Provedor do Idoso de Guimarães empenhado em garantir envelhecimento activo
Combater o isolamento e proporcionar o envelhecimento activo têm sido os principais desígnios do Provedor do Idoso de Guimarães. Um ano depois de iniciar funções, José Lopes fez um balanço da actividade que tem desenvolvido, desafiando a comunidade "a acordar para a duríssima realidade social da população com mais de 65 anos, com uma tendência de agravamento para os próximos anos".
Numa sessão que decorreu, esta terça-feira, na Plataforma das Artes e da Criatividade, em que participaram a vereadora do Departamento de Acção Social, Paula Oliveira, o Presidente da Comissão de Protecção ao Idoso, Carlos Branco, o Procurador coordenador do Ministério Público da Comarca de Braga, Jorge Gonçalves, e o presidente da Câmara de Guimarães, Domingos Bragança, o Provedor do Idoso de Guimarães alertou para uma realidade que exige respostas sociais adequadas às novas necessidades.
"O número de idosos que vivem sozinhos ou acompanhados de uma pessoa da mesma idade é já de 3 mil, ou seja, 14 por cento da população do Concelho", referiu, precisando que "só nas freguesias de Azurém, Costa, Creixomil, Fermentões, Mesão Frio e Urgezes existem 7 mil 140 maiores de 65 anos e a viver sozinhos são 1135, metade dos quais já tem mais de 75 anos".
O primeiro Provedor do Idoso de Portugal a tomar posse a nível concelhio admitiu que "nas primeiras semanas ficou demasiado marcado no plano psicológico, pelas dolorosas realidades" que lhe eram expostas. "Influenciaram o meu estado de espírito", afirmou, ao reconhecer que conseguiu encontrar "equilíbrio" na articulação, entretanto, conseguida com instituições ligadas à saúde, segurança social e ao apoio social.
"O grande objectivo será sempre o de assegurar as melhores condições para que essas pessoas possam conseguir um envelhecimento activo", sustentou, frisando: "todas as pessoas têm de conviver, viver a vida".
Fazendo questão de destacar a liderança socialmente empenhada do Município, na sua intervenção, José Lopes salientou que "são feitos diariamente pequenos milagres no apoio social, realçando ainda o elevado número de instituições de solidariedade social existentes no Concelho que promovem o envelhecimento activo, incluindo as diversas universidades seniores, que asseguram respostas sociais fundamentais".
Congratulando-se com o envolvimento das instituições que integram a Rede Social do Concelho, José Lopes destacou a importância do programa 65+ "que mobiliza 40 gestoras sociais que sinalizam e acompanham com alguma regularidade, nas suas casas, dois mil e 75 idosos já sinalizados, grande parte deles e viver sozinhos". "São visitas amigas de acompanhamento, qual anjo da guarda, e que é reforçado nos dias de aniversário desses idosos, em que as gestoras sociais se fazem acompanhar de uma simples prenda do Município", sustentou, realçando que "há ainda muito a fazer, apelando à necessidade de surgirem mais gestores sociais, para que cada uma não tenha na sua lista mais que 30/40 pessoas sinalizadas, pois só assim será possível fazer visitas mais regulares, verdadeiramente próximas das pessoas".
"As instituições a que essas gestoras sociais estão ligadas poderão precisar de serem ainda mais apoiadas pela Câmara Municipal, garantindo-se assim um mais profundo elo de solidariedade e entre-ajuda no apoio aos seniores", continuou.
O Provedor do Idoso anunciou que brevemente reunirá com o Ministro do Trabalho, da Solidariedade e da Segurança Social, Vieira da Silva, na tentativa de o sensibilizar para a necessidade de "ultrapassar diversas barreiras burocráticas que impedem que muitas pessoas de acederem ao Complemento Solidário do Idoso". José Lopes indicou que "há pessoas que auferem baixíssimas reformas, com verbas, mesmo abaixo dos 431,32 euros, durante 12 meses, limite máximo fixado para ter direito ao CSI, mas são impedidas de receber este apoio complementar, mais valorizado ainda quando assegura aos seus beneficiários receberem também 50 por cento do dinheiro que gastam na farmácia com medicação receitada pelo seu médico, bastando para isso a entrega mensal dos recibos no seu centro de saúde".
Na sessão em que estavam presentes muitos autarcas do Concelho, José Lopes lançou um apelo para que sinalizem as pessoas mais fragilizadas socialmente, "ajudando-as a fazer os requerimentos aos serviços sociais para terem direito a benefícios, como as tarifas sociais na luz, gás canalizado e na água". O responsável alertou ainda para a importância do Cartão Municipal do Idoso, pelos benefícios que concede, para além do passe social válido nos operadores de transportes de Guimarães por 8,40 euros, permite a utilização gratuita do teleférico e descontos nas piscinas municipais e nas entradas para iniciativas culturais. Em 2016 foram emitidos 905 cartões do idoso e, em 2017, 985.
No primeiro ano de actividade, o Provedor do Idoso concedeu 47 audiências, no espaço que dispõe na Câmara de Guimarães e onde atende os munícipes à sexta-feira, e participou em 59 eventos e fez deslocações a instituições.
A Vereadora da Acção Social do Município congratulou-se com o desempenho do Provedor do Idoso, indicando que o seu trabalho permite "ter uma leitura permanente da realidade concelhia", identificando "fragilidades para uma intervenção alargada". Paula Oliveira reconheceu que "ainda há muito por fazer", realçando o esforço do Município no combate ao isolamento e à negligência. A responsável lembrou que o projecto 65 + tem vindo a dar resultados, envolvendo os destinatários, estando a ser testadas soluções tecnológicas para facilitarem a comunicação e sua integração social.
O Presidente da Câmara agradeceu o empenho do Provedor do Idoso que abraçou um desafio pioneiro, na sua missão de "ajudar as pessoas a conseguirem uma melhor qualidade de vida". Domingos Bragança garantiu que o Município vai continuar a desenvolver iniciativas destinadas a esta faixa etária cuja "tranquilidade e o exemplo de vida em comunidade constitui uma referência".
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