Vereação de Guimarães aprovou por unanimidade voto de pesar pela morte de João Cutileiro
"O escultor João Cutileiro faleceu no dia 05 de janeiro, aos 83 anos, deixando um legado de enorme relevância no mundo das artes e, em particular, na cidade de Guimarães. Foi o autor da obra de D. Afonso Henriques, inaugurada em 2001, que se encontra no Largo da Misericórdia, considerada um “símbolo da contemporaneidade” no Centro Histórico medieval.
Além de outros trabalhos e exposições na Cidade-Berço, João Cutileiro foi homenageado em Guimarães em 2018, aquando da abertura da exposição das suas obras no Centro Internacional das Artes José de Guimarães, representativa da sua ampla influência na arte portuguesa dos anos 1960 a 1990 e, ainda, uma mostra de obras inéditas em cartão, incluindo maquetas de trabalhos públicos projetados e construídos em Portugal e no
estrangeiro.
Nascido a 26 de junho de 1937, em Lisboa, João Pires Cutileiro viajou constantemente durante a infância e adolescência, devido à profissão do pai, José Cutileiro, médico da Organização Mundial de Saúde. Com apenas nove anos, em 1946, acedeu ao atelier do artista plástico, ator e escritor António Pedro que o convidou para aí desenhar. É neste local, durante dois anos, que contacta com artistas, escultores e críticos, interessados no
Surrealismo.
Seguiu-se, nos anos de 1949 a 1951, a frequência do estúdio do pintor e ceramista Jorge Barradas, onde aprendeu a modelar, pintar e executar vidrado de cerâmica, mudando-se depois para o atelier de António Duarte, onde trabalhou dois anos como assistente de canteiro. Foi neste período que Cutileiro se iniciou no tratamento da pedra, pois o seu trabalho no ateliê de António Duarte era o de ampliar os modelos do mestre canteiro, passá-los a gesso, e traduzir esses gessos para o mármore. Com apenas 14 anos, em 1951, João Cutileiro fez a primeira exposição individual.
Em 1983, João Cutileiro foi condecorado como Oficial da Ordem de Sant’Iago da Espada. Receberia ainda o doutoramento Honoris Causa pela Universidade de Évora e da Universidade Nova de Lisboa. Por ocasião da atribuição da Medalha de Mérito Cultural, o Ministério da Cultura destacou o escultor como um dos mais singulares artistas portugueses do século XX. O seu trabalho marcou decisivamente a paisagem artística e cultural em Portugal a partir do final dos anos 50 e início dos anos 60.
Em 1990, a Fundação Calouste Gulbenkian dedicou-lhe uma exposição antológica, e, desde então, sucederam-se várias mostras individuais, em Portugal e no estrangeiro, desde Bruxelas, Luxemburgo, Guimarães, Almansil, Évora, Lisboa e Lagos.
Em 2018, o Centro Internacional de Arte José de Guimarães mostrou a “Constelação Cutileiro”, uma exposição sobre o impacto do escultor na arte contemporânea portuguesa, através de artistas como Charrua, Joaquim Bravo, Álvaro Lapa, António Palolo, Manuel Rosa, José Pedro Croft.
Nesta hora de pesar, a Câmara Municipal de Guimarães apresenta as mais sentidas condolências e, através do presente voto de pesar, transmite-as à restante família".
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