Alfredo Pimenta nasceu há 140 anos e será recordado este sábado no Arquivo Municipal
O Arquivo Municipal Alfredo Pimenta assinala este sábado o 140º aniversário do nascimento do seu patrono. Uma exposição evoca a vida e obra do ilustre vimaranense (1882.12.03 – 1950.10.15) no Largo do Toural e na sala de leitura daquela Instituição estão patentes ao público desde o início da semana, antecipando a celebração marcada para esta tarde com a realização de um evento preenchido de actividades em torno da memória do autor.
Assinalando a data do seu nascimento - 3 de dezembro - a partir das 15h00, o encontro «Recordar Alfredo Pimenta», contará com um conjunto alargado de intervenções: "Breves lembranças de uma neta", por Maria Reynolds de Souza; "Alfredo Pimenta, um percurso singular", por Filipe Alves Moreira; e "Alfredo Pimenta visto por Henrique Barrilaro Ruas", por Manuel Vieira da Cruz.
A apresentação da publicação "Alfredo Pimenta e os seus 'Elementos de História de Portugal'» por Henrique Barrilaro Ruas e "Intervenção literária, criação estética e testemunho lírico de um poeta vimaranense - Alfredo Pimenta", por José Carlos Seabra Pereira completam a sessão sobre as diferentes facetas deste autor, incontornável referência na cultura vimaranense. O encontro terminará com um debate.
Alfredo Pimenta nasceu na Casa de Penouços, na freguesia de São Mamede de Aldão, em 3 de dezembro de 1882, numa família de médios proprietários rurais.
Licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra, afastou-se da profissão de jurista para se tornar fundamentalmente um professor, um arquivista, um historiógrafo, um ensaísta, um erudito e um político, sempre dificilmente classificável, entre o republicanismo e a monarquia.
Trabalhador infatigável, foi uma figura marcante na sociedade portuguesa da primeira metade do século XX. Deixou uma vastíssima bibliografia, numa escrita primorosa de clareza e rigor, parte da qual relacionada com a cidade de Guimarães.
Dá o nome ao Arquivo Municipal de Guimarães, instituição que ajudou a criar, em 1931, a organizar e que dirigiu até à sua morte, em comissão de serviço, sem remuneração, ao mesmo tempo que era conservador do mais importante Arquivo Nacional, o da Torre do Tombo, de que chegou a ser diretor entre 1949-1950.
Faleceu em 15 de outubro de 1950, em Lisboa. Em 1951, dando cumprimento ao desejo várias vezes expresso, a família trasladou os seus restos mortais para a Capela de Nª Sª da Madre de Deus, ma freguesia de Azurém, em Guimarães.
Na edição do dia 20 de outubro de 1950, o jornal O Comércio de Guimarães publicou a notícia do seu falecimento, num artigo escrito pelo médico Carlos Saraiva, colaborador que dias antes da morte tinha recebido uma carta do amigo, partilhando com os leitores as seguintes considerações: "A fraqueza subsiste, embora menor, mas já perdi as esperanças de me recompor. O mal é começar a descer a encosta. Ai dos que começam! Adeus!".
"O Homem, como matéria, vai sumir-se e desaparecer, como Espírito continuará a brilhar a sua Obra de doutrinador político, de historiador e de investigador, de jornalista vigoroso, de panfletário ardente, de crítico consagrado, de filósofo e de poeta. Poucos, nestes 50 anos, terão suportado tantas injustiças e tantos ataques traiçoeiros, com a resignação e o estoicismo que derivam do seu intransigente amor à Verdade, e da sua independência de carácter", acrescentou Carlos Saraiva, na homenagem que lhe prestou.
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