«Bazuca» e futuro da mobilidade urbana em Guimarães em discussão na reunião do Executivo

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O futuro da mobilidade em Guimarães foi o assunto que dominou a reunião do Executivo vimaranense, realizada por videoconferência esta segunda-feira. A Oposição insistiu na necessidade de aproveitar os fundos da «bazuca europeia» do Plano de Recuperação e Resiliência, levando o Presidente da Câmara a assumir que o corredor ferroviário de alta velocidade é "uma oportunidade" para Guimarães ser "o portal" de ligação entre o litoral e o interior.
No período antes da ordem do dia, primeiro o Vereador do PSD André Coelho Lima, fez alusão ao interesse do grupo Barraqueiro que pediu o licenciamento de operador de transporte ferroviário através da empresa B-Rail – Mobilidade Ferroviária "para fazer a ligação Braga, Porto, Aveiro, Coimbra, Lisboa e Faro". "Guimarães passa ao lado desta preocupação", observou, assinalando que o Alfa Pendular "por força do período pandémico foi suspenso para Guimarães, mas continua a servir Braga". "Não sabemos se não será esta circunstância a levar a empresa privada a justificar interesse no ramal Porto-Braga", disse, observando que "assiste-se a uma interiorização de Guimarães" com que não pode "pactuar".

Depois, o Vereador do PSD Bruno Fernandes, após ter evocado o ano de 1884, "marcante na história do nosso concelho", defendeu que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) deve ser aproveitado por Guimarães como uma oportunidade "para fazer os investimentos que de outra forma não poderá realizar". "Ao ler o documento", anotou, verifica-se que "Guimarães tem apenas uma referência à via de ligação ao Avepark, projeto que já estava anunciado".
O representante social-democrata prosseguiu, referindo-se ao Plano Nacional de Investimentos 2030. "A referência numa primeira versão deste plano para o Metrobus de Guimarães a Braga desapareceu, estando agora previsto um bolo global de 200 milhões de euros para o desenvolvimento de transportes colectivos entre cidades de média dimensão", apontou, comentando: "Fica a sensação que Guimarães ficará a ver o comboio passar no meio de tantos milhões de investimentos previstos para os próximos anos", ao fazer uma alusão à anunciada ligação de Guimarães a Braga por tramway ou metro de superfície.
No entender de Bruno Fernandes, "se não conseguirmos, aproveitar esta bazuca estamos a atrasar o desenvolvimento, a perder centralidade para outros territórios, ficando de fora dos grandes investimentos que vão marcar as próximas duas décadas". “Tenhamos o arrojo dos vimaranenses de 1884, para que este plano não deixe de fora o nosso concelho”, pediu.

Em resposta às intervenções, o Presidente da Câmara salientou a importância da questão da rede ferroviária nacional, indicando que a Autarquia está empenhada nos sistemas urbanos de mobilidade, juntamente com o Município de Braga. "Um estudo prévio já foi elaborado pela Universidade do Minho. Agora seguem-se estudos por parte de cada Município que têm de resolver a sua área de mobilidade intra-urbana, de cada concelho. E Guimarães tem muito a fazer porque tem nove vilas", justificou, considerando estrutural para o Concelho a ligação à "futura estação de alta velocidade" que poderá ficar "entre Famalicão, Braga e Barcelos". "É preciso fazer essa articulação para Guimarães ser a porta de entrada. Temos uma enorme oportunidade, porque seremos o portal de entrada de todo o interior ao eixo de alta velocidade e ao litoral do País”, considerou durante a sessão. "Não somos litoral, nem interior, mas estamos a meia hora do mar. Podemos ter a vantagem de chamar a nós a centralidade, aproximando do eixo de alta velocidade. Contamos com o PRR e com os fundos comunitários", acrescentou Domingos Bragança.

O Autarca assinalou que não está inscrita nenhuma verba no PRR para os sistemas de mobilidade urbana porque "sem maturação, sem um nível de projectos já elaborados, não podíamos ir a um plano que precisa até 2025-26 para executar obra". "Na área da mobilidade urbana, haverá uma autêntica revolução no território. É preciso estudos, o debate público com a população vimaranense, a elaboração dos projectos e depois as candidaturas aos fundos comunitários", continuou, adiantando que "teremos de ter as candidaturas aprovadas em 2024 para que possamos avançar para a aquisição de terrenos". "Durante esta década de 2020-30 poderemos ter uma revolução completa na mobilidade urbana", frisou. “São 200 milhões de euros, mas até podem ser 400 milhões. Precisamos é de apresentar bons projectos. Ninguém nos vai dar nada! Temos de continuar a trabalhar muito para conseguirmos", referiu, ao revelar que o Município contará com um estudo do Prof. Álvaro Costa, "um dos melhores especialistas nesta área, complementar ao da Universidade do Minho, e mais dedicado à realidade do concelho de Guimarães". "Se não desenvolvermos os estudos, se não promovermos o debate com a sociedade vimaranense, se não estabilizarmos o que queremos com projectos e candidaturas há-de passar a década e não conseguimos fazer nada. Até 2024, o trabalho será decisivo para a alteração da mobilidade urbana", sustentou.

Referindo-se directamente à questão levantada por André Coelho Lima, Domingos Bragança explicou que já reuniu com um responsável da CP, obtendo a garantia de que as ligações de Alfa Pendular serão retomadas quando a crise pandémica o permitir, considerando que "a empresa Barraqueiro está a seguir a coluna vertebral do sistema ferroviário português".

O Autarca apontou que o Plano de Recuperação e Resiliência "reforça que a via do Avepark é uma via estruturante do Parque de Ciência e Tecnologia. Vamos avançar para a segunda fase mal esteja concluído, dentro de uma ou duas semanas, o desnivelamento em Silvares".

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