"Mal-estar" entre ACTG e Município discutido na última reunião do Executivo vimaranense

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A vereadora do CDS-PP apelou à maioria socialista para sentar-se à mesa com a direcção da Associação do Comércio Tradicional de Guimarães (ACTG) de forma a encontrar soluções capazes de ultrapassar o mal-estar existente entre as duas instituições.

Numa intervenção feita no período antes da ordem do dia, Vânia Dias da Silva fez alusão ao conteúdo da carta dirigida pela ACTG ao Presidente do Município e partilhada com todo o Executivo (ver texto da pág. 5), considerando que é necessário ultrapassar "o desconforto" existente dada a alegada "disparidade de tratamento que é dado nos apoios que recebe face aos que são atribuídos à Associação Vimaranense de Hotelaria".

"A ACTG dá nota de que nos sucessivos eventos que vem fazendo sente pouco acompanhamento da parte da Câmara Municipal em detrimento de outras organizações que são mais favorecidas", comentou a vereadora do CDS-PP, ao apontar o "mal-estar que há vários anos tem sentido em relação à Câmara Municipal e vice-versa".

"O que importa ressaltar não é a disparidade de tratamento porque poderá existir uma série de justificações que o condicionam. Não se pode olhar apenas para os números, mas sim para a globalidade, mas parece-me que a Câmara deveria sentar-se com esta Associação e tentar compreender os seus problemas efectivos. Em que é que poderá ajudar mais a ACTG, porque todos os outros sectores estão a sentir um conforto que esta associação não sente", afirmou Vânia Dias da Silva.

"A restauração e a hotelaria são sectores charneira da economia do nosso País e o comércio está a sentir muitas dificuldades. Por isso, considero que é função e obrigação do Município tratar diferente o que é mais diferente e enfrenta mais dificuldades em alavancar-se e precisa de um acompanhamento especial", defendeu, insistindo que o Município deve "apoiar mais e de forma diferente quem precisa desse apoio". "Há uma falta diálogo e de vontade da Câmara Municipal em entender as razões e as dificuldades que enfrentam os comerciantes", acrescentou a Vereadora do CDS-PP, enaltecendo o esforço que a ACTG está a fazer para revitalizar o comércio, "ao passo que outras associações têm a vida mais facilitada porque são sectores em crescimento".

Na resposta, a Presidente em Exercício sustentou que a questão do comércio "é de grande complexidade". "Tem a ver com a dinâmica de Cidade, com questões sócio-económicas, com as vivências de Cidade, há um conjunto de factores a ter em consideração para alavancar o actividade comercial", frisou Adelina Paula Pinto. 

"A situação do comércio tem de trazer soluções integradas, baseadas em indicadores. Não é só por se fazer uma festa que se atrai mais pessoas para a Cidade", observou, destacando que é preciso agir no sentido de "tornar as cidades vivas e habitáveis". "Se as pessoas andarem nas ruas, o comércio é revitalizado. O processo do bairro digital e da pedonalização está em curso, não percebemos como é que a ACTG é contra, quando se vê que em todas as cidades que adoptaram processos de pedonalização progressivos o comércio teve vantagens. Cada loja que fecha gera uma preocupação grande", afiançou, ao alertar que a dinâmica citadina precisa da "presença das crianças e das suas famílias".

Referindo-se ao conteúdo do e-mail da ACTG, o vereador Paulo Lopes Silva lembrou que o Município apoia pelo segundo ano consecutivo o evento «Sonho, Logo Existo». "A duas semanas do evento, chegou-nos um pedido de reforço do apoio financeiro alegando-se que os 7 mil euros eram insuficientes, dado que o custo rondava os 13 mil euros. A proposta já estava agendada e validada, não sendo possível a tempo fazer essa correcção", disse, lembrando que ainda recentemente o Executivo aprovou um apoio para as «Olimpíadas Infantis"», da ACTG, "e logo depois uma nova proposta de reforço do apoio foi concedido porque a entidade percebeu que iria ter mais custos do que aqueles que estava a prever".

"Isto provavelmente resulta da entidade ser representativa de um sector e não ser organizadora de eventos. Naturalmente, todos gostaríamos de fazer mais e melhor, mas se todas as associações no ano seguinte à apresentação das propostas nos vierem dizer que o orçamento que apresentaram é de valor superior não será possível acompanhar todas as iniciativas", justificou o Vereador, precisando que o pedido de pagamento do subsídio para o evento «Sonho, Logo Existo» chegou ao Município no passado dia 25. "Passaram quatro dias, com o fim-de-semana, o que não permitiu até hoje o processamento do pagamento que segue as vias normais", continuou.

Quanto à estratégia de eventos destinados à dinamização comercial, Paulo Lopes Silva salientou a necessidade de avaliar as consequências práticas da sua realização "quer pelo Município em sede de atribuição de subsídios, quer pelas entidades que os promovem". "Mais importante do que comparar quais os eventos feitos pela associação A ou B, a preocupação deverá ser a de olhar para eles e perceber que consequências trazem. Tenho muita dificuldade em compreender como se estabelece uma comparação entre o «Sonho, Logo Existo», organizado pela ACTG, e a atribuição de um subsídio à iniciativa «Entre Palcos», co-organizada com a AVH. Seria importante perceber quais são os efeitos concretos para o sector. Por exemplo, neste evento «Sonho, Logo Existo» é proposto um sarau cultural, com início às 21h00, num sábado. O comércio tradicional encerra às 19h00. Do ponto de vista da dinamização do comércio local, aquilo que me parece é que atrai muito poucas pessoas à cidade, em horas em que o comércio esteja aberto e possam usufruir dessa experiência. Quando olhamos para o Sunset Praça, houve uma preocupação com a AVH e com a direcção artística para que o evento não fosse apenas um conjunto de DJ's que estivessem na praça principal da Cidade só à noite, por isso começou às 16h00, com actuações dispersas pela Cidade, com uma interrupção pelas 20h00 para que as pessoas possam jantar na Cidade. Todo o evento foi construído numa lógica de atrair as pessoas à hora em que o comércio está aberto, permaneçam pela cidade a jantar e usufruam depois dos espectáculos durante a noite. O «Entre Palcos» começará de manhã, com palco para as famílias, e que se desenrola durante todo o dia a sentir a vida da Cidade", detalhou o vereador da Cultura.

Paulo Lopes Silva frisou: "quando avaliamos as consequências de uns e outros eventos temos de ter esta preocupação. Gostaria que a ACTG fizesse uma análise do próprio evento, mais do que a entidade que organiza, gostaria que pensassem que consequências para a vitalidade comercial. Ao invés de andar à procura do comparativo do trabalho feito por uma associação ou outra, é importante olhar para todos os eventos realizados na Cidade e avaliar que consequências práticas têm para a dinâmica do comércio local".

Aliás, segundo o responsável, procurou-se envolver a ACTG no evento «Guimarães Entre Palcos» e "foi pouca ou nenhuma receptividade ao desafio para que as principais ruas da Cidade se pudessem vestir para o evento e pudessem ter uma estratégia diferenciadora".

O Vereador da Cultura explicou ainda que o Município correspondeu ao pedido apoio na área da comunicação para o evento «Guimarães com Doçura», da ACTG: "desenvolveu-se um cartaz que foi aprovado, mas não sabemos se foi divulgado; fizemos um regulamento para a ACTG fazer as inscrições, criamos um endereço electrónico e um formulário".

*Texto publicado na edição de 31 de julho, do jornal O Comércio de Guimarães.

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