Câmara de Guimarães admite "falhas" no teste de pedonalização
O Município de Guimarães admitiu que existiram falhas na acção de avaliação do impacto da pedonalização e condicionamento do trânsito no centro da Cidade, que decorreu na passada quarta-feira. Na reunião do executivo, realizada esta segunda-feira, Domingos Bragança assumiu que o teste deveria ter sido adiado. Oposição lamentou a "trapalhada" da Autarquia.
"Foi um erro da Câmara não ter adiado o teste. O teste seria para testar a mobilidade urbana dentro do padrão normal. Um dia de tempestade, como aconteceu na quarta-feira, era a primeira razão para esse adiamento, pois não corresponde a um padrão normal na nossa Cidade. Em questões conexas, a Circular Urbana teve um acidente que fez os automobilistas a procurar outros caminhos e agravar a circulação na Cidade. Os resultados do próprio teste ficam aquém do que se podia esperar", reconheceu o Presidente da Câmara.
A questão foi levantada por Bruno Fernandes, antes do período da ordem do dia. O Vereador do PSD afirmou que foi um teste ao stress dos vimaranenses.
"Foi um erro porque não foi devidamente planeado e porque, provavelmente, há alternativas que possam suportar esse estudo, que não seja alterar as rotinas diárias que os vimaranenses têm nestas ruas. O Presidente veio reconhecer que a Autarquia falhou em toda a linha, ao querer manter um teste que podia ter sido feito de outra forma ou noutro dia, como se veio a verificar pelas condições climatéricas, além de outros dados que mostram que todo o planeamento falhou. O Presidente reconheceu que nem era preciso fazer este teste, portanto o que se conclui é que a Câmara quer chatear os vimaranenses", apontou Bruno Fernandes.
O Vereador do PSD foi mais longe, referindo que o Município "ainda não sabe muito bem o que quer fazer nesta matéria". "Continuamos sem conhecer os projecto finais depois da apresentação dos projectos preliminares há alguns meses. Estes testes de mobilidade também trouxeram à tona outros problemas que estão por resolver. A D. João IV é estruturante e sabemos que não é preciso testes", criticou.
Bruno Fernandes ressalvou ainda que a pedonilazação tem a "vertente do trânsito e do comércio da Cidade" incorporada, numa estratégia "dinâmica".
"Há um sentimento negativo dos comerciantes, mas acredito que quando existir uma estratégia global, onde sintam que vai valer a pena, vejam com outra prespectiva. Está a faltar uma liderança objectiva nesta matéria, o conhecimento da estratégia e a implementação da estratégia. Esta é uma casa à deriva", atirou.
O Edil vimaranense apontou ainda falhas a um teste que não "adaptou" os espaços físicos com o que preconiza para o futuro, dando o exemplo da falta de corredores dedicados para os transportes públicos.
"Estes arruamentos não têm figura urbana para autocarros. Por outro lado, também se percebeu que quando abrimos a D. João IV deixou de haver trânsito, ou seja, a alteração da Alameda, Toural e S. António não sofreu problemas rodoviários. Quando se faz um teste temos de adaptar o espaço físico de acordo com aquilo que pretendemos no futuro, nem que seja provisório. Por exemplo, os autocarros desciam a Alberto Sampaio e quando chegavam ao S. Francisco tinham de fazer manobras. Esse eixo é para alargar. A faixa exclusiva na Avenida D. Afonso Henrique tinha ramos de árvores que não permitiam a passagem dos autocarros. Temos de assumir estes erros que não devem ser cometidos".
Domingos Bragança sublinhou ainda que não se vão voltar a repetir este tipo de testes, sendo que os futuros testes serão realizados com recurso a inteligência artificial.
"A Câmara têm feito testes com base na Inteligência Artificial. Os teste da Rodovia ou Cães de Pedra foram realizados através de modelos preditivos. Os testes da Circular Urbana e Variante de Creixomil foram feitos pela Câmara de Guimarães através de simulação e de inteligência artificial. Queremos fazer um teste real de grande amplitude que correu tudo mal. Já fizemos dois testes reais e não há necessidade de mais. As empresas especializadas vão levar a cabo esses testes", disse o Autarca, afirmando que o projecto já está em fase de especialidades e depois seguirá para concurso.