Oposição desafiou vereadores do PS a clarificar se querem ou não BRT na futura ligação de Guimarães a Braga

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O vereador do PSD, Ricardo Araújo, desafiou os eleitos do PS representados em maioria no Executivo vimaranense a clarificar se defendem ou não a solução de metrobus (BRT), no âmbito do projecto de ligação de Guimarães a Braga em via dedicada.
Numa intervenção feita no período antes da ordem do dia, na sessão realizada esta segunda-feira, Ricardo Araújo afirmou, categoricamente: "se eu for Presidente de Câmara haverá metrobus nos próximos quatro anos em Guimarães", justificando que o projecto "é absolutamente fundamental para ganharmos no nosso enquadramento regional".

O representante social-democrata assumiu esta posição, fazendo um enquadramento com declarações atribuídas pelo jornal on-line "Guimarães, Agora!" ao candidato do PS à presidência do Município nas próximas eleições, em que Ricardo Costa terá dito “se eu for presidente da Câmara não há BRT nenhum”. "O Sr. Presidente e este Executivo empenharam-se na realização de estudos técnicos pagos pelo Município e comparticipados pelo Governo, na consensualização da opção estratégica, celebrando acordos com uma perspectiva temporal alargada, dado o volume financeiro que implicam. Construir um metrobus não é a mesma coisa que construir um pavilhão", sustentou, questionando o Presidente da Câmara sobre quando será apresentado "o resultado do projecto do estudo para a ligação de metrobus entre Guimarães e Braga".

"Gostava que fizesse o mais cedo possível, porque é uma matéria estratégica e foi consensualizada com os eleitos do PSD e do CDS. O estudo já ultrapassou o prazo para a sua execução", continuou Ricardo Araújo, acrescentando: "quando é que o sr. Presidente, pegando no estudo, vai reivindicar junto do Governo o financiamento para a sua execução?" "Tenho receio que o sr. esteja a perder fôlego! Já o ouvimos dizer que seria Presidente até ao último dia do seu mandato, mas eu tenho esse medo! Já percebemos que perdeu o apoio do PS local. Isso é grave! Porque compromete a reivindicação de uma solução a uma só voz, num assunto tão importante. O PS está a trair os interesses estratégicos de GMR, em torno dos quais foi possível construir uma estratégia de consenso", considerou, justificando a importância de saber se os eleitos socialistas que se sentam à mesa das reuniões de vereação "defendem ou não que com eles haverá BRT... Porque se amanhã com eles não houver BRT, isto é o grau zero da política".

Na resposta, o Presidente da Câmara começou por salientar que não deixará transformar as reuniões de Câmara num debate para as próximas eleições autárquicas. "Não me irei imiscuir no novo ciclo político, após o meu ciclo político. No que se refere à minha gestão, tenho e devo responder", reagiu Domingos Bragança.

O vereador do PSD, Ricardo Araújo, interveio, dizendo: "há projetos que ultrapassam mandatos".

O Presidente da Câmara prosseguiu: "Concordo que é uma obra estratégica que ultrapassa um ciclo político para o outro. Esta obra fará a ligação à mobilidade urbana de Guimarães, à de Braga e à futura estação de alta velocidade, se não 'empena' o projecto na ligação à alta velocidade. O projecto que a Câmara Municipal de Guimarães está a elaborar com o financiamento de fundos ambientais é uma infraestrutura de canal dedicado, que tanto dá para o metrobus ou BRT, como metro ligeiro de superfície. É uma infraestrutura de canal próprio. Uma coisa ou outra não é questão! O que está negociado com o Governo é que numa primeira fase será para metrobus e se a procura registar uma evolução que corresponda à expectativa poderá migrar para metro ligeiro de superfície. O importante é que para o projecto que é tão estratégico, seja convencido o Governo a financiar a obra".

Mais uma vez, Domingos Bragança disse na reunião do Executivo: "O metrobus é o que está em causa. Não estraguem aquilo que está a ser feito! Houve um acordo com o anterior Governo e no contacto com o actual ministro foi dito que devemos avançar com a conclusão do projecto e que depois seria garantido o financiamento. Não baralhem! Ao baralharem, estão a pôr a jeito o financiamento".

"Os srs. candidatos podem debater as suas visões com intensidade, o Presidente da Câmara não faz qualquer paragem no projecto. Em Abril, quando os projectos estiverem concluídos serão apresentados. O que se coloca agora é o financiamento para o que está a ser projectado", declarou.

O Vereador do PSD persistiu, alegando: "o que tem que ser absolutamente claro é que não é igual defender metrobus ou metro de superfície. O custo de operação é muito superior. O que está em causa é o que sr. Presidente acordou com Governo, com o Município de Braga e connosco... E foi uma infraestrutura para BRT, devendo estar apta para metro de superfície. Vai solicitar financiamento para BRT ou para metro de superfície?", interrogou, alegando que precisava de ter a certeza se todos os vereadores defendem o metrobus.

Domingos Bragança rematou, ao vincar: "quem representa o Município é o Presidente da Câmara, é um projecto que está a ser elaborado e que será defendido junto do actual Governo. Os candidatos defendem o que quiserem. Os vereadores se quiserem pedir a palavra, podem fazê-lo e pronunciarem-se".

A posição de Domingos Bragança levou o vereador do PSD a observar: "vai obrigar-me a apresentar uma proposta na próxima reunião de Câmara para saber que os eleitos do PS defendem o BRT".

O Presidente da Câmara alertou para a dimensão do investimento, podendo ser superior a 300 milhões de euros. "Quando é que Guimarães tem um valor desta dimensão num projecto? Isto para não falar na ligação a Braga que poderá atingir os 500 a 600 milhões de euros. Se perdermos tração, perdemos a curto e a médio prazo, pomos em causa a força de Guimarães", argumentou.

O Vereador do PSD instigou, pedindo uma resposta às interrogações que lançou: "acha normal que o seu partido venha dizer que não quer BRT? Quem é que está a pôr em causa os interesses de Guimarães"?

O Presidente da Câmara rematou, manifestando: "se os candidatos acharem que têm a força suficiente para executarem as obras que apresentam, no ciclo político a seguir ao meu, não tenho nada a ver com isso. A minha responsabilidade com os vimaranenses é até ao mês de Outubro. Na minha presidência, tudo aquilo que fizemos e fazemos, no meu entender, está bem!"

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