Ucrânia: um ano de Guerra vista de longe
24 de Fevereiro de 2022 é uma data negra para a humanidade. Foi o dia em que a Ucrânia, país soberano, foi invadida pela Rússia. Um ano depois, o fim do conflito ainda parece estar longe e a tensão aumentou em vários pontos do globo.
A campanha militar Russa provocou a fuga de mais de 18 milhões de pessoas - milhões de deslocados internos e para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945). Guimarães foi o local para alguns deles se instalarem.
Numa semana chegaram a Guimarães 73 refugiados ucranianos, entre mulheres e crianças. Filha única de um coronel do exército ucraniano, Alina Okolot, pseudónimo criativo de Alina Danilevskykh, de 23 anos, chegou à cidade-berço há quase um ano e falou ao jornal O Comércio de Guimarães sobre esta guerra que atingiu o seu País. A refugiada não tem dúvidas que a Ucrânia "vencerá". "Teremos um céu de paz no nosso País e todos os ucranianos poderão voltar para casa e viverão em segurança", sublinhou Alina, acrescentando que espera que a guerra termine este ano.
"Os ucranianos são um povo muito forte. Não podemos ser quebrados e, com certeza, venceremos. Tenho certeza de que todos os nossos territórios serão desocupados. Alcançaremos a integridade territorial dentro da fronteira do estado da Ucrânia. A Crimeia é a Ucrânia. Nós vamos recuperá-la também", frisou.
Alina agradece o apoio da Europa ao seu país natal, que considera "valiosa". "A Europa apoia muito a Ucrânia. Espero que continuem a ajudar com armas e outros materiais. Estamos sinceramente gratos por isso. Esta ajuda é muito valiosa para nós", afirma a ucraniana.
A viver em Guimarães há quase um ano, Alina assume as dificuldades impostas pela língua na adaptação a Portugal. "Em primeiro lugar, o mais difícil foi não saber a língua portuguesa. Por exemplo, se vives em Portugal, como turista, o inglês ajuda. Mas se precisas de morar em Portugal por muito tempo, a língua inglesa não é suficiente. Temos de aprender o português. Em breve terminei os cursos de português e dominarei um pouco o idioma. Em segundo lugar, tornou-se um problema encontrar um emprego na minha especialidade. Infelizmente, eu e a maioria dos ucranianos ainda estamos à procura. É muito difícil", admite.
Grata por toda a hospitalidade portuguesa, a ucraniana apenas tem elogios para Portugal e para a cidade de Guimarães. "Agradeço muito aos nossos amigos portugueses que sempre nos ajudam. Graças a eles, o período de nossa adaptação passou com mais facilidade. São pessoas gentis, generosas e de bom coração. Também visitei vários lugares em Portugal. Este é um País incrível. A natureza e a arquitectura são muito bonitas. Cada canto de Portugal tem uma atmosfera própria. Além disso, Portugal tem uma cultura interessante. Além disso, gosto dos concertos, carnavais e outros eventos locais em Guimarães", referiu.
Desde o início da guerra, morreram mais de 7.000 civis a que acrescem mais de 11.000 feridos. A ONU sublinha que estes números estão muito aquém dos reais.