Covid-19: DGS notificou Têxteis JF Almeida para encerrar portas; Administração contesta decisão mas vai cumpri-la
A funcionária em causa já não está ao serviço há mais de uma semana e os trabalhadores com quem privou encontram-se a cumprir um período de quarentena. O sector em que trabalhava, a confecção, foi desinfectado, de acordo com as normas da Direcção-Geral da Saúde.
“Esta medida surpreendeu-me completamente”, assumiu o empresário Joaquim Ferreira de Almeida, em declarações ao Grupo Santiago. Agastado com a obrigatoriedade do encerramento das portas de todas as unidades da Têxteis JF Almeida, o empresário vimaranense lamenta “não ter recebido qualquer contacto da DGS para tentar resolver o problema.” “O caso aconteceu no piso 2 de uma unidade. A tecelagem está noutra unidade a dois quilómetros, a tecelagem noutro edifício a quatro quilómetros e nada se passou nessas fábricas. Como se pode tomar uma atitude destas? Ainda há pouco soube que no Hospital de Guimarães há o caso de uma pessoa infectada no piso 5. Não fecharam o piso 4, que é ao pé, nem sequer o 5! Assim, não vamos a lado nenhum”, disse.
A decisão da Direcção-Geral da Saúde foi contestada pela Administração da Têxteis JF Almeida, que deu conta da “disponibilidade para contratar médicos e enfermeiros para colocar na entrada das unidades fabris, para confirmarem o estado de saúde dos funcionários. Mais do que isto não posso fazer. O que me apetece é dizer para tomarem conta do pessoal e fechar mesmo”, desabafou.
A Têxteis JF Almeida conta com 650 funcionários directos e aproximadamente 300 indirectos, que vão parar de laborar por um período de 15 dias. “O que me disseram é que tem de ser cumprido o período de quarentena e que depois podem voltar a trabalhar.” Apesar de ter contestado a decisão do encerramento do fecho de todas a unidades da empresa, Joaquim Almeida assegura que “não vou querer abrir antes do prazo que foi estabelecido. É uma posição firme, pessoal.”
Joaquim Almeida alerta a Direcção-Geral da Saúde para as posições que tem tomado junto do tecido empresarial, porque entende que, neste caso, “devia, no mínimo, conversar com a Administração. Não há casos extremos. Não podemos controlar quem entra de fora e quando sentimos que há funcionários com algum sintoma, mesmo sem confirmação de casos, aconselhamos a que fiquem quem casa. Temos um plano de contingência bem montado, elogiado pela própria Direcção-Geral da Saúde, que disse que fizemos mais do que era pedido. Sempre nos preocupamos com os nossos empregados, sobretudo com a sua saúde. Não é de agora.”
A Têxteis JF Almeida pretende reabrir as portas das suas unidades de produção, mas a decisão está pendente “dos apoios que a nossa empresa tiver, em função do que nos fizeram. Estou predisposto a trabalhar como até agora, a criar emprego todos os anos. Se vir que isto vai descambar com estas situações, vamos embora. Não está em causa o encerramento da fábrica, mas sim o facto de não terem dialogado com a Administração.” “Estamos perante uma crise tremenda e somos uma empresa que tem tudo em dia. Pagamos os nossos impostos antes do dia 20, pagamos os salários dos funcionários. E levamos com estas decisões, com uma notificação por e-mail do encerramento da fábrica, sem data para reabertura. É revoltante, não vale a pena estar a criar riqueza para o país”, acrescentou Joaquim Almeida.
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