Professor da UMinho critica "bairros sociais para ricos" na encosta da Penha
André Fontes, arquitecto e professor da Escola de Arquitectura, no polo de Guimarães, criticou aquilo que considera ser a construção de “bairros sociais para ricos” com amplas vivendas na encosta da Penha.
Com moderação de Elisabete Castro, líder do PS Creixomil, no debate Rio Fernandes, catedrático de Geografia da Universidade do Porto e militante do PS, defendeu que as casas deixaram de ser um “direito “para passar a ser “produto de mercado” e que uma política socialista de habitação não pode desistir das casas como direito social para todos. Continuou dizendo que “o mercado não tem sido solução, sim o problema”. Destacou a baixíssima contribuição da habitação pública em Portugal (2%), na Europa (13%), em Viena de Áustria (40%). Defendeu alterações aos PDM’s no sentido de obrigar os privados, hoje dominados por fundos imobiliários financeiros a compensar a sociedade com uma percentagem construída para ser vendida e arrendada a valores médios e baixos como contrapartida da aprovação dos licenciamentos. Recusou “as cidades para ricos” e “as cidades para pobres”, defendendo que o ideal seria a mistura social, recusando a segregação. “Uma cidade é uma mistura”, sublinhou. Assinalou que “todo o país está a perder população com exceção de Lisboa e Algarve”, embora registando a ausência nas estatísticas do INE dos turistas e estudantes deslocados, para concluir que é preciso ocupar todas as casas que existem e podem ser habitadas, com subidas significativas de impostos para as casas não ocupadas.
Paulo Castelo Branco, arquitecto dos serviços municipais durante 23 anos e hoje projectista com gabinete em Guimarães, recusou a guetização social na habitação, pelo que “compete aos políticos e aos cidadãos o compromisso com o espaço público na sua utilização democrática, seja na frequência de convívio seja na distribuição social da habitação, não permitindo “guetos” sociais”.
Seguiu-se uma ampla participação dos presentes com o Presidente da Junta de Gondar a defender que em cada prédio construído houvesse andares entregues para propriedade municipal e outros a realçar a qualidade urbanista do principal bairro do IHRU em Guimarães que criou comunidade.
Encerrou o debate Ricardo Costa, Presidente do PS Guimarães, realçando que “não é aceitável a estratificação da sociedade em resultado de políticas públicas que deviam servir o contrário: a justiça e a igualdade social numa cidade e na totalidade de um município para todos”.