VÍDEO: Três semanas de vindima para garantir produção de qualidade na Casa de Sezim
"As uvas douradas são as meninas dos nossos olhos"
É possivelmente a maior vindima do concelho de Guimarães. Na Casa de Sezim, a colheita das uvas entrou na terceira semana e já está na recta final, constituindo o momento mais esperado para aqueles que se dedicam ao árduo e exigente trabalho da vinha.
"Passamos o ano inteiro a pensar nestes dias únicos e abençoados", confessa Paulo Mendes, enquanto acompanha o processo de colheita dos cachos da casta loureiro, na vinha a perder de vista que se estende numa ampla encosta daquela exploração.
"Sem boas uvas, não podemos ter bom vinho", explica o funcionário responsável pela vinha, observando que os bagos resplandecentes estão "no ponto certo para serem colhidos e rapidamente serem conduzidos à adega".
"Temos uma vindima que dura três semanas para atender às características de cada casta, porque cada uma tem o seu ciclo. A exploração é grande e tem castas que não podiam esperar até este momento. A trajadura tem um ciclo mais curto do que a casta loureiro. Por isso, já foi colhida. O arinto está 'cinco estrelas', com a graduação exata para a colheita, e vai ser colhido", continua Paulo Mendes, ao assinalar a importância do trabalho técnico prévio à vindima, com a recolha de amostras de bagos para apurar a graduação, através do nível de açúcar, a acidez e o pH. "É com base nesses resultados que é feita a programação da vindima", elucida.
Diariamente, mais de duas dezenas de pessoas colhem as uvas, avaliando cada cacho e, se necessário, eliminando os bagos que estejam mais deteriorados. "A qualidade da nossa produção reside nas características do terreno, no saber e na dedicação com que são feitos os vinhos", sublinha, acrescentando: "temos os vinhos mais medalhados de Guimarães".
Embora as castas predominantes sejam trajadura, loureiro e arinto, na Casa de Sezim há ainda outras castas para que os enólogos possam se aventurarem em "outras experiências, criando lotes diferentes, desenvolvendo produtos inovadores e agradáveis para as exigências do mercado".
No ano passado, na Casa de Sezim foram colhidas 261 toneladas de uvas. Este ano, a quantidade até poderá ser inferior, mas Paulo Mendes não se atreve a perspectivar o resultado final. "As uvas douradas são as meninas dos nossos olhos. Todas as castas são colhidas separadamente, o mesmo acontece com a fermentação da adega, permitindo identificar os melhores lotes", aponta, realçando que o profissionalismo exigido durante a colheita não inviabiliza o convívio. "A vindima é sempre um tempo de convívio e os turistas já começam a interessar-se por esta actividade", constata o responsável, evidenciando uma indescritível satisfação ao contentar o olhar com o brilho dos bagos dourados.