Os jovens e as injustiças sociais dominaram sessão solene do 25 de Abril

Os jovens e as injustiças sociais dominaram os discursos da Sessão Solene da Assembleia Municipal de Guimarães que hoje assinalou o 25 de Abril de 1974.

41 anos depois da «revolução dos cravos», quase todos os partidos com assento no órgão deliberativo autárquico escolheram jovens deputados municipais, que não viveram em ditadura, para evocar a data. 

Rita Caldas, do Movimento Partido da Terra, foi um dos exemplos. Na sua intervenção, lembrou que «é preciso voltar a levar a política às pessoas. E não é só ouvir. É preciso também responder» e que «é essencial uma política ecológica», até porque entende que «defender o meio ambiente é defender um futuro e a democracia».

Já Joaquim Teixeira, do Bloco de Esquerda, foi muito crítico com as «injustiças sobre os povos e os pobres», que tal como nas décadas de 60 e 70 partiram para o estrangeiro à procura de uma vida melhor. Aliás, para o Deputado bloquista, «o 25 de Abril ainda está por cumprir, mas até lá lutemos pelo direito ao trabalho, à habitação, à saúde e educação».

O jovem João Moça, do CDS, referiu no seu discurso que «o 25 de Abril tem autores mas não tem donos. A liberdade e democracia não são propriedade, ao contrário do que tentam passar os que ostentam cravos na lapela». Para o Deputado centrista, «o essencial é recordar os valores de Abril», lembrando um comício do partido em Guimarães, no Teatro Jordão, em 1975, que terminou com intervenção militar.

Para a CDU, «quando Portugal precisa o povo levanta-se». Foi assim que Pedro Ribeiro começou o seu discurso. Depois de lembrar os valores de Abril, afirmou que nas últimas décadas assistiu-se «à precariedade no trabalho» e ao «desemprego como praga social, que atinge mais de um milhão de trabalhadores». Pedro Ribeiro concluiu assim que «aquilo que a política de direita e 'anti-patriótica' tem para oferecer aos jovens é o desemprego, o trabalho precário, mal pago e sem direitos, com uma solução alternativa: a emigração».

Tiago Laranjeiro, deputado municipal do PSD, falou da sua geração como «a mais bem preparada de sempre» para enfrentar os desafios que se colocam no futuro, argumentando que são preciso novas respostas, sendo importante levar o debate político «aos jovens, por forma a aumentar a sua participação» na vida da sociedade portuguesa. 

O Partido Socialista, pela voz de Nélson Felgueiras, mostrou-se «grato» aos autores da revolução, mas afirmou que 41 anos depois «não somos livres, se não tivermos escolha, se não tivermos o pão, a habitação, a saúde e a educação. Liberdade a sério. Esta geração não é totalmente livre», assinalou, culpando uma «ditadura do capital», o «desemprego» e a «austeridade».  

A terminar as intervenções, Pedro Vilhena Roque, em representação da mesa da Assembleia Municipal de Guimarães, realçou o poder autárquico de democrático como uma das «conquistas mais marcantes» do 25 de Abril de 1974. O responsável, criticou ainda «quem quis manchar a data, atacando Abril».

A sessão foi abrilhantada pela actuação do Coro Infantil Juvenil da Escola de Música da Sociedade Musical de Pevidém.


Marcações: Política

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