AVE desafia Município de Guimarães a combater uso excessivo do automóvel
A AVE - Associação Vimaranense de Ecologia vai desafiar a Câmara Municipal de Guimarães a rever o Plano Municipal de Mobilidade Sustentável (PMUS), propondo a criação de um observatório ou conselho municipal para que os utilizadores tenham voz e as acções sejam aplicadas no terreno.
Para assinalar a Semana Europeia da Mobilidade, numa sessão realizada no sábado, a AVE apresentou publicamente as conclusões expressas no Relatório elaborado sobre o Estado da Mobilidade Urbana em Guimarães.
Das 79 propostas de acção do PMUS analisadas no documento, 40 tiveram uma execução fraca, 20 razoável, 17 nula e duas boa, não sendo identificada nenhuma completa. "Na avaliação ao PMUS não podemos deixar de salientar que os modelos de governança e monitorização que estão previstos no seu processo de gestão não foram implementados pelo Município de Guimarães. Está prevista, entre outras
estruturas, a constituição de uma Comissão de Acompanhamento, assim como está prevista a elaboração periódica, de dois em dois anos, de um Relatório do Estado da Mobilidade Urbana para submeter à apreciação da Assembleia Municipal", refere o documento, ao dar conta que o trabalho da AVE "não pretende substituir o que deve ser feito pela entidade gestora do território, mas antes evidenciar a sua falta e reivindicar a sua elaboração".
Durante a apresentação, José Cunha defendeu a necessidade do Município tomar medidas efectivas para colmatar a realidade evidenciada com o trabalho desenvolvido pela Associação. "A falta informação, não se identifica uma visão estratégica, identifica-se uma fraca concretização do PMUS, há políticas divergentes do paradigma definido para a mobilidade", sustentou, ao defender a criação de um fórum para a reflexão da temática da mobilidade em Guimarães, bem como um "observatório, conselho municipal ou comissão de acompanhamento".
Para o Presidente da AVE, o actual PMUS precisa de ser avaliado ao nível da concretização para que os decisores possam definir uma estratégia capaz de alterar o paradigma da mobilidade em Guimarães, com acções eficazes para alterar "o uso excessivo do automóvel". Paulo Gomes dá o exemplo do serviço público de transportes, em que há paragens que não têm identificação do nome, nem o horário afixado, há autocarros que não cumprem horários ou são suprimidos, impedindo os utilizadores de "confiar" no serviço. "São pormenores que fazem a diferença na hora de decidir qual o meio de transporte, o mesmo acontecendo com o uso da bicicleta em segurança. As crianças não têm condições de segurança para se deslocarem para a escola de bicicleta", declarou.
Segundo a AVE, o relatório pretende ser um contributo para estimular uma ampla e urgente reflexão sobre o futuro da mobilidade urbana em Guimarães, e que teve por base a avaliação ao Plano de Mobilidade Urbana Sustentável, nomeadamente quanto ao estado de concretização das suas propostas de ação e à evolução dos indicadores de monitorização.
"A elaboração deste relatório resulta também da oportunidade de contribuir para a definição da estratégia e dos projetos a incluir no novo ciclo de financiamento europeu e de um novo ciclo político municipal", refere-se, acrescentando: "não pretende ser um exercício exaustivo, mas antes um alerta sobre o actual estada da mobilidade no nosso território e o primeiro passo de um percurso que entendemos fundamental para a necessária mobilização da comunidade vimaranense".
Marcações: Plano de Mobilidade Urbana Sustentável, AVE - Associação Vimaranense para a Ecologia