“Afirmar Guimarães” – a candeia que vai à frente
No último artigo deste espaço, procurei refletir sobre o legado de Domingos Bragança como Presidente da Câmara Municipal de Guimarães,
na antecâmara de um ano de eleições autárquicas. Tratou-se da primeira metade de uma reflexão que também os vimaranenses terão que fazer em setembro, sendo a segunda metade em torno dos projetos alternativos que se apresentarão para a sua sucessão.
Os dois principais partidos portugueses, que também têm maior representatividade na política local de Guimarães, já definiram os seus candidatos às próximas eleições: Ricardo Costa pelo Partido Socialista e Ricardo Araújo pelo Partido Social Democrata em provável coligação alargada à direita.
A estes juntar-se-ão, de forma quase certa, candidatos do BE, CDU, IL e CHEGA, sem que se deixe de equacionar o aparecimento de candidaturas de outros partidos (p.e. o Livre para onde “migrou” o último candidato do BE à Câmara Municipal) ou o aparecimento de alguma candidatura independente.
Há, pois, maior enfoque naqueles que já estão no terreno, porque já têm candidaturas conhecidas, e porque são os que hoje têm assento no órgão Câmara Municipal e nas bancadas mais expressivas na Assembleia Municipal.
O ponto de partida do próximo mandato é, desde logo, aquele que resulta das reflexões dos últimos artigos aqui publicados. A concretização da Capital Verde Europeia, a preservação do Património da Humanidade de Couros, os desafios da habitação e da mobilidade, e os projetos de futuro em curso que são alavancas de futuro: a Engenharia Aeroespacial, a Academia de Transformação Digital, a Fábrica do Futuro e a Escola Hotel do IPCA.
Sendo certo que é ainda cedo para sabermos o que cada candidato propõe como projeto de futuro, os primeiros sinais que nos orientam sobre aquilo que podemos esperar de 2025 já nos foram dados. O Partido Socialista fez um longo e interessante debate interno, que propôs alternativas que se consubstanciaram em eixos de desenvolvimento do território, o que vai mais além do que refletir acerca do funcionamento da estrutura partidária.
É conhecido que, após esse resultado interno, Ricardo Costa foi escolhido por 97% dos membros da comissão política do PS, num projeto de unidade que integra os contributos das várias sensibilidades que disputaram esse ato eleitoral. Esta é uma grande vantagem para o PS e para os vimaranenses. A nove meses de eleições, não só se conhece o riquíssimo legado da Governação de Domingos Bragança, como se conhecem as principais ambições com que o Partido Socialista olha para o futuro de Guimarães.
A segunda vantagem é aquilo que a candidatura do PS representa para esse legado e para o futuro. Sabemos que teremos um projeto de continuidade do poder socialista na câmara municipal, mas uma continuidade reforçada em ambição e em novos desafios, sem descurar o passado e o legado que nos orgulha, tal como o PS habituou os vimaranenses.
É a continuidade da cultura, da educação e da ciência como motores de desenvolvimento sustentável da nossa sociedade, alicerçada na vontade de Afirmar Guimarães através da inovação e da projeção internacional do nosso concelho, captando mais investimento e mais visitantes no nosso território. No próximo sábado, na apresentação da candidatura de Ricardo Costa, teremos oportunidade de ficar a conhecer, em maior detalhe, os eixos fundamentais da sua proposta para Guimarães.
Seria de esperar de quem está no poder, que a esta altura o foco estivesse apenas no trabalho feito e a realizar até às eleições. Mas a realidade é que o PS trabalha já em segundo plano nesse horizonte de futuro, posicionando-se como “a candeia que vai à frente”, que, diz o povo, “ilumina duas vezes”.
Do lado do PSD sabemos menos. O debate interno passou ao lado dos vimaranenses, e a posição sobre a grande maioria dos temas da atualidade oscila entre o elogio do poder municipal nas conquistas coletivas e a crítica popular, “surfando” todas as pequenas ondas de contestação, sem que apresente posicionamentos claros sobre o que seria feito, caso estivesse em posição de poder.
A título de exemplo pergunto: alguém sabe o que pensa o PSD e Ricardo Araújo sobre a pedonalização do centro da cidade?
Nove meses são tempo de sobra para que os projetos alternativos se façam conhecer, e as propostas sejam apresentadas de forma clara, com tempo e detalhe, para que o debate se possa fazer. Não basta questionar o poder eleito com base numa possível alternância. Quando o debate democrático se resume a essa dialética, crescem as alternativas aventureiras, populistas ou experimentais, e Guimarães está num patamar que já não tem espaço para esses desvarios.