Vitória SC 1922-2022: cem anos de uma paixão imensa

O Vitória SC celebra esta quinta-feira mais um momento de glória, com a comemoração do seu centenário. Desde 1922 até à actualidade, dirigentes, jogadores de diferentes modalidades e os adeptos alimentam a paixão que faz vibrar toda a comunidade.
Criado no período em que o desenvolvimento da indústria têxtil transformou o concelho, o Vitória depressa se tornou o símbolo maior do nosso concelho. Conheça os principais marcos da história do clube, através do texto que acompanha a exposição dedicada ao centenário patente no Arquivo Municipal Alfredo Pimenta.

1922-1942

Quando o primeiro campeonato nacional de futebol arrancou, em 1921/22, não havia em Guimarães clubes organizados, apenas existiam grupos informais de futebolistas, nem existia um campo de jogos em condições, os jogos disputavam-se em terrenos junto ao Cemitério da Atouguia.
A ideia de se criar um clube terá “nascido” na Chapelaria Macedo, onde se reunia uma tertúlia especializada em futebol, impulsionada por António Macedo de Guimarães, um profundo conhecedor do futebol. A primeira referência ao Vitória Sport Clube data de 17 de dezembro de 1922 no jornal “Ecos de Guimarães”, que anunciava um jogo no Campo da Atouguia entre o Vitória Sport Clube e o Maçarico Sport Clube da Póvoa de Varzim. Em 1923, o Vitória SC inscreveu-se na Associação de Futebol de Braga, fundada em 1922, para poder participar no campeonato distrital. Eram tempos de hegemonia do Sporting de Braga.
O Vitória SC venceu o seu primeiro título de campeão distrital, em 1934 e repetiu esta
conquista, entre 1936 e 1942 e, ainda, foi campeão do Minho, entre 1938 e 1941. Para estes sucessos contribuiu de forma decisiva Alberto Augusto, futebolista internacional e um grande conhecedor do jogo, que na dupla função de treinador e jogador tornou o Vitória SC a potência dominante no distrito de Braga.
Na época de 1941/42, o Vitória SC cumpriu um sonho antigo, no campo da Constituição, no Porto, venceu o União de Lamas e subiu à I Divisão Nacional. Para abrilhantar ainda mais essa época, o Vitória SC atingiu, pela primeira vez na sua história, a final da Taça de Portugal. O jogo disputou-se no Campo do Lumiar, em Lisboa, frente ao Belenenses, que venceu o Vitória SC por 2-0.

1942-1962
Entre 1942 e 1946, o Vitória SC foi sucessivamente campeão distrital e campeão Minho, assumindo uma hegemonia total na região, batendo recordes de invencibilidade e somando goleadas.
No campeonato nacional, o objetivo primordial passava pela manutenção no escalão máximo, algo que foi sempre conseguido com muita facilidade, tendo mesmo atingido um 6º lugar, a melhor classificação até então, na época de 1948/49.
Nas épocas seguintes, o Vitória SC perdeu fulgor, por várias vezes esteve na iminência de descer de divisão, algo que acabou por se concretizar na época de 1954/55.
O Vitória SC demoraria 3 anos a subir de divisão. Foram anos de grande fervor clubístico e de um apoio permanente dos vitorianos nos jogos. O regresso à I Divisão aconteceu na época de 1957/58, pela mão do técnico Fernando Vaz. Nos jogos de passagem frente ao Salgueiros, o Vitória SC venceu em Paranhos e empatou na Amorosa.
Neste seu regresso à I Divisão, o Vitória SC tinha como objetivo alcançar os primeiros lugares da classificação, para tal foram contratados os brasileiros Edmur e Carlos Alberto que, juntamente com Ernesto Paraíso, chegado em 1955, formaram um tridente de sonho, ainda hoje recordados, com saudade, por quem teve o privilégio de os ver jogar.
O Vitória SC terminou a época de 1958/59 em 5º lugar e na época 1960/61 atingiu o 4º lugar, a melhor classificação até então. Foram anos de afirmação do Vitória SC.

1962-1982
A década de 60 marcou a afirmação definitiva do Vitória SC entre os «grandes» do futebol português. Na época de 1962/63, assistimos a uma revolução no plantel. O Vitória SC transferiu o jovem Pedras, o primeiro internacional júnior do clube, e Augusto Silva para o SL Benfica e recebeu em troca, para além de um valor monetário, 7 jogadores, alguns dos quais marcariam a década vitoriana de 60, como foram os casos de Manuel Pinto, Mendes (Pé Canhão) e Peres. O Vitória SC terminou o campeonato em 6º lugar e disputou, pela segunda vez na sua história, a final da Taça de Portugal frente ao Sporting. Os leões venceram por 4-0.
Na época 1963/64, conquistou o 4º lugar no campeonato, feito que repetiu em 1965/66, em que se destacou a dupla atacante Mendes e Djalma. Na época de 1968/69, o Vitória SC, liderado por Jorge Vieira, alcançou o 3º lugar, a melhor classificação de sempre. Na época seguinte, estreia-se nas competições europeias frente ao Banik Ostrava da Checoslováquia, sendo eliminado pelos ingleses do Southampton.
A década de 70 foram anos de campeonatos tranquilos, vários 6º lugares, sempre longe dos lugares europeus. A melhor classificação foi um 5º lugar na época 1974/75, tendo terminado a prova como o melhor ataque do campeonato, fruto da capacidade goleadora de Jeremias e Tito.
Na época 1975/76, o Vitória SC alcançou, uma vez mais, a final da Taça de Portugal. O jogo disputado no Estádio da Antas, frente ao Boavista, resultou numa derrota por 2-1, fruto de uma arbitragem muito contestada pelos vitorianos.
Em 1980 chegou ao Vitória SC uma equipa técnica liderada por José Maria Pedroto,
acompanhado por Artur Jorge e António Morais, que projetou o clube para patamares de ambição que pareciam reservados aos grandes. O clube alcançou um 5º lugar em 1980/81 e um 4º em 1981/82.

1982-2002
A década de 80 trouxe excelentes classificações, uma extraordinária participação europeia ainda hoje recordada, na época de 1986/87, e a conquista do primeiro título nacional.
Em 1982/83, o Vitória SC voltou a repetir o 4º lugar da época anterior e o direito de participar na Taça UEFA. Depois de duas épocas frustrantes em termos classificativos, a época de 1985/86 recolocou o Vitória SC no 4º lugar do campeonato nacional. Foi o primeiro ano daquele que marcou gerações de vitorianos: Paulinho Cascavel.
Seguiu-se aquela que é para muitos vitorianos é a melhor época do clube e a melhor equipa que vestiu de branco. O Vitória SC fez uma época espetacular, tendo claudicado no final, fruto do desgaste e da pouca profundidade do plantel. Terminou o campeonato no 3º lugar, igualando a melhor classificação de sempre, e atingiu os 4º de final da Taça UEFA, a melhor prestação europeia até hoje.
Em 1988, após uma época atípica, o Vitória SC marcou presença na final da Taça de Portugal, diante do FC Porto, que venceu por 1-0. Entretanto, passados uns meses e frente ao mesmo adversário, o Vitória SC conquistou a Supertaça Cândido de Oliveira, o primeiro título nacional.
Os anos 90 ficaram marcados pelos quatro apuramentos sucessivos para a Taça UEFA, entre 1994 e 1998, pelas grandes noites europeias diante da Real Sociedad e do Parma, por uma “asa direita” de sonho constituída por José Carlos, Vítor Paneira e Capucho, pelo carisma de Quinito, um treinador que deixou muitas saudades, e pela conquista de dois títulos nacionais do futebol de formação: campeões de juniores em 1990/91 e de iniciados em 1995/1996.

2002-2022
A entrada no séc. XXI trouxe uma montanha-russa de emoções. O Vitória SC regressou à Europa, após 6 anos de ausência, na época de 2005/2006, fruto de um 5º lugar alcançado na época anterior. A época aguardada com elevadas expectativas, fruto de uma profunda revolução no plantel e do regresso do técnico Jaime Pacheco, revelou-se uma tremenda desilusão e terminou da pior maneira com a impensável descida de divisão, após 48 anos entre os “grandes”. Os adeptos despediram-se da equipa ao som de um sentido “Vitória até Morrer”.
A época 2006/007, ao contrário do que se esperava, não foi nada fácil. Apenas a chegada do experiente Manuel Cajuda, à 13ª jornada, impulsionado pela inabalável fé vitoriana, fez com o Vitória SC encetasse uma recuperação miraculosa. Na penúltima jornada, em Gondomar, com um estádio abarrotado de vitorianos, consumou-se o regresso à I Divisão e o Toural encheu-se para festejar.
“O regresso do Rei”, na época 2007/2008, fez-se tendo por base a equipa da II Liga e alguns jogadores com experiência da I Liga. O Vitória SC praticou um excelente futebol que culminou num 3º lugar e no acesso à pré-eliminatória da Champions League. Nesta altura, os sonhos dos vitorianos não tinham limites.
As épocas seguintes não confirmaram as expectativas vitorianas, a dura e “mentirosa”
A eliminação frente ao Basileia, seguidas de épocas decepcionantes foram um duro golpe. Em 2011, o Vitória SC alcançou o 5º lugar, o “passaporte” para mais uma classificação europeia, e atingiu a final da Taça de Portugal, onde foi derrotado pelo FC Porto por 6-2.
Passados apenas dois anos, o Vitória SC regressou ao Jamor para defrontar o Benfica, no dia 26 de maio de 2013, “a mais bela tarde vitoriana”. O Vitória SC, liderado por Rui Vitória, com um plantel extremamente jovem, com vários jogadores formados na sua academia, venceu o Benfica e imortalizou o nome do clube entre os vencedores da Taça de Portugal. Na época 2013/2014, o Vitória SC conquistou o título que lhe faltava na formação, o campeonato nacional de juvenis.
Nos últimos anos 6 anos, o Vitória SC atingiu 3 classificações europeias, a última na época 2021/2022, e mais uma Final da Taça de Portugal, em 2017, novamente frente ao Benfica, mas a vitória sorriu, desta vez, aos encarnados por 2-1.

Agradecimento: Arquivo Municipal Alfredo Pimenta


Marcações: centenário, Vitória Sport Clube, Centenário Vitória SC

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