«Teatro da Alma» na abertura da festa em torno da obra de Raul Brandão
O Teatro Oficina, em parceria com o Húmus ? Festival Literário da Câmara Municipal de Guimarães, convoca a cidade para uma celebração em torno de um autor que escolheu Guimarães como sua casa.A Festa de Teatro Raul Brandão junta mais de 150 actores e actrizes, que se reúnem com o seu público em torno de um evento ímpar, que enaltece uma malha criativa vibrante da cidade. Associam-se também a Sociedade Martins Sarmento, que permitirá espreitar o espólio do autor, e o Cineclube de Guimarães, nas suas habituais sessões de cinema ao domingo.
A Festa arranca esta quarta-feira e é o Teatro Oficina a abrir as hostes com a estreia da sua mais recente criação, “Teatro da Alma”, uma peça de dor e de sonho a partir de Raul Brandão, que terá lugar no Pequeno Auditório do Centro Cultural Vila Flor (CCVF), às 22h00. A partir de cenas de 3 peças: “A Noite de Natal” (1899), “O Gebo e a Sombra” (1923) e “O Avejão” (1929), nasce uma ficção quase metafísica e nada aleatória. Cenas e personagens de peças diferentes parecem responder umas às outras, ecoando os temas principais da obra de Raul Brandão: a natureza do homem, os seus fantasmas e duplos, a relação com a morte, a falta de redenção, a vontade de viver, as sombras… Ainda antes do Teatro Oficina entrar em cena neste primeiro dia da Festa, que é igualmente o Dia Internacional da Mulher, a cantautora Rita Redshoes sobe a este mesmo palco às 21h00 para falar sobre o processo de escrita e composição das músicas que compõe o seu repertório, traçando o percurso de 20 anos de carreira, iniciados em 1996, com as primeiras incursões musicais.
Na sexta-feira, às 21h30, o Festival Literário Húmus, iniciativa da Câmara Municipal de Guimarães, junta-se à Festa de Teatro Raul Brandão com uma sessão imperdível. O palco do Grande Auditório do CCVF serve de cenário para uma conversa sobre os temas que percorrem toda a obra brandoniana – família e amigos, Portugal, a vida e a morte, esfera privada e pública – mas que irá muito além dos livros. Este momento conta com a moderação do jornalista e escritor Francisco José Viegas e os convidados Álvaro Laborinho Lúcio (jurista, professor universitário, ex-Ministro da Justiça e escritor português) e Abraão Vicente (Ministro da Cultura e das Indústrias Criativas de Cabo Verde, sociólogo de formação com percurso ligado ao jornalismo, à escrita e às artes plásticas). Na mesma noite, às 22h30, a Festa prossegue no Pequeno Auditório do CCVF com a apresentação do espetáculo “O Maior Castigo” (1902) pelas mãos do grupo de teatro amador ATRAMA, coletivo desafiado a dar vida a esta que é uma das peças perdidas de Raul Brandão.
O fim de semana de 11 e 12 de março traz uma nova dinâmica à Festa e o teatro não para ao longo de dois dias. No sábado, pelas 15h00, “O Gebo e a Sombra” (1923) chega ao Grande Auditório do CCVF com o carimbo do TEC – Teatro Experimental do Cano, chamando o público a sentar-se no palco para assistir ao espetáculo. Às 16h30, a Festa de Teatro passa também pelo Café Concerto do CCVF com a peça “A Pedra ainda espera dar Flor”, a partir das Crónicas de Teatro (1895-1923), apresentado pelo CETE – Convívio e Teatro Experimental. Às 18h00, de regresso ao Pequeno Auditório, chega a vez do Teatro Coelima e do grupo Jovidém subirem ao palco com “O Doido e a Morte” (1923). O sábado termina com um projeto que envolve vários grupos de teatro de amadores num grande espetáculo apresentado na sala maior do CCVF, às 22h00. “Jesus Cristo em Lisboa” (1927), com Teixeira de Pascoaes, junta no mesmo palco o Grupo de Teatro Citânia, o Cem Cenas, o Grupo de Teatro da ADCL, o Grupo de Teatro de Campelos e o Grupo de Teatro da ARCAP.
A Festa de Teatro Raul Brandão encerra no dia 12, domingo, em grande espírito celebratório. Pelas 11h00, o teatro sai à rua e leva ao Largo de Donães os alunos das Oficinas do Teatro Oficina, que aqui apresentam “Árvore da Vida Rauliana”, uma peça que integra excertos de “Húmus” (1966), do poeta Herberto Helder. De tarde, o teatro instala-se novamente no Centro Cultural Vila Flor, onde se mantém bem vivo até ao término da Festa. Às 15h00, a programação prossegue no Grande Auditório do CCVF com o TERB – Teatro de Ensaio Raul Brandão a apresentar “A Noite de Natal”, com Júlio Brandão, num espetáculo que junta, uma vez mais, público e artistas em cima do palco. À tarde, pelas 16h30, o teatro sai para os jardins do Palácio Vila Flor com a Astronauta Associação Cultural a apresentar as peças “O Rei Imaginário” (1927) e “Eu sou um Homem de Bem” (1923). O grupo Osmusiké fecha a maratona de teatro às 18h00, no Pequeno Auditório do CCVF, com “O Avejão” (1929). Às 21h45, o Cineclube de Guimarães encerra este intenso programa com uma sessão de cinema em torno de Raul Brandão.
Na sexta-feira, das 19h00 às 22h00, e no sábado e domingo, das 13h00 às 22h00, a praça do Centro Cultural Vila Flor estará habitada por uma Feira do Livro que junta livreiros e alfarrabistas de Guimarães para tirar da estante todo o teatro, acompanhada por duas barracas de Comes e Bebes com a marca do Cor de Tangerina e do Círculo de Arte e Recreio, assegurando o convívio, a leitura e um brinde ao aniversário de Raul Brandão antes e entre os espetáculos.
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