Oposição sugeriu realização de estudo sócio-económico da área classificada pela UNESCO em Guimarães

images/fotoarquivo/2018/cidade/vistas_aereas/largo_oliveira.JPG

A Oposição sugeriu à maioria socialista que gere o Município de Guimarães a realização de estudo sócio-económico, abrangendo toda a área do Centro Histórico classificada com o título de Património Cultural da Humanidade pela UNESCO.

Numa intervenção feita no período antes da ordem do dia, na última reunião do Executivo, o Vereador do PSD, Ricardo Araújo, fez alusão ao conteúdo da intervenção feita pelo Presidente da União de Freguesias da Cidade na última sessão da Assembleia Municipal, pedindo para saber quais as conclusões do estudo do ruído na área classificada anunciado em 2016.

O representante social-democrata fez referência à dificuldade do número de efectivos da PSP para garantir segurança no centro da Cidade, ao sustentar a importância de fazer um estudo sócio-económico. "Há aqui várias tensões entre quem habita e quem tem interesses comerciais", justificou, enfatizando a necessidade de priorizar "um equilíbrio entre os interesses dos habitantes, dos utilizadores e dos interessados para garantir uma gestão adequada do espaço". "É preciso um conhecimento rigoroso!", insistiu Ricardo Araújo, ao salientar que deve ser feita uma caracterização social e económica, com uma perspectiva de "como deverá ser daqui a 15 ou 20 anos". "Como deveremos organizar o Centro Histórico e assim podermos actualizar o regulamento relativo à sua gestão", acrescentou o Vereador do PSD, alertando para o fenómeno da "gentrificação dos espaços", ao processo de modificação do espaço urbano. "É preciso tentar perceber o que está a ser previsto para as zonas novas que estão a surgir! Temos de olhar para essas zonas como uma forma de descompressão do Centro Histórico", afirmou, apontando o caso da zona da Caldeiroa: "Como é que aquela mancha ajudará a descomprimir o Centro Histórico através da ocupação urbanística prevista e dos novos acessos?".

Face ao "desígnio" da aposta do Município "na sustentabilidade e ambiente", o Vereador do PSD quis saber qual a meta definida para a interdição da circulação automóvel no Centro Histórico, aproveitando para observar que desde o início do ano, com a entrada em funcionamento da nova concessão da Guimabus, "a zona do Campo da Feira está transformada numa central de camionagem ao ar livre". "Já tive oportunidade de contar 10 autocarros estacionados entre naquela zona da Cidade e grande parte deles sem estarem em funcionamento", comentou.

Na reacção às questões levantadas pelo Vereador da Oposição, o Presidente da Câmara comprometeu-se a relançar o projecto de condicionamento da circulação automóvel. Domingos Bragança lembrou a medida que previa a implementação, a título experimental, de restrições à circulação automóvel na Cidade ao fim-de-semana, e que deveria ser implementada no início de 2020, alterada por causa do inesperado surgimento da pandemia da Covid-19, envolvendo o lado norte da Alameda de S. Dâmaso, o lado nascente do Toural e a Rua de Santo António, assim como a zona intra-muros.
Sobre a questão relacionada com o estudo do ruído, o Edil explicou que "foi um trabalho incluído na candidatura a Capital Verde Europeia", reconhecendo a dificuldade em conciliar os interesses dos moradores com a dos utilizadores do espaço classificado. "Temos de fazer com que se crie uma cumplicidade entre os moradores e aqueles que trabalham naquela zona", observou, fazendo questão de vincar que "não aceita a ideia" de que Guimarães é uma cidade insegura.

Reconhecendo que "têm ocorrido muitos pequenos furtos, com intrusão nos estabelecimentos, prejuízos e incómodos para os moradores", assim como actos de vandalismo praticados nos contentores de recolha de resíduos, o Presidente da Câmara insistiu na importância de resolver esse tipo de ocorrências, sublinhando: "Guimarães está no topo das cidades mais seguras do País", frisando que tem solicitado às autoridades policiais a atenção no combate à pequena criminalidade.

As repercussões resultantes da expansão da Cidade para novas áreas também mereceu o reparo de Domingos Bragança, sinalizando a urbanização da zona de Cães de Pedra, do Monte do Cavalinho e da mancha existente entre a Alameda da Universidade do Minho e a Rua de Pombais, considerando que resultará na "descompressão do Centro Histórico". "A Cidade está a alargar-se e isso terá impacto na dinamização das actividades económicas", considerou, comprometendo-se a dar continuidade, progressivamente, às medidas de condicionamento da circulação automóvel do Centro Histórico cuja implementação estava prevista quando começou a pandemia da Covid-19.

Na resposta ao Vereador do PSD, Domingos Bragança admitiu até a possibilidade de acabar com as barreiras que foram colocadas nos acessos à zona intramuros, considerando que o ideal seria que a sinalização luminosa bastasse. "Quero ir mais longe com o encerramento de todo o Centro Histórico ao trânsito, salvaguardando as cargas e descargas e o acesso dos moradores e veículos prioritários", apontou, ao lembrar que a construção do Parque Camões foi feita com o objectivo de "pedonalizar o centro da Cidade". "Mal a pandemia nos deixe, voltaremos a adoptar essa medida em diálogo com as estruturas representativas dos empresários e dos comerciantes, mas não é preciso fazer estudo nenhum: todas as cidades que encerram o trânsito os seus centros nevrálgicos cresceram muito no dinamismo da sua actividade comercial", concluiu.

 Texto publicado na edição desta quarta-feira, dia 19.01.2022, do jornal O Comércio de Guimarães

Marcações: Executivo vimaranense, Centro Histórico

Imprimir Email