Secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade alertou: "Combate às alterações climáticas é o maior desafio do século XXI"
"É o momento de cada um de nós agir para salvar o mundo!" O desafio foi lançado esta terça-feira pelo Secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade, José Mendes, durante as IV Jornadas de Materiais, dedicadas ao tema “Engenharia verde e sustentável”, na Universidade do Minho.
O governante apontou "o combate às alterações climáticas" como o "desafio do século XXI", apelando ao envolvimento dos participantes na iniciativa organizada pelo Núcleo de Estudantes de Engenharia de Materiais. "Se não formos capazes de atacar este desafio nos próximos anos, provavelmente teremos aquilo que foi a chamada de atenção do acordo de Paris teremos um planeta a chegar ao fim do século XXI com uma temperatura 3º, 4º, 5º graus, dependendo da geografia, acima do que era a temperatura média do período pré-industrial", avisou, comentando: "não acredito que o ser humano possa sobreviver se estiver muitos dias com a temperatura acima dos 36º e isso poderá ter que acontecer no período de adaptação muito curto, que seria daqui até ao final do século, o que é insustentável".
"Temos de combater o aumento da trajectória da temperatura global e, para tal, temos de controlar o factor de acumulação de calor no Planeta, que são as emissões de gases de efeitos de estufa", disse, aludindo ao desafio do Acordo de Paris para que até ao final do século XXI ser possível "controlar o aumento de temperatura até ao máximo absoluto de 2º centígrados face aos níveis pré-industriais, embora o desejável seja até 1, 5º graus centígrados, no máximo".
O Secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade reconheceu o atraso "na limitação da libertação de gases de efeitos de estufa", advertindo que a situação actual poderá resultar "em problemas irreversíveis". "Os impactos crescem mais depressa do que o aumento da temperatura e a diferença entre o aumento médio da temperatura no Planeta de 1º grau ou 2º é muito grande, não é linear", alertou, referindo que Portugal, o Governo assumiu o "objectivo de avançar para a neutralidade carbónica em 2050".
Para atingir esse desígnio, José Mendes indicou que é fundamental "uma substancial redução das emissões de gases de efeitos de estufa até a um patamar que pode ser absorvido pelos mecanismos naturais ou artificiais (que venham a acontecer) de captura de carbono, nomeadamente pelas florestas e espaços verdes".
Referindo que o objectivo traçado para 2050 deu origem ao roteiro da neutralidade carbónica, o governante apontou que estão previstas "trajectórias de redução de gases de efeito estufa em diferentes sectores: na energia, nos transportes, resíduos, florestas e agricultura, com lógicas de economia circular, fazendo mais circularidade a todos os processos de transformação". "Não se perde nada, mas transforma-se... E tem de ser no sentido de gerar menos gases de efeitos de estufa!", continuou.
"O objectivo até 2050 é reduzir entre 85 e 90 as emissões de gases de efeitos de estufa, ou seja reduzir os cerca de 68 mega toneladas de emissões anuais de CO2, que se geram em Portugal - que exclui a navegação e a aviação - para um valor entre 8 e 12 mega toneladas. "Este é o valor que, acreditamos, vai ser possível capturar por via das nossas florestas e do uso do solo. Mesmo assim, para capturar até ao máximo de 12 mega toneladas em 2050 temos de ter um programa de desenvolvimento do sector florestal que é um programa importante e exigente", defendeu, considerando que "é preciso passar à acção".
"A Academia que gera conhecimento e deve estar muito próximo da indústria. As relações entre a Universidade e indústria são absolutamente chave num processo de transição de tecnologias", sustentou, dando o exemplo pioneiro do recinto desportivo - Arena de Amesterdão, na Holanda - que é "auto-suficiente e vende energia, graças à tecnologia".
"O tempo é de acção e não apenas de diagnóstico", insistiu, citando palavras de Almada Negreiros: "'quando nasci, a maior parte das frases que iriam salvar o mundo já estavam escritas, faltava mesmo só salvar o mundo'. O momento é de passarmos à acção, cada um de nós na sua esfera de actividade e de competência, pode contribuir para salvar o mundo".
Na sua intervenção, o Presidente da Câmara de Guimarães agradeceu o envolvimento dos alunos por estarem mobilizados "na reflexão, no aprofundamento e na estruturação do conhecimento científico para que o futuro seja sustentável". "É um processo que apela à nossa resiliência porque a missão é termos um território com desenvolvimento sustentável", vincou Domingos Bragança, reconhecendo que "o caminho é longo" e para serem atingidas as metas "é preciso tempo". "O conhecimento tem de ser transferido para a comunidade", continuou, aludindo ao Plano de Desenvolvimento Sustentável 2030, numa convocatória em que foi chamada a participar a Universidade do Minho com os seus "centros de saber, bem como toda a comunidade".
Felicitando a organização pelo tema das jornadas, o Autarca desafiou os jovens a aprofundarem o conhecimento com a ideia de que "nada se deve perder na natureza e no respeito da vida em harmonia com a natureza", referindo-se em especial à importância de valorizar os resíduos têxteis. "O conhecimento vai progredir para resolver os desafios do futuro, para que o amanhã seja melhor do que o passado. Confio na capacidade dos jovens para encontrarem respostas para os novos problemas", afirmou.
Marcações: Guimarães, UMinho, Presidente da Câmara de Guimarães, Secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade, alterações climáticas