Expectativa, preocupação e esperança

1. Ocorreu no passado dia 10 o acto eleitoral que culminou o processo das eleições legislativas antecipadas resultantes da dissolução do Parlamento pelo Senhor Presidente da República na sequência do pedido

de demissão do primeiro-ministro António Costa.

Faltando conhecer ainda o resultado da contagem dos 350.000 votos dos emigrantes os quais atribuirão mais quatro mandatos, conferem os resultados até agora apurados, apesar de por uma margem reduzida, a Vitória à Aliança Democrática dos partidos PSD, CDS e PPM com 79 mandatos contra 77 do Partido Socialista.

Tal situação, de desconhecimento até ao momento da distribuição dos quatro deputados da emigração, tem-se prestado aos mais rebuscados e rocambolescos cenários que nos têm vindo a ser servidos pelos políticos transformados em comentadores de serviço dos principais órgãos da comunicação social.

Apesar de uma clara mudança à direita do espectro parlamentar, que até agora reúne já 138 deputados, mantém-se a expectativa quanto a saber quem governará o país tendo como certo Luís Montenegro manter-se fiel ao “não é não” com o partido Chega.

Uma coisa parece garantida: a tarefa da governação para os próximos anos será, seguramente, uma tarefa hercúlea e preocupante tenda em conta não só a situação nacional como sobretudo a internacional.

A nível interno destaca-se, desde logo, a nova situação política, agora com um parlamento fragmentado e a contar com três blocos.
Depois, e como é sabido, conta o país com praticamente todos os sectores da função pública em luta por melhores condições de vida, com promessas já concedidas pelos partidos políticos durante a campanha eleitoral e que poderão empurrar, novamente, as contas públicas para situações de descontrole bem nossas conhecidas dos tempos passados, mais a mais, com o crescimento económico ameaçado pela situação da envolvente internacional.
Depois, também o investimento público, praticamente paralisado ao longo da última década, assim como os novos desafios colocados ao nível da defesa que irão exigir a mobilização de avultadas verbas apesar do esperado apoio do PRR.

Acresce a tudo isto a grave situação internacional. Na verdade, vivemos tempos de grande incerteza e turbulência.

Seja pelas duas guerras que temos à porta: uma, aqui mesmo na europa, imposta pela ameaçadora ambição imperialista de um ditador sanguinário que parece não se satisfazer com a dimensão que tem já, e outra, no lado de lá do mediterrâneo, que pondo em causa a vida de milhares de inocentes parece jamais ter fim;
Seja pela presença de Donald Trump como candidato à presidência dos Estados Unidos, altamente perigoso e demagogo, uma séria ameaça à defesa e segurança da Europa;

Seja ainda pela crescente disputa da hegemonia económica e tecnológica mundial entre Estados Unidos e China, a fazer-se sentir cada vez mais presente em todas as geografias do planeta.

Não podendo contar, embora, com um organismo internacional capaz de pôr ordem a tantas desavenças e injustiças no plano mundial, autênticas sementes geradoras da guerra, e a tantos atentados aos direitos humanos e ao direito internacional, resta-nos, contudo, a esperança de saber que a seguir à tempestade vem sempre a bonança e que o sentido da História da Humanidade vem comprovando, embora lentamente e com muitas vítimas, a progressão do reconhecimento da importância dos direitos humanos na construção de um mundo melhor.

2. Neste dia, em que escrevo o presente artigo, Dia do Pai e Dia de S. José, padroeiro universal da Igreja, cuja devoção teve início nos princípios do século IV por iniciativa de Santa Helena, mãe do imperador romano Constantino, formulo votos de esperança pela sua intercessão ao Deus do Universo para que ilumine os povos e os seus responsáveis para tomadas de decisão que possam contribuir para alicerçar a construção de um mundo de justiça, de paz e de amor.

Votos de Feliz e Santa Páscoa para todos.

Guimarães, 19 de Março de 2024
António Monteiro de Castro

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