«Não»: Um testemunho real de uma vítima de assédio sexual e moral no trabalho
"Não temos de aceitar". É esta a mensagem de um testemunho real de uma vítima de assédio sexual e moral no trabalho. No Auditório da Biblioteca Municipal Raúl Brandão e falando para uma turma de 11º ano, do concelho de Guimarães, Sónia Fernandes falou esta quarta-feira na primeira pessoa, numa iniciativa da Câmara Municipal de Guimarães, através do Espaço Municipal para a Igualdade e em colaboração com a Associação de Defesa dos Direitos Humanos de Guimarães, o Centro Juvenil de S. José, o CAFAP e o Movimento Democrático de Mulheres, que assinala o Dia Internacional para a eliminação da violência contra as Mulheres.
A vítima de assédio sexual e moral no trabalho sublinhou que o primeiro passo é não ter "medo". "O medo é castrador. Foi um processo difícil e demorado, pois o processo é complicado. Temos de aprender a dizer 'não'! Naturalmente, é preciso ter coragem. Não sei como consegui apresentar queixa na GNR, mas a minha teimosia venceu", referiu.
Vítima de violência por mais de dois anos e meio, Sónia Fernandes alertou que os abusos por longa duração podem ter "resultados nefastos". "Aceitar este tipo de comportamento é inaceitável. Não temos de ficar calados. Temos mecanismos que indicam o que fazer. Se recorremos aos mecanismos certos, nós temos meios para avançar. A APAV (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima) é um desse mecanismos para ter esse apoio. Tive também um apoio familiar fantástico. Não devemos ter medo de pedir ajuda. Não é vergonha, pois são os abusadores que realmente precisam de ajuda", disse.
A vítima contou ainda com o apoio familiar, psicológico e jurídico, pois garantiu que "só assim é possível ultrapassar este caso''. "Muitas das vezes não sabemos como agir na empresa ou a nível familiar, porque temos medo e vamos ser julgados. Se todos passarem esta mensagem, as situações vão reduzir. Não podemos aceitar a reduzirmos como mulheres", reiterou.
O programa prossegue na sexta-feira, quando será divulgado um vídeo alusivo à violência doméstica, através dos meios de comunicação do Município. Sábado, às 15h00, realiza-se a sessão de abertura do evento pela Vereadora da Divisão de Acção Social e Conselheira Municipal para a Igualdade, Paula Oliveira, no Centro Internacional de Artes de José de Guimarães, com apresentação de um vídeo sobre Violência Doméstica, da autoria do Movimento Democrático de Mulheres. Segue-se uma palestra, às 15h45, sobre os «Contornos actuais sobre a Violência Doméstica», pela Presidente da Associação de Defesa dos Direitos Humanos de Guimarães, Tânia Salgado.
O Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres celebra-se a 25 de Novembro, tendo como objectivo principal alertar para a violência exercida contra as mulheres.
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