Associação AVE defende revogação da alteração da política dos solos
A associação vimaranense AVE integra o movimento nacional de instituições ambientalistas que defendem a revogação da alteração à política dos solos.
O movimento ambientalista sublinha que nas últimas semanas foram emitidos vários pareceres a refutar as justificações por trás do Decreto-Lei nº 117/2024 que veio alterar o Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial, que rege a implementação da Lei de Bases dos solos. Em uníssono, lembram os contestatários, o Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável, urbanistas, arquitectos paisagistas e inúmeros especialistas "demonstraram a ausência de fundamentos que justifiquem este diploma" que "traz risco de degradação da Rede Natura 2000, da Reserva Agrícola Nacional (RAN) e da Reserva Ecológica Nacional (REN), e (3) impõe riscos acrescidos para pessoas e bens.
Ao criar nos mercados fundiários expectativas de valorização súbita dos terrenos por via de loteamentos avulsos, este decreto-lei irá agravar os custos da habitação e das infraestruturas urbanas, ao mesmo tempo que prejudica a agricultura, a silvicultura e a conservação da Natureza". Acrescentam que uma análise económico-financeira e a interpretação dos Planos Diretores Municipais "mostram liminarmente que esta alteração ao RJIGT não irá ter qualquer efeito na resolução da crise da habitação, desde logo por não existir falta de solos urbanos - a proporção de solo urbano não artificializado é superior a 50% e, pelo menos, 12% do total de habitações encontram-se devolutas". Argumental que a "aparente escassez de oferta no mercado de solos urbanos para construção resulta de fenómenos especulativos, propiciados por falhas na tributação do solo expectante, pelo que a solução para este problema é de natureza fiscal e dispensa a reclassificação de solos rústicos para urbanos".