Curtir Ciência de Guimarães está fora da Rede Nacional de Centros Ciência Viva

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O "Curtir Ciência" já não integra a Rede Nacional de Centros Ciência Viva. A informação foi confirmada na reunião do Executivo vimaranense desta segunda-feira, após a questão ter sido colocada pelo vereador do PSD, Ricardo Araújo.

Numa sessão desta segunda-feira, presidida por Adelina Paula Pinto, no período antes da ordem do dia, o vereador Ricardo Araújo afirmou ter sabido que o Curtir Ciência não integrava a rede nacional, na sequência de uma auditoria realizada no final do ano passado. "É verdade? Quais são os motivos?", indagou o representante social-democrata.

Na resposta, Adelina Paula Pinto confirmou que a decisão foi comunicada à Associação, afirmando que prontamente foi efectuada uma exposição dando conta da "tremenda injustiça" a retirada da marca àquele equipamento, "independentemente das questões das instalações que levantam problemas, por causa da mobilidade, porque é um edifício antigo".

A Presidente em exercício revelou a existência anteriormente de "uma sensação de desconforto" com a Agência Nacional que saiu da direcção do Curtir Ciência por causa da adopção do Sistema de Normalização Contabilística para as Administrações Públicas (SNC-AP). "Optamos por celebrar um contrato-programa com o Curtir Ciência e, ao que parece, os restantes centros de ciência viva funcionam por aquisição de serviços", comentou, insistindo que o Curtir Ciência "apesar das limitações do espaço tem cumprido o seu papel na divulgação da ciência", ao dar o exemplo do projecto "Escola Ciência-Viva" em que dezenas de turmas participaram em actividades.

"É injusto", insistiu, reconhecendo em termos práticos a decisão de retirada da rede não permitirá ter "os dois professores destacados" e não será possível integrar as candidaturas conjuntas a financiamento europeu, tendo que a associação candidatar-se "a título isolado".

O vereador do PSD interveio para lamentar que a informação não tenha sido partilhada "com esta transparência quando foi anunciada a decisão". "Se há uma reversão num protocolo que veio à reunião de câmara, essa informação deveria ser transmitida neste órgão", disse Ricardo Araújo, acrescentando: "há uma ocultação por motivos políticos, porque a decisão foi tomada pelo Governo socialista, antes das eleições legislativas". "Queremos saber o que diz a auditoria", garantiu, considerando que o processo do Curtir Ciência "nasceu torto e ainda pensou que se iria endireitar".

Adelina Paula Pinto declinou qualquer tentativa de "falta de transparência ou de ocultação", argumentando que o Reitor da Universidade do Minho está a envidar esforços junto do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. "Optei por não divulgar enquanto estão a decorrer os processos negociais liderados pelo sr. Reitor. Não era o tempo certo para o fazer. Estamos a fazer tudo para ultrapassar a situação, porque não se justifica o Curtir Ciência estar fora da Rede Nacional", continuou.

"Independentemente de reconhecermos que alguns dos equipamentos já estavam obsoletos, estamos a compensar e tínhamos imensas actividades quer no Centro, quer no exterior, quer na relação com as escolas, e o objectivo de promoção de ciência estava completamente a ser cumprido", referiu.

"A Agência Nacional considera que não reúne as condições e que está disponível a rever o processo a partir do momento em que nós tenhamos o novo edifício construído. A nossa proposta é a de que não faz sentido perdemos a marca e iremos avançar para a construção do novo edifício, tal como sempre foi dito, porque as condições da antiga Fábrica Âncora apresentam as suas limitações", salientou Adelina Paula Pinto.

"O que nos levou a não publicar isto é porque está a decorrer um processo de negociação. O sr. Reitor está a tratar do assunto com o sr. Ministro. Não há nenhum segredo. O Centro continua aberto, a funcionar, a realizar as suas actividades e o que tem programado. É um processo que nos deixa tristes e com um sentido de injustiça porque tudo começou com a questão do Sistema de Normalização Contabilística para as Administrações Públicas (SNC-AP), que não é uma imposição da Câmara de Guimarães, é uma imposição nacional, em que os organismos públicos devem fazer a sua contabilidade segundo esse regime. Todos fazemos: o Município, o Laboratório da Paisagem, a Oficina. E ficamos surpreendidos porque é que a Agência Nacional que tem verbas do Orçamento de Estado não tem de colocar, mas não está obrigada porque é uma associação privada. Continuaremos a trabalhar e a promover ciência, com o projecto de termos um novo edifício", concluiu.

Marcações: reunião camarária, Curtir Ciência

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