Rui Fernandes: «O Carnaval de Pevidém é feito pelo povo. As pessoas é que dão o colorido.»
No Carnaval de Pevidém cabem tractores, bombos, cabeçudos e gigantones. Quem disse que para fazer grandes viagens é preciso percorrer longas distâncias? Esta terça-feira, a partir das 15h00, realiza-se a iniciativa «Vivó Carnaval», com Ruth Marlene e Duo Oceanos.
Não é segredo para ninguém que em Selho S. Jorge há um carnaval, o que muitos nem sequer desconfiam é que existe uma tradição longa que nem há memória quando tudo começou.
"O Carnaval de Pevidém é uma referência no Concelho e na região. Perde-se a história. Quem é de Pevidém e da região sempre ouviu falar do carnaval, mas não há registos. Sempre se conta que neste dia saem para as ruas mascarados, seja das fábricas ou das próprias casas. Ao longo dos anos fomos mantendo esta tradição. Mesmo no último ano, com a pandemia, mantivemo-nos no digital", conta Rui Fernandes da organização.
No último ano, as pessoas em casa usufruíram de música, filmes ou animações que a organização foi produzindo ao longo do tempo. Este ano, a organização não queria deixar "cair" o Carnaval e manteve a intenção de fazer algo já presencial, com a autorização da Direcção-Geral da Saúde (DGS), do Município e das entidades.
"Temos de ter responsabilidade na realização deste tipo de eventos. Dessa forma, conseguimos levar a cabo uma festa num recinto fechado, que ficará no Mercado da Feira, que se chamará «Vivó o Carnaval». Vamos ter muita música e muita festa. Teremos uma artista nacional, Rute Marlene e o grupo Brisa do Marão. Vamos ainda ter a participação de um bar de Pevidém que faz 30 anos. Como não podia deixar de ser, haverá a leitura do testamento do Entrudo, sem a queima e o desfile, mas que contará com a sátira e com as desgarradas. Esperamos que toda a gente participe e que toda a gente possa passar pelo Carnaval de Pevidém".
Uma das novidades previstas para este ano foi a pensar nos mais pequenos, que poderão usufruir de um mini-parque de diversões.
Para aceder ao Mercado da Feira é necessária a respectiva pulseira, que já está disponível. "Quem comprar a pulseira terá o certificado válido. É o que está no nosso plano de contingência. O espaço está limitado a 1.500 pessoas, numa área com mais de 5.000 metros quadrados. Já se poderá respirar um bocadinho do Carnaval", revela.
Por tudo isto, estamos perante um carnaval do "povo", segundo o responsável, onde as pessoas fazem a festa. "O nosso Carnaval é feito pelo povo. As pessoas é que dão o colorido. Desde os tractores, aos bombos, aos cabeçudos e gigantones, mais do que ser português é o nosso ser minhoto. Desde o mais bonito ao mais feito, toda a gente é bem aceite. A nossa festa é pensada para o povo. Não nos preocupamos com a beleza das ruas. A festa é de quem vem desfilar e para aqueles que aparecem aos milhares nas ruas. A preocupação da organização é ir ao encontro da música que eles gostam ou pedem. Isso mantém esta identidade. Nunca quis ser inovador, no sentido de trazer estruturas maiores, algo que não é a nossa tradição. Com respeito pelos outros, o Carnaval de Pevidém é tradicional, único e feito pelas pessoas. Dá-lhe uma autenticidade única", atira.
A azáfama este ano é menor, porque normalmente a organização trabalha seis carros para o desfile, mas Rui Fernandes destaca o trabalho desenvolvido pela organização. "As pessoas estão cá em troca de nada, muitas das vezes sofrendo com o frio, só pelo orgulho deste Carnaval. Trabalhamos apenas com produtos reciclados, porque não há suporte para financiar tudo. Tudo é inventado para que o resultado final fique giro. Agradeço à equipa que se envolve neste projecto porque só graças a eles é que tudo é possível. Temos a vantagem de que tudo que é feito é construído em armazém. Temos umas instalações cedidas pela Coelima, com carpintaria ou pintura. Isto começa muito cedo. Nos finais de Setembro, quando começamos a construção dos carros numa temática já pensada que traga algo que é nosso", explica Rui Fernandes que revela que o Carnaval vai contar com algumas "performances espontâneas" na rua, para que as pessoas sejam "surpreendidas" nas suas janelas. "Isso dará alegria à nossa Vila", aponta.
Texto publicado na edição de 23 de Fevereiro de 2022 do jornal O Comércio de Guimarães.
Marcações: Carnaval de Pevidém