Governo quer "replicar" exemplo da Penha no País para prevenir incêndios florestais
"Há práticas que foram desenvolvidas historicamente que se forem replicadas noutras regiões do País podem fazer a diferença no futuro da nossa vida colectiva", assinalou o Ministro da Administração Interna, durante a demorada visita realizada este domingo ao alto da montanha da Penha.
José Luís Carneiro enalteceu o modelo de gestão e valorização da paisagem adoptado pela Irmandade de Nossa Senhora do Carmo da Penha, elogiando as boas práticas que dão função "social, ambiental e económica à floresta".
No âmbito do programa do centésimo aniversário da classificação da Penha como estância turística, o governante inteirou-se dos meios ao serviço do dispositivo da Protecção Civil, patentes numa exposição que contou com a participação das diversas entidades distritais e sub-regionais, e percorreu os recantos do espaço onde ficou a conhecer o permanente trabalho de preservação liderado pela Irmandade.
Em declarações aos jornalistas, o Ministro considerou que se essas boas práticas forem sendo replicadas no País, "com o envolvimento de todos, será possível dar três funções à floresta: uma função social, de empregabilidade; de utilidade ambiental, porque ela é fundamental para a absorção do carbono e produção de oxigénio; e económica, fazendo com que seja fonte de riqueza, desenvolvimento económico".
Para o governante, a matéria da defesa da floresta deveria merecer "um amplo pacto político entre os partidos com assento na Assembleia da República para que as políticas posaam ser duradouras".
"O pior que acontece é sempre que mudam os governos estarem a pôr em causa o que se fez anteriormente. Há um esforço de mudança progressiva que está a ser feito desde os incêndios de Pedrógão para reforçar a prevenção e investir menos no combate", alertou, enumerando as "várias medidas do Governo que estão a dar os seus primeiros resultados".
"O Balcão Único do Prédio, o BUPI, "aplicação que já recebeu mais de 1 milhão e 300 mil registos de propriedade. O apoio e estímulo ao associativismo florestal para que possam ter políticas de reflorestação com manto florestal mais resiliente aos incêndios e acções de limpeza mais estruturadas, como acontece com os sapadores florestais que depois têm contratos com essas associações para realizar essas limpezas. A criação de áreas integradas de gestão da paisagem em torno das habitações, recuperando a produção agrícola que funcionava como uma faixa de protecção dos aglomerados populacionais. E há ainda uma outra prática que é a chamados mosaicos de paisagem, com espaços florestais que funcionam como faixas de protecção aos aglomerados populacionais, com a plantação de espécies vegetais que funcionam como corta-fogo".
O Ministro justificou a visita à Penha com o objectivo de demonstrar que "há práticas que se forem desenvolvidas historicamente podem fazer a diferença no futuro da nossa vida colectiva", insistindo que o País está preparado para uma época de verão que adivinha "difícil", em que "o mais importante é evitar as ignições e os incêndios". "O período mais crítico é de 1 de julho até ao fim de setembro e é aí que os meios estarão empregues na sua expressiva mobilização, constituindo o maior número de sempre de meios terrestres, humanos e técnicos. Queremos ter tantos meios aéreos como no ano passado", adiantou, apelando para que o momento actual seja aproveitado "as limpezas florestais que ainda não estão feitas".
"É preciso que todos tenham consciência de que só conseguiremos erradicar os incêndios de forma estrutural, porque os incêndios são tão antigos como o ser humano e irão continuar a existir. O que temos de fazer é garantir que os incêndios não põem em causa a vida das pessoas, o património edificado e ambiental. Para que isso aconteça é preciso um trabalho estrutural como este que está aqui feito na Penha, pela Irmandade, que tem uma dedicação diária, quotidiana, de limpeza, de conservação, de substituição de espécies, isto demora muito tempo. O Governo tem propostas em acção. No fundo é replicar este modelo no País, mas demora um período muito longo, uma geração, duas gerações", declarou José Luís Carneiro, assinalando: "esta experiência da Penha tem 100 anos. Aqui, há um trabalho de muitas gerações. É o que temos de fazer no País para que no tempo das futuras gerações possamos ter um País mais resiliente, mais capacitado para se proteger daquilo que os incêndios têm de nocivo para a protecção da vida das pessoas e do seu património".
Marcações: Protecção Civil, Montanha da Penha, Ministro da Administração Interna