Futura ULS do Alto Ave terá o foco no "cidadão" e nos "cuidados de saúde primários"
A futura Unidade Local de Saúde (ULS) do Alto Ave vai privilegiar o cidadão, com o foco nos cuidados de saúde primários, com uma "integração" de serviços e uma "maior interligação entre os profissionais", deixando de "existir uma visão hospitalocêntrica".
As linhas gerais desta reforma que está a ser operada no Serviço Nacional de Saúde foram reveladas pelo Presidente do Conselho de Administração do Hospital da Senhora da Oliveira, Henrique Capelas, à vereação vimaranense, no início da reunião desta quinta-feira.
"A ULS é o melhor modelo, colocá-lo em prática poderá ser complicado porque mexe com muitos interesses", reconheceu o responsável, fazendo até uma comparação entre a dotação para a saúde contemplada no Orçamento de Estado e o investimento exigido para as obras do Estádio D. Afonso Henriques. "Por ano, gasta-se 15 mil milhões de euros em saúde, valor que dava para construir mil estádios como o do Vitória Sport Clube", comparou, ressalvando que há ainda a acrescentar a esse montante o valor que é assumido pelas empresas (6, 3 mil milhões de euros) e os cidadãos (1, 3 mil milhões de euros).
Com esta despesa, considerou Henrique Capelas que o cidadão português está a pagar muito do seu bolso, já que assume 30 por cento, ao passo que a média europeia é de 15, 4 por cento. "Apesar do dinheiro colocado no SNS, o sistema continua a não atender às necessidades dos cidadãos", frisou, ao defender que "o problema do SNS não é de falta de profissionais, o problema é de gestão", assinalando a existência de um desperdício de 20 a 22 por cento.
Ao analisar o actual modelo, Henrique Capelas sustentou que "é focado na doença" e num financiamento assente "no acto médico", "produtivista", "nas organizações e não no cidadão", fazendo questão de sublinhar que o sistema da ULS surge orientado para "a medicina preventiva, exigindo uma integração de cuidados que tem de contar com a colaboração das diferentes entidades". "A saúde começa a prevenir-se no Parque da Cidade!", alertou, referindo que as autarquias "têm de ser parceiras no sistema de saúde". "Não faz sentido o cidadão andar no pingue-pongue", disse, ao vincar que o novo modelo vai obrigar a uma mudança para que seja possível "longos anos de vida com saúde", sobretudo, "os últimos anos de cada cidadão - porque ninguém é eterno - com qualidade de vida".
"Temos de apostar mais nos anos com qualidade de vida com saúde, privilegiando a medicina preventiva, em colaboração com as autarquias e com outras entidades, com um sistema mais sustentável, mais amigo, mais próximo do cidadão. Será preciso criar metodologias para que a filosofia funcione", acrescentou, ao apontar que com a ULS "a prestação de cuidados sera em continuum, não haverá uma separação de responsabilidades e o foco será no cidadão".
Embora tenha admitido que no início poderão surgir "algumas dificuldades", Henrique Capelas classificou de "muito boa" a reforma que se avizinha.
O Presidente da Câmara justificou a presença de Henrique Capelas, acompanhado pela equipa responsável pela elaboração do plano de acção da ULS, na sequência do compromisso que tinha assumido numa anterior sessão, ao responder a uma intervenção do vereador do PSD, Ricardo Araújo.
O vereador social-democrata mostrou-se "tendencialmente favorável a este sistema, com a reorganização de uma área sensível, com a integração de recursos", querendo saber quais os próximos passos que serão dados para a sua cncretização.
Na sua intervenção, Domingos Bragança insistiu na importância do conceito-base da ULS - a integração dos cuidados de saúde, advertindo que "o projecto exige coragem, porque vai transformar os serviços de prestação dos cuidados de saúde".
A Comissão Instaladora da ULS do Alto Ave deverá ser nomeada durante os meses de outubro ou novembro, perspectivou Henrique Capelas, sem mencionar a sua compiosição e sublinhando que "esta reforma exige essencialmente o empenhamento dos profissionais para a prestação de um bom serviço aos utentes".
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