Nélson Felgueiras: "Pevidém tem de facto um projecto muito ambicioso e interessante"

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O novo responsável pelo pelouro do Desporto da Câmara Municipal de Guimarães tem ainda poucos meses de trabalho, mas já percebeu claramente a dimensão do tecido desportivo vimaranense e as exigências associadas. Numa grande entrevista ao DESPORTIVO de Guimarães desta semana, Nélson Felgueiras toca várias temáticas, aborda casos concretos e as linhas orientadoras para um mandato em que pretende que a dinâmica desportiva no Concelho saia ainda mais reforçada.

Há dois clubes com projectos ambiciosos e que têm reclamado o apoio da Autarquia. O Pevidém chegou à Liga 3 mas não tem condições para poder disputar os seus jogos em casa. Existe já um projecto, como é que está esse processo?: "Estive há alguns dias com a Direcção do Pevidém para conversar sobre o projecto e sobre as suas ambições. O clube foi crescendo e tem que haver uma modernização e acompanhamento das condições. É de facto um projecto muito ambicioso e interessante. A reunião foi bastante produtiva, a Direcção ficou atenta à questão de que o projecto tem de dar resposta às necessidades competitivas que o clube tem, mas também às necessidades da formação. O clube está a fazer esse trabalho em diálogo permanente com a Câmara Municipal e queremos que haja ali um projecto viável, quer do ponto de vista temporal, quer financeiro".

Sendo certo que a Autarquia será apenas um parceiro?: "Há um acompanhamento muito forte por parte da Câmara, mas devemos convocar o conjunto da comunidade para também participar na vida dos clubes. Isso é fundamental e essa capacidade e competência passam mais pelos clubes, que devem conseguir captar investidores da própria comunidade. Devemos criar dinâmicas fortes de mobilizar o conjunto da comunidade à volta dos clubes, porque só assim são sustentáveis e fazem sentido. Caso contrário estamos a apostar em projectos isolados em ilhas, que depois não têm correspondência nem continuidade, mas que antes se fazem à volta de epifenómenos. Há clubes em Guimarães com décadas, o que significa que o tecido desportivo foi crescendo em conjunto com a comunidade e com a participação daqueles que integram as freguesias e os movimentos associativos".

A solução do Berço pode passar pela reabilitação do Campo de Sande São Lourenço?: "O Berço é um projecto bastante aliciante na sua génese, com uma natureza diferente, com um âmbito puramente competitivo. Mas entretanto tem feito uma trajectória de crescimento e de alargar esta base. Neste momento tem escalões de formação e esta ramificação para a comunidade começa a acontecer. Existe a expectativa legítima de encontrar um espaço que dê resposta às suas necessidades. Há vários cenários em cima da mesa e a questão de São Lourenço é um deles. Estamos a estudar em conjunto com o clube e com outras entidades envolvidas qual será a melhor resposta.
No topo da pirâmide do imenso tecido desportivo vimaranense está o Vitória. É, por razões óbvias, o clube que mais ‘dores de cabeça’ dá à Autarquia quando estamos a falar da necessidade de ampliar os seus espaços físicos?
É inegável que do ponto de vista da expressão da comunidade vimaranense, o Vitória é o clube que mais representatividade tem. O Moreirense também disputa a 1ª Divisão e temos outros clubes que disputam as divisões máximas, mas o Vitória é o maior cartão de visita de Guimarães. Claro que isso coloca desafios enormes, numa escala que outros clubes não colocam. Temos dialogado bastante, sobretudo ao nível da dimensão das modalidades".

E aqui estamos sobretudo a falar da tal exiguidade de espaços?: "Sim. A Câmara Municipal tem tentado encontrar soluções para as necessidades. Há um trabalho de identificação dos equipamentos que estão à disposição da Autarquia, nomeadamente pavilhões. Tentamos colocá-los ao serviço dos clubes e a curto/médio prazo tenho a expectativa de fazer uma revisão geral dessa utilização dos equipamentos desportivos. A partir de Março teremos uma alteração relevante do ponto de vista prático relacionada com o sector da Educação. Isso abre uma janela de oportunidade para revisitarmos o modelo que temos em Guimarães. Entre escolas EB 2, 3 e Secundárias temos cerca de 20 pavilhões desportivos e a minha vontade é que olhemos para um modelo que dê resposta às necessidades dos clubes".

Esse modelo já vai permitir, nomeadamente, a anunciada articulação com a Escola João de Meira?: "A minha expectativa é que vise dar essa resposta, sendo certo que teremos de encontrar soluções que não concentrem todos os clubes aqui no centro da Cidade. A dinamização da prática desportiva deve acontecer em todo o Concelho. Mas esta revisão tem de ser ainda mais ambiciosa e uma plataforma para a prática desportiva não formal, não integrada nos clubes. Os últimos números mostram-nos que apenas 3 em cada 10 portugueses praticam Desporto e desses 3 apenas um o pratica em clubes. É responsabilidade da Câmara Municipal, enquanto entidade que deve promover a prática desportiva, criar os mecanismos e os espaços para aqueles que praticam actividade física fora dos clubes".


Marcações: Câmara Municipal de Guimarães, Pevidém Sport Clube

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