Artes e ofícios tradicionais renascem nos Fornos da Olaria da Cruz de Pedra

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A reabilitação dos antigos Fornos de Olaria da Cruz de Pedra vai criar um pólo de divulgação das artes e ofícios tradicionais, numa exaltação do "saber fazer vimaranense".

Inaugurado no âmbito das comemorações do 24 de Junho, o edifício dispõe de uma componente museográfica que permite compreender a evolução de alguns dos mais importantes mesteres tradicionais, assumindo destaque a olaria - com a conservação e recriação da antiga oficina ligada à icónica "cantarinha dos namorados" - e outras três áreas intrinsecamente ligadas ao passado laborioso da comunidade vimaranense: os curtumes, as cutelarias e os têxteis.

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"Espero que a comunidade goste e use o melhor possível este novo equipamento", afirmou o arquitecto Filipe Silva, na intervenção que fez na cerimónia de inaugural, explicando a preocupação em "preservar a memória da pré-existências, que resistiram ao longo dos tempos sofrendo pequenas variações: a casa principal, onde funcionava a oficina no piso zero, e a habitação no piso superior; o telheiro que protegia parte o forno; e o antigo armazém de olaria, que funcionou como oficina".

"O edifício foi reabilitado, mantendo-o como ele era, com recurso a metodologias construtivas tradicionais", salientou, justificando a intervenção "mais contemporânea, na zona onde vão funcionar as oficinas criativas, criando um edifício novo, em que se procura ir buscar a memória do antigo armazém". "É uma intervenção nova a pensar e a cuidar a memória do edifício", frisou, indicando que privilegiou-se a criação de espaços exteriores com qualidade, "confortáveis para que não só no interior, mas também no exterior possam fazer actividades, aproveitar o bom tempo, organizar actividades pedagógicas". "Imaginamos este edifício como uma peça não rígida, podendo no futuro ser usado de maneiras diferentes porque ele foi pensado com flexibilidade", acrescentou.

Susana Milão, responsável pelo projecto de museografia e museologia desenvolvido pela "Ideias Emergentes", destacou a coordenação científica de Isabel Fernandes, e a colaboração de Joana Sequeira (têxteis), Elisabete Pinto (curtumes) e Manuel Martins (cutelarias), permitindo "em equipa um diálogo com o edifício, no sentido de identificar algo que tivesse relação directa com o espaço oficinal e tivesse a componente museográfica e histórica que nos permitisse recuar no tempo, de forma a estimular o conhecimento de sectores tão importantes do passado". "Esses conteúdos estão disponíveis para serem utilizados em projectos de pedagogia, pelo serviço educativo, na dinamização de actividades na área cultural e artística", apontou, ao vincar: "acreditamos que os projectos de museografia devem ser pontos de partida para a realização de atividades e esse foi o propósito que nos orientou".

A arquitecta destacou a "possibilidade da reversibilidade" do conteúdo expositivo, realçando que a reabilitação permitiu "pensar como o edifício irá perdurar no tempo", adaptando-se à dinâmica das comunidades.

O Presidente da Câmara reconheceu a qualidade da intervenção que a partir da reabilitação dos fornos de olaria permitiu recuperar as memórias de outros ofícios. "É um dever que temos o de conhecer e divulgar a nossa herança histórica. Guimarães duplicou a área classificada pela UNESCO com a distinção da Zona de Couros, em setembro do ano passado. É uma responsabilidade e um compromisso que temos", sustentou Domingos Bragança, fazendo questão de manifestar o seu apreço pela presença na cerimónia de Manuel Meneses, de 95 anos, "o mestre que faz da olaria uma arte e que é um exemplo de longevidade, a demonstração de que esta actividade dá saúde e bem-estar".

O Presidente da Junta de Creixomil enalteceu o simbolismo da inauguração, numa zona da freguesia onde o Município está empenhado na reabilitação e refuncionalização de outros espaços. "É importante olhar para este cantinho de Creixomil como uma extensão de Cidade e esta obra é reveladora do que está a ser feito na componente mais urbana da freguesia", observou António Gonçalves, fazendo a ligação com "a continuação da Cidade" que está a ser criada com a obra de construção da Escola-Hotel do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave, com a reabilitação da Quinta do Costeado.

A gestão será confiada à Cooperativa A Oficina, dispondo o espaço de áreas destinadas a residências artísticas e serviços educativos.

A dar o mote para a inauguração, o artista vimaranense Luís Almeida interpretou o tema de sua autoria "Cantarinha da Cruz de Pedra".

Marcações: Fornos de Olaria da Cruz de Pedra

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