Princípios e valores na governação

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Ao ler a breve entrevista a Mohan Mohan, ex-gestor responsável pelo lançamento em Portugal da empresa Proctor & Gamble publicada hoje,

domingo, dia 28, no jornal Público, realçando a importância dos princípios e valores na tomada de decisões, veio-me ao pensamento o dramático momento que o nosso país atravessa perante um governo que, desde os seus primeiros dias, nos vem surpreendendo com as mais impensáveis atitudes e decisões.

Depois dos vários tristes episódios a que fomos assistindo ao longo destes catorze meses que leva de governação, os quais foram pondo a descoberto a fragilidade e a pouca consistência de ministros e secretários de Estado, conduzindo mesmo à demissão de dois ministros e onze secretários de estado, tornou-se evidente a ausência de princípios e valores na governação do país, essenciais para promover uma liderança ética, transparente e responsável.

Na verdade, princípios e valores éticos são fundamentais para assegurar que as decisões tomadas pelos governantes sejam justas, equitativas e respeitem os direitos dos cidadãos já que fornecem um quadro moral para orientar políticas e ações governamentais, promovendo uma sociedade mais justa e inclusiva.

Princípios e valores presentes nos actos de governação incentivam a transparência e a prestação de contas dos governantes perante os cidadãos pois estabelecem padrões de conduta e de governação que ajudam a evitar a corrupção e o abuso de poder, garantindo que os líderes sejam responsáveis pelas suas ações.

Também a presença de princípios e valores na governação fortalece a confiança entre os cidadãos e o governo. De facto, quando os governantes demonstram integridade, honestidade e compromisso com valores compartilhados, ganham a confiança e o apoio da população, o que é essencial para uma governação eficaz.

Princípios e valores presentes na governação ajudam também a orientar as políticas e ações em direção à sustentabilidade a longo prazo. Na verdade, ao considerar aspectos como justiça social, preservação do meio ambiente e bem-estar das gerações futuras, os governantes podem tomar decisões que promovam um desenvolvimento sustentável e equilibrado.

Princípios e valores presentes na governação incentivam a participação activa dos cidadãos nos processos de tomada de decisão, pois promovem a inclusão, o respeito pela diversidade de opiniões e a abertura ao diálogo, permitindo que diferentes perspectivas sejam consideradas e que as políticas governamentais sejam mais representativas e legítimas.

A presença de princípios e valores na governação é fundamental para promover uma liderança inspiradora e visionária. Quando os governantes são guiados por valores como integridade, justiça e igualdade, têm o potencial de inspirar e mobilizar a sociedade em direção a objetivos comuns e promover mudanças significativas.

Poder-se-á, pois, dizer, de forma resumida, que a incorporação de princípios e valores na governação é crucial para garantir uma liderança responsável, ética e sustentável. Eles são a base para uma governação transparente, inclusiva e comprometida com o bem-estar dos cidadãos e o progresso da sociedade como um todo.

Voltando ao ilustre entrevistado, Mohan Mohan, deixou ele um sábio conselho para todos aqueles que têm a responsabilidade das decisões e que resume, de certa forma, todos estes princípios: “sempre que fizerem alguma coisa perguntem a vocês próprios: a minha avó vai ficar feliz quando lhe contar que foi isto que fiz, ou vai ficar envergonhada? Se pensar que a sua avó vai ficar zangada consigo, não o faça”.

A presença de princípios e valores é fundamental no quotidiano de todo o cidadão responsável pois a sua ausência leva à adopção de comportamentos antiéticos, como mentir, enganar, roubar ou prejudicar os outros em benefício próprio.

É isso, infelizmente em muitos casos, o que se vem observando, ao longo dos tempos, na generalidade das comunidades e de suas instituições.

Saibamos, pois, ter o discernimento necessário para que as atitudes de cada um sejam impregnadas de princípios valores de tal modo que delas nos possamos orgulhar.

Guimarães, 29 de Maio de 2023
António Monteiro de Castro

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