Rotinas do Verão
Com a chegada do Verão repetiram-se os acontecimentos que habitualmente caracterizam esta época anual.
Os fogos, no início deste verão, não atingiram felizmente, as dimensões do costume, graças não à prevenção mas às favoráveis condições meteorológicas de um inverno e de uma primavera particularmente chuvosos que deixaram os solos e a massa vegetal muito pouco seca. Contudo, nesta parte final, observaram-se condições severas como as que hoje mesmo estamos a assistir, espoletando vários incêndios no fim de semana, que continuam ainda a ocorrer, os quais, só em dois dias, fizeram com que ardesse tanto como durante todo o resto do ano.
Depois de tantos estudos feitos sobre esta matéria nos quais são identificados alguns importantes passos a dar, com especial destaque para a necessidade da implementação de uma gestão agroflorestal adequada, continua a não haver vontade e coragem política para a resolução desta calamidade que todos os anos nos bate à porta.
Depois, e como não poderia deixar de ser, mais uma vez vieram ao de cima as dificuldades do sistema nacional de saúde, com vários serviços de urgência fechados, sobretudo os da especialidade de obstetrícia, agravando o número de partos ocorridos em ambulâncias, fruto da inexistência de um planeamento adequado dos períodos de férias dos vários técnicos hospitalares - médicos, enfermeiros e auxiliares - e consequência ainda daquela célebre redução dos horários das 40 para as 35 horas semanais que António Costa reverteu e que na altura mereceu, do seu ministro das finanças Mário Centeno, a garantia de que tal redução não traria qualquer efeito em termos orçamentais, como se uma redução de 12,5 % do tempo de trabalho não implicasse, necessariamente, ou mais pessoal, ou mais horas extraordinárias.
Com mais tempo disponível, também os militantes partidários repetiram as habituais iniciativas desta época, aquecendo os motores para o novo ano político, seja com a realização das “universidades de verão” para os “jotinhas”, uma espécie de formação acelerada como preparação para novos voos e responsabilidades e como prémio e estímulo para reforço do trabalho partidário, seja pela realização das chamadas “rentrées partidárias”.
Neste especial verão, fruto dos resultados eleitorais ocorridos nas eleições legislativas de Março nas quais a Aliança Democrática PSD/CDS, tendo vencido por uma ligeira margem e excluído o entendimento com o partido da extrema-direita CHEGA, ficou dependente da abstenção do Partido Socialista na aprovação do orçamento do próximo ano, assistimos e continuamos ainda a assistir, na praça pública, à novela das negociações políticas para a aprovação do orçamento para 2025.
Se é triste assistir às cenas patéticas e aos argumentos sem substância de alguns partidos extremistas como o Chega, que tudo fazem para conseguir algum palco, deixando desenhadas atitudes que se assemelham à das baratas tontas quando perdem a orientação, mais triste ainda é ver o comportamento dos actuais responsáveis nacionais do Partido Socialista, sobretudo do seu secretário-geral Pedro Nuno Santos que vêm diariamente para a praça pública trazer, não as preocupações que os deveriam apoquentar, isto é, ajudar na resolução dos grandes problemas que afetam o país e que ele próprio e o seu partido não conseguiram solucionar ao longo dos oito anos em que governaram, antes mesmo os agravaram, como tentam mesmo impedir o novo governo de levar por diante o seu projecto próprio, aguardando, com recato, o resultado da execução de tais projectos.
Na verdade, caso fosse mesmo sua intenção defender os verdadeiros interesses do país, não deveria vir, diariamente, para a praça pública, com ameaças e dar lições de procedimentos correctos, logo ele que conta no seu currículo de militante e membro do governo um sem-número de atitudes arrogantes, inconscientes e insensatas que provocaram enormes prejuízos ao país.
Bem razão teve António Costa ao tentar travar a ascensão deste jovem, um autêntico Jeremy Corbyn português, que arrasta consigo uma equipa do mesmo estilo, constituindo uma verdadeira ameaça para o Partido Socialista e, por essa mesma razão, uma ameaça para Portugal, capaz de pôr as pernas a tremer não só dos banqueiros alemães como as do sensato povo português.
Guimarães, 16 de Setembro de 2025
António Monteiro de Castro