Presidente da Câmara de Guimarães contra fusão da CIM do Ave e CIM do Cávado
O Presidente da Câmara de Guimarães garantiu que enquanto dirigir os destinos do Município e da Comunidade Intermunicipal do Ave (CIM do Ave) não viabilizará a criação de uma Área Metropolitana que resulte da fusão entre as Comunidades Intermunicipais do Cávado e do Ave.
A posição de Domingos Bragança surgiu em declarações aos jornalistas, no final da reunião do Executivo vimaranense realizada esta segunda-feira, após o pedido formulado pelo vereador do PSD, Ricardo Araújo, para pronunciar-se sobre o "impacto futuro" do memorando de entendimento celebrado entre as duas comunidades intermunicipais para a cooperação em projectos e acções em diversas áreas de intervenção. "O Sr. Ministro só não avançou para a Área Metropolitana do Cávado e do Ave porque não teve o meu assentimento", disse Domingos Bragança, mostrando-se convencido que o que muda numa organização territorial no modelo de Área Metropolitana relativamente às Comunidades Intermunicipais "é centrar numa cidade o desenvolvimento do território". "É esse o meu entendimento, pode haver quem tenha entendimentos diferentes. Não sou geógrafo! Estou aqui na qualidade de Presidente da Câmara e da CIM do Ave. Assinamos um memorando de entendimento, mais nada! No documento não aparece a palavra 'Área Metropolitana'", acrescentou, argumentando que com a sua actuação "não pode criar restrições nem condicionamentos para aquele que poderá ser o entendimento" de quem os vimaranenses vierem a confiar a liderança dos destinos do Município. "Se os candidatos apresentarem a criação de uma Área Metropolitana que obrigatoriamente ficará centrada em Braga, não tenho de ficar aborrecido. Estou bem comigo porque tornei pública o meu entendimento e a minha leitura. Se querem devolver toda a centralidade Braga com a criação da Área Metropolitana, façam o favor! E têm toda a legitimidade os candidatos! E eu não tenho de ficar aborrecido. Agora, os vimaranenses sabem exactamente a minha interpretação política e até outubrto não assinarei coisíssima nenhuma nesse sentido", afiançou.
No período antes da ordem do dia, o vereador do PSD, Ricardo Araújo, pediu para "ouvir" o Presidente da Câmara "pelos impactos futuros" do memorando de entendimento, alegando que "a Área Metropolitana poderá ser positiva", considera que é um instrumento de planeamento que permitirá ao território "ganhar escala" e assim aceder a financiamentos para projectos de mobilidade, infraestruturas e serviços, bem como captação de investimentos económicos. Por isso, o vereador social-democrata admite ver com bons olhos a aproximação entre as duas Comunidades Intermunicipais e a evolução para a construção de uma área metropolitana, "em que a centralidade de Guimarães não seja posta em causa", dada a sua posição estratégica na relação com Trás-os-Montes e com "o canal do Ave" até ao Porto. "O memorando não anuncia nada e até é cauteloso do ponto de vista de afirmar a ligação e de ser estudada a partilha de projectos e recursos comuns", observou, ao defender que "Guimarães tem de assumir um papel de liderança, numa concertação com os outros concelhos".
Ao responder, durante a sessão, o Presidente da Câmara assinalou que "é uma matéria de grande sensibilidade", referindo-se à importância do trabalho conjunto e de cooperação entre a CIM do Ave e a CIM do Cávado em projectos como o da mobilidade, dando o exemplo dos transportes em que as duas entidades poderão lançar no futuro um único concurso público para a concessão em função das conexões existentes no território. "Não dei a indicação para evoluirmos para a Área Metropolitana", sustentou Domingos Bragança, ao avisar: "não me quero intrometer em nada", insistindo que é uma matéria sensível". "Deixo a quem se propõe governar Guimarães a oportunidade de se pronunciar", frisou.
O vereador Ricardo Araújo interveio, ao sublinhar: "A sua experiência conta!" E continuou: "tendencialmente vejo que poderá haver vantagem, mas com preocupações. Deveremos evoluir para a Área Metropolitana desde que assegure o peso das duas centralidades que lideram a CIM do Cávado e a CIM do Ave".
"Não podemos embarcar numa onda de Área Metropolitana sem defender a perspectiva de Guimarães. Como vejo isto de uma forma instrumental, de planeamento do território, a experiência é relevante para perceber até que ponto o saldo será positivo para Guimarães", destacou o vereador do PSD, ao sustentar que é preciso "ideias claras" sobre o que se quer para o futuro do Município!".
"Ao nível da mobilidade, o projecto do metrobus é estruturante no quadro regional e só se conseguirá com o alinhamento de posições entre os dois municípios", vincou, referindo-se a seguir à questão da habitação para dizer que Domingos Bragança aplaudiu um candidato à Câmara que prometeu construir 1 100 casas num mandado, quando a actual maioria socialista não conseguiu erguer uma única habitação.
"Foi o maior atestado de incompetência que poderiam fazer a si e à sra. vereadora", afirmou Ricardo Araújo, ao justificar que "defender os interesses de Guimarães é defender os interesses da região".
Logo a seguir, o Presidente da Câmara explicou que "aplaude" o novo ciclo político que se apresenta para futuro de Guimarães, "com a liberdade e a responsabilidade de quem o apresenta". "Assim como tive a responsabilidade e a liberdade de apresentar o meu ciclo, que sucedeu ao ciclo de António Magalhães. A minha coerência é total. Está a terminar o segundo ciclo político, temos qualidade no nosso território, mas estamos receptivos a novos projectos e a novas ideias".
"Cada um de nós apresenta uma visão para o território de Guimarães. Fomos reconhecidos e continuamos a desenvolver o trabalho para afirmar Guimarães", prosseguiu, concluindo: "eu já tenho o meu barco, tenho é de sair com dignidade, respeito e tranquilidade".