Médicos da UMinho vencem Prémio Clínico da Sociedade Portuguesa da Medicina da Reprodução

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Um projecto de investigação dos médicos Rui Miguelote e Vanessa Silva venceu o Prémio Clínico da Sociedade Portuguesa da Medicina da Reprodução.

Segundo a Universidade do Minho, o projecto de investigação vencedor nasceu da necessidade, sentida na prática clínica, de melhorar a abordagem e o diagnóstico das principais causas de disfunção ovulatória, que se manifesta em mulheres jovens por ciclos menstruais irregulares ou ausência de menstruação e que é a principal causa feminina de infertilidade. Estas pacientes são quase sempre diagnosticadas como tendo a Síndrome do Ovário Poliquístico que é a causa mais frequente destes sintomas, mas na verdade, muitas delas têm, ou coexiste uma Amenorreia Hipotalâmica Funcional (outra causa frequente destes sintomas).

Rui Miguelote explica que “este erro de diagnóstico acontece frequentemente devido à fisiopatologia do Síndrome do Ovário Poliquístico que é ainda parcialmente mal compreendida e porque os critérios diagnósticos são pouco específicos. Por outro lado, o diagnóstico da Amenorreia Hipotalâmica Funcional é complexo e não possuímos bons métodos para identificar e quantificar algumas das suas causas, nomeadamente o stress psicológico. Como a Amenorreia Hipotalâmica Funcional, em mulheres jovens com boa reserva ovariana, cursa com oligomenorreia (ciclos irregulares ou ausência de menstruação) e com ovários com morfologia poliquística na ecografia (2 critérios diagnósticos de Síndrome do Ovário Poliquístico) é fácil que erroneamente a doente possa ser diagnosticada como tendo a Síndrome do Ovário Poliquístico. Este erro diagnóstico conduz a orientações terapêuticas que são muitas vezes ineficazes e que vão atrasar ainda mais a correção da anovulação e causar ansiedade e sofrimento a estas mulheres”.

Já Vanessa Silva realça que “um diagnóstico correcto entre Síndrome do Ovário Poliquístico e Amenorreia Hipotalâmica Funcional é essencial para garantir que cada mulher receba o tratamento adequado, o que pode melhorar significativamente a sua qualidade de vida e saúde reprodutiva. Os nossos resultados sublinham a importância de avaliar o stress psicológico, os hábitos de exercício físico e os níveis de leptina em mulheres com ausência de menstruação e imagem ecográfica de “ovários poliquísticos”. Reforçam também que os “ovários poliquísticos” representam apenas a morfologia do ovário e não uma condição patológica, e que, por si só, não devem estabelecer o diagnóstico de Síndrome do Ovário Poliquístico”.
Os grandes objectivos deste projecto passam, assim, por definir melhor os critérios diagnósticos destas duas condições e validar o uso de novos doseamentos hormonais e de testes de avaliação do stress psicológico que permitissem distinguir melhor estas patologias e com isso permitir uma melhor orientação destas doentes.

Quanto ao reconhecimento deste prémio ambos enaltecem a “gratificação” de ver o trabalho reconhecido, mas que será “uma mais valia” para todos os médicos desta área que poderão ter acesso a esta informação e que foi dado um “passo importante que fará uma diferença tangível” na vida das mulheres.
O projecto de investigação inOvulação, recrutou, a partir de uma página na internet (https://www.inovulacao.com/), participantes com estas condições e participantes com ciclos menstruais regulares (grupo controle). O trabalho teve o suporte financeiro de uma Bolsa de Investigação concedida pela Merck Serono e que permitiu custear todos os doseamentos hormonais.


Marcações: médicos, prémio, Rui Miguelote, Vanessa Silva

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