150 novos casos de cancro da mama detectados por ano no Hospital de Guimarães
Todos os anos são diagnosticados 150 novos casos de cancro da mama no Hospital da Senhora da Oliveira, em Guimarães, estando mais de mil doentes referenciados para as consultas de acompanhamento e vigilância por motivos relacionados com esta patologia.
No mês dedicado à prevenção da doença, a Directora do Serviço de Oncologia reconhece que "há doentes que são acompanhados durante anos", o que motiva uma "forte ligação entre os profissionais e os doentes". "É a frequência com que cá vêm e a particularidade da doença, porque é uma em que as pessoas estão muito sensíveis. O diagnóstico do cancro mexe muito com todas as emoções, com factores sociais e familiares. Nós tecnicamente tratamos a patologia e depois temos as outras dimensões associadas que temos de ajudar a solucionar. Somos médicos que têm de desenvolver a capacidade de ir ao encontro das necessidades de cada doente, porque é um processo muito exigente", advertiu Camila Coutinho. "É uma patologia muito exigente a vários níveis", acrescentou, assinalando que a missão do médico-oncologista exige "uma grande disponibilidade". "Se o perfil do profissional não se enquadrar nesta disponibilidade que é exigida pelo atendimento que os doentes precisam, pode ser muito pesado emocionalmente. É necessário que o profissional esteja bem e disponível, tem de enquadrar-se neste tipo de empatia que acaba por ser necessária para atender estes doentes", referiu, aproveitando para sublinhar que a pandemia da Covid-19 não parou a actividade no serviço. "Tivemos reajustes que se percebem pelas exigências para segurança de todos, mas o serviço nunca parou", afirmou, lembrando as regras adoptadas para a continuidade dos tratamentos.
"Todos podemos fazer uma prevenção primária, adoptando estilos de vida saudáveis que vão prevenir o cancro da mama"
As patologias associadas à mama surgem inesperadamente, embora seja cada vez mais necessário reforçar os comportamentos preventivos. "Podemos cuidar das mamas, fazendo uma auto-avaliação regular e se notarmos alguma alteração, recorrermos ao serviço de saúde o mais brevemente possível", observou a responsável, destacando a importância de "aderir aos rastreios". "O cancro da mama tem um rastreio que está bem delineado e devemos aderir às convocatórias, assim como realizar as mamografias regulares. Sabemos que o diagnóstico precoce pode curar. Um doente com cancro da mama numa fase precoce tem muita probabilidade de cura e temos de investir mais na prevenção. Todos podemos fazer uma prevenção primária, adoptando estilos de vida saudáveis que vão prevenir o cancro de mama, como o exercício físico, a alimentação saudável, o combate à obesidade", prosseguiu.
"O Hospital tem como missão tratar, mas também faz parte da sua estratégia no combate a esta patologia ter uma articulação com os restantes prestadores de cuidados de saúde, nomeadamente os centros de saúde que estão mais focados na fase da prevenção e detecção da doença. Tem de haver uma boa articulação entre os diferentes níveis de cuidados de saúde, focando-nos no objectivo comum que é evitar a doença e detectá-la o mais precocemente possível", defendeu.
Após um exame de rastreio, quando o doente é encaminhado para o Hospital, Camila Coutinho adverte que ele pode "ser seguido em consultas de cirurgia ou pode ter lesões que não são propriamente malignas, tem esse seguimento da patologia mamária em consultas regulares". "Quando é diagnosticado um cancro, nessa altura são accionados uma série de outros serviços e os doentes, mesmo depois dos tratamentos, têm consultas regulares nas diferentes especialidades e depois consultas para vigilância, por exemplo para a detecção de recidiva da doença", apontou, ao frisar que nesta patologia, "há uma percentagem ínfima nos homens". "Há cancro da mama no sexo masculino, mas é uma percentagem residual, mas eles também têm de estar atentos e fazerem o seu exame mamário", alertou.
Em Portugal, são detectados por ano cerca de 6.000 novos casos de cancro da mama, sendo que 1.500 mulheres acabam por morrer vítimas da doença. Um dos aspectos mais importantes para prevenir esta patologia oncológica é alertar a pessoa para a capacidade de reconhecimento dos sintomas de forma precoce.
O mês de Outubro está associado ao Outubro Rosa, mês de prevenção do cancro da mama. O movimento conhecido por “Outubro Rosa” (Pink October) nasceu nos Estados Unidos da América, na década de 90 do século passado, com o intuito de inspirar a mudança e mobilizar a sociedade para a luta contra o cancro da mama. Desde então, por todo o mundo, a cor rosa é utilizada para homenagear as mulheres com cancro da mama, sensibilizar para a prevenção e diagnóstico precoce e apoiar a investigação nesta área.
Texto publicado na edição de 20 de outubro, do jornal O Comércio de Guimarães.
Marcações: Hospital Senhora da Oliveira, Outubro rosa, Serviço de Oncologia, cancro da mama