112 nem sempre facilita socorro dos Bombeiros
Nem sempre o 112 consegue cumprir os objectivos que presidem ao seu funcionamento. Há quem abuse da utilização deste número gratuito, provocando verdadeiras avalanches de falsas solicitações na Central de Emergência Distrital. Igualmente, há pedidos de socorro que tardam a ser atendidos pelas demoras verificadas na transmissão de informações. Tanto os Bombeiros Voluntários de Guimarães como os das Taipas são unânimes a considerar que o serviço não funciona nas melhores condições. "Em caso de doença súbita ou acidente ligue o 112". Esta é a filosofia do Instituto Nacional de Emergência Médica que dispõe de um número telefónico com chamada gratuita, acessível de qualquer ponto do País e a qualquer hora do dia. Todas as solicitações efectuadas na área geográfica de Guimarães são encaminhadas para os serviços gerais de atendimento centralizados na PSP de Braga, e depois remetidos para a GNR de Braga que, posteriormente, informa a corporação dos bombeiros com intervenção na zona onde se registou a ocorrência.Mas, segundo o responsável distrital do serviço, "há pessoas que abusam do 112, fazendo com que o serviço receba milhares de solicitações que não correspondem aos objectivos que norteiam o seu funcionamento".
O 112 é o Número Nacional de Emergência, sendo comum, para além da saúde, a outras situações, tais como incêndios e assaltos. Porém, há quem recorra ao serviço "para outras coisas que não são urgências". De acordo com fonte contactada junto da Central de Emergência Distrital "99 por cento das chamadas recebidas não passam de falsos
alarmes", porque as solicitações não se enquadram nas ocorrências em que se verifica manifesta emergência nos socorros primários a serem prestados. É que, "as ambulâncias do INEM deverão ser apenas utilizadas em situação de risco de vida eminente. No caso de não ser necessário enviar uma ambulância do INEM são dadas todas as informações sobre a melhor forma de ser transportado para as unidades de saúde adequadas".
No entanto, ao que conseguimos apurar, na maioria das situações, as linhas telefónicas disponíveis chegam a ficar bloqueadas com os pedidos de informações respeitantes a outras ocorrências, como "a falta de água, de energia ou até de números de assistência para os utilizadores das redes móveis".
Inconformada com a falta de civismo de muitos cidadãos que "utilizam o 112 para tudo e mais alguma coisa apenas por ser um número gratuito", fonte da Central não ignora que o serviço tem algumas dificuldades porque nem sempre as comunicações são devidamente encaminhadas. Por vezes, pedidos de socorro provenientes do Porto, Vila Real ou Viana do Castelo são atendidos em Braga, o que gera alguma perturbação entre aqueles que têm como missão assegurar a ajuda no mais curto espaço de tempo e da maneira mais eficaz.
Não obstante procurarem fazer o melhor que sabem e podem em prol da satisfação dos pedidos de socorro, os operadores da Central de Emergência do 112 não são quem vai prestar assistência às vítimas. Cabe aos bombeiros e agentes de segurança dar a cara pelo serviço. E à mínima falha ou demora, geralmente, os ânimos ficam exaltados. Isso mesmo indica o Comandante dos Bombeiros Voluntários das Taipas. O Comandante Francisco Pereira considera que as corporações deviam ter um "acesso mais directo" às informações relativas aos pedidos de socorro. O responsável justifica que a maioria das solicitações atendidas no quartel têm origem no 112 e "nem sempre é fácil identificar os locais, sendo também difícil ter acesso a dados concretos sobre a situação".
Em Guimarães, a corporação demonstra as mesmas preocupações. Por isso, segundo o Comandante Ferreira, muitas das chamadas são efectuadas directamente para o quartel. Porém, ao contrário dos serviços do 112 em que a chamadas e os transportes são gratuitos, nestes casos é necessário proceder ao respectivo pagamento.
De modo a impedir demoras ou lacunas nas informações disponíveis, o Comandante dos Bombeiros Voluntários das Taipas admite que deveria ser criado um sistema que permitisse a canalização directa dos pedidos de socorro para a corporação.
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