não faz sentido do ponto de vista do dinheiro das pessoas fazer uma nova linha que passe na zona litoral e depois estar a fazer novas linhas a ligar a zona mais industrializada à linha Porto-Vigo. Será gastar muito mais dinheiro do que o necessário"; argumentou, alertando: "estamos a falar de uma linha nova e não de reaproveitamento de linhas pré-existentes".
No seu entender, "a linha tem de ser entre a cidade de Braga e a cidade de Guimarães, projectada de modo a servir as duas grandes áreas populacionais da zona Norte de portugal, fora área metropolitana do Porto e que são as duas grandes zonas industriais. Se não for assim não servirá os interesses do País".
O Vereador do PSD assinalou a importância de um maior envolvimento do Município neste processo, alegando: "não é possível que o Primeiro Ministro de Portugal anuncie um investimento e o Presidente da Câmara de Guimarães vá à Assembleia Municipal dizer que já teve umas conversas com o Primeiro-Ministro. Estas conversas têm de ser prévias. A posição institucional do Presidente da Câmara obriga a que ele seja consultado, ouvido e envolvido no processo previamente ao lançamento e publicitação dos investimentos".

 

"Temos que fazer com que o Governo decida a favor da nossa região"
Domingos Bragança, Presidente da Câmara

O Presidente da Câmara precisou que desde que foi anunciado o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), o Município já formalizou três ofícios ao Governo relacionados com a ligação à estação do sistema ferroviário de alta velocidade. "Este investimento é estratégico para o futuro de Guimarães. Disse ao Primeiro-Ministro que o eixo ferroviário de alta velocidade tem de passar entre Famalicão, Guimarães e Braga e que a estação de alta velocidade tem de ficar situada entre estas três cidades, porque aqui vivem mais de meio milhão de pessoas, se considerarmos a Comunidade Intermunicipal do Ave e a Comunidade Intermunicipal do Cávado e que tem uma criação de riqueza excepcional no País", sublinhou Domingos Bragança, ao indicar que essa localização "da estação de alta velocidade permitirá depois que os tramos ferroviários que Guimarães terá de fazer, assim como Famalicão e Braga, sejam equidistantes, trazendo menos custos de investimento na sua execução".
"Esta ligação ferroviária é fundamental para a acessibilidade futura à Europa e ao mundo. Quero que todos estejamos unidos neste grande objectivo para Guimarães. Todos somos necessários para convergirmos neste desígnio que é fundamental para o futuro deste território, num triângulo que faz com a porta para o interior do País aceder a este eixo ferroviário seja através deste sistema urbano", anotou.
"É nesta década que temos o PRR com os milhares de milhões para estas infraestruturas e o PT 2030", continuou, advertindo ainda a existência de um outro compromisso: "temos o grande objectivo europeu da agenda ambiental que é a descarbonização. E o meio de transporte mais descarbonizado do ponto de vista de média e longa distância para as pessoas e para as mercadorias é o transporte ferroviário".
O Presidente da Câmara assumiu que irá contactar todos os deputados da Assembleia da República, no sentido de dar a conhecer o trabalho que está a ser feito para que esta reivindicação obtenha "mais força, mais consistência e densidade". "Braga já assinou com Guimarães um primeiro ofício para este sistema de mobilidade Guimarães-Braga e sistema ferroviário de alta velocidade. Famalicão é importante trazer para este grande objectivo. É um objectivo prioritário para toda a região", reconheceu, insistindo: "temos que fazer com que o Governo decida a favor da nossa região, vai haver muitos projectos e estudos a serem desenvolvidos e candidaturas a fazer por cada território".

Marcações: reunião executivo, alta velocidade

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