Presidente da Câmara vai inquirir Amadeu Portilha para "concretizar" conteúdo de artigo de opinião sobre luta interna no PS de Guimarães

O Presidente da Câmara de Guimarães garantiu que vai notificar o Presidente da Tempo Livre para esclarecer o conteúdo de um artigo de opinião, em que o responsável daquela régie-cooperativa fez considerações sobre a luta interna da concelhia do PS, afirmando que há neo-militantes "que aproveitam o seu estatuto e recursos públicos que lhe colocam nas mãos para subir no elevador social".
A posição foi assumida por Domingos Bragança, ao reagir à intervenção do vereador do PSD.

No período antes da ordem do dia, Bruno Fernandes exigiu que "aquilo que foi escrito" por Amadeu Portilha "seja provado". "É um dirigente de uma empresa municipal, neste caso da Tempo Livre, que escreve que existem no perímetro das empresas municipais lideranças que utilizam os meios públicos para fins pessoais e fins partidários. É uma acusação que não pode passar indelével e da nossa parte, na função que nos compete na Oposição exigimos que isto seja esclarecido", apontou o representante social-democrata, ao justificar que o PSD tem alertado para a necessidade "de transparência na gestão das empresas e cooperativas municipais, evitando-se conflitos de interesses", comparando a "postura discreta da Vimágua" com "o uso excessivo de meios e exagero na utilização de comunicação da Vitrus".

"Assiste-se aos protagonistas das empresas municipais a exceder as competências", continuou Bruno Fernandes, pedindo que a sua intervenção fosse transcrita na íntegra na acta da reunião, num momento em que leu um excerto do texto assinado por Amadeu Portilha e publicado no Mais Guimarães. "'Um partido não pode ficar refém de ninguém. Muito menos de neo-militantes que aproveitam o seu estatuto e recursos públicos que lhe colocam nas mãos para subir no elevador social que os conduza ao destino das suas ambições pessoais", leu, dirigindo-se ao Presidente da Câmara: "exige-se que o protagonista explique o que quer dizer. Ficamos profundamente chocados, indignados e muito preocupados com aquilo que é pôr à saciedade algo que se vai dizendo muito nos corredores, que a luta fratricida interna do PS está tomada dentro desta casa". "Isso não podemos aceitar. O sr. Presidente não pode aceitar. É um protagonista desta casa que diz que estão a ser colocados meios ao dispôr de militantes do PS aos contratos que têm do ponto de vista da sucessão, da sua sucessão", acrescentou.

Na reacção, o Presidente da Câmara afirmou que o seu conceito de democracia "não é abstrato". "No dia-a-dia, quem lidera organizações da esfera municipal tem que ter o respeito da liberdade com responsabilidade", disse Domingos Bragança, ao vincar que faz "um esforço por compreender a posição de cada um dentro do conceito de liberdade democrática e responsabilidade desde que não ponha em causa as funções que lhes cometi". "Se não prejudicar a responsabilidade que têm, não intervenho", advertiu, rebatendo a observação de Bruno Fernandes, ao frisar: "na Câmara não há problema nenhum".
"O PS está em disputa com diversas candidaturas e essa disputa faz-se com intervenientes, tem presidentes de cooperativas municipais, membros dos órgãos sociais, da vereação, dos adjuntos... E tomam posição e deixo isso livremente funcionar desde que não ponham em causa o trabalho que fazem em prol do Município e não toquem nas linhas vermelhas. Percebe-se que a polémica não está instalada na Câmara, a luta política não está em Santa Clara está no Largo do Toural", argumentou Domingos Bragança.

Salvaguardando na sessão que não tinha lido ainda o artigo de opinião, o Presidente da Câmara assegurou que irá "inquirir oficialmente o Presidente da Tempo Livre para poder objectivar e concretizar" as afirmações.

No final da sessão, Domingos Bragança salientou que "quando se acusa alguém de uma forma indefinida é necessário que se diga o que se pretende dizer em concreto para que se possa, se for caso disso, accionar outras medidas ou acções". Por isso, concluiu, "a Câmara notificará o Presidente da Tempo Livre para se pronunciar e para dizer em pormenor o que quis dizer no artigo de opinião para o bom nome da Tempo Livre, dele, das empresas do perímetro municipal e em última instância da Câmara e do seu Presidente".

 

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