Candidatura das Festas Nicolinas já pode ser apresentada à UNESCO

Já está formalizada a inscrição das Festas Nicolinas no Inventário Nacional do Património Cultural e Imaterial, da Direcção-Geral do Património Cultural.

A revelação foi feita pelo antropólogo Jean-Yves Durand, do Centro em Rede de Investigação em Antropologia, (CRIA) durante o encontro "Em concreto: o património cultural imaterial no terreno. Expectativas, experiências e perspectivas", organizado pela Cooperativa A Oficina em parceria com aquela instituição, realizado ontem no Centro Internacional das Artes José de Guimarães.

"A ficha de inventário das Festas Nicolinas no inventário nacional já se encontra disponível na plataforma matriz, já foi carregada. Estamos a passar uma fase de avaliação, de eventuais reformulações, mas o pedido de inventariação já está oficializado, o que permite uma eventual candidatura à UNESCO. A partir do momento em que o processo de inventariação nacional está iniciado, uma candidatura à UNESCO passa a ser possível", afirmou, ao indicar que a ficha pode ser consultada, estando previsto um período de avaliação pelo público, podendo ser apresentadas sugestões. "Estamos a entrar num processo de interacção que pode ser interessante, porque é uma dimensão interessante do inventário e até agora não tem sido uma fase muito participada, o que é pena", realçou o antropólogo que coordenou a realização do estudo antropológico sobre o fenómeno das Festas Nicolinas.

Numa intervenção intitulada, «Inventariar, com os pés no chão: avanço rápido ou passo suspenso?», Jean-Yves Durand teceu algumas reflexões sobre "a experiência de inventariar" e deu a conhecer algumas lacunas de funcionamento da plataforma do Inventário Nacional do Património Cultural e Imaterial. "Qual é o futuro de um instrumento informático concebido por uma empresa que faliu há alguns anos, sem qualquer actualização, que não funciona com google crome. Com o previsível aumento de fichas submetidas, até quando aguentará? O que garante que por razões técnicas e obviamente financeiras, os esforços de inventariação que estão a ser feitos hoje não são em vão?", questionou, ao mostrar uma fotografia com uma sátira exibida numa das edições das Danças de S. Nicolau e que não conseguiu adicionar ao inventário por ter atingido o limite da capacidade disponível para acondicionamento de informação. O antropólogo salientou igualmente que a Direcção-Geral do Património Cultural "não consegue avançar muito mais por falta de recursos humanos". E exemplificou: "um ano após a submissão a ficha relativa à confecção das passarinhas e dos sardões ainda não suscitou feedback".

 

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