Médico vimaranense Tiago Gil Oliveira vence Prémio BIAL com estudo inovador sobre Alzheimer
O médico e investigador vimaranense Tiago Gil Oliveira, da Universidade do Minho, recebeu o Prémio BIAL de Medicina Clínica 2024, por um estudo que permite identificar as regiões do cérebro mais afectadas pela doença de Alzheimer, o que abre portas para novas formas de diagnóstico e tratamento. A cerimónia realizou-se em Lisboa, com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Criado em 1984, este é um dos principais prémios em ciências da saúde do país e atribui o valor de 100 mil euros.
Tiago Gil Oliveira mostrou que certas regiões do cérebro são afectadas de maneira diferente pelas várias proteínas tóxicas responsáveis pela doença de Alzheimer. São estas proteínas que comprometem o funcionamento cerebral normal e provocam sintomas como a perda de memória de curto prazo e a desorientação espacial. Ao compreender como cada tipo de proteína tóxica afecta cada região do cérebro e ao mapear a composição dessas regiões afectadas, esta investigação pode ajudar a um diagnóstico mais preciso e precoce e a melhores tratamentos para aquela que é a patologia degenerativa mais prevalente em Portugal e no mundo.
“Comecei por estudar num conjunto de doentes, já após falecerem, o padrão da distribuição das proteínas tóxicas. De seguida, examinei o passado desses doentes, através de ressonâncias magnéticas cerebrais que haviam feito. Como algumas destas regiões do cérebro humano têm equivalência ao cérebro dos ratinhos, usei também modelos genéticos de ratinho para testar de que modo a manipulação das vias moleculares alteradas afeta a aprendizagem e memória”, explica Tiago Gil Oliveira, professor associado na Escola de Medicina da Universidade do Minho, neurorradiologista no Hospital de Braga e investigador principal no Instituto de Investigação em Ciências da Vida e da Saúde (ICVS).
A doença de Alzheimer é uma das mais comuns a atingir o cérebro, com o risco a aumentar à medida que a idade avança. Face à potencial introdução na prática clínica em Portugal das novas terapias com anticorpos dirigidos às acumulações de amiloide beta, trabalhos como o de Tiago Gil Oliveira salientam que há também uma grande diversidade de outras patologias a afetar o cérebro de pacientes com Alzheimer, o que contribui para tratamentos mais dirigidos.
Tiago Gil Oliveira considera “uma grande honra” receber o Prémio BIAL de Medicina Clínica, ao qual apresentou o estudo “Desvendando os mistérios da susceptibilidade regional do cérebro à neurodegeneração na doença de Alzheimer: da neuropatologia à ressonância magnética cerebral”. “Nos últimos anos, tenho mantido as carreiras paralelas enquanto médico, professor e investigador, o que traz grandes desafios. Para manter a investigação a um alto nível, é necessário fazer um grande esforço pessoal e espero que momentos como este contribuam para criar a nível institucional uma verdadeira carreira de médico-investigador”, realça. O cientista espera que este reconhecimento traga maior atenção ao impacto da investigação da sua equipa e que reforce as condições de trabalho.
Tiago Gil Oliveira nasceu há 40 anos em Guimarães. Fez o mestrado/doutoramento em Medicina pelas universidades do Minho e de Columbia, nos EUA. Venceu o Prémio Pfizer 2022, atribuído por esta farmacêutica e pela Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa. Preside a Sociedade Portuguesa de Neurociências e tem coordenado projetos científicos financiados por entidades como a Brain & Behavior Research Foundation, nos EUA.
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