Guimarães e as suas festas

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Guimarães, berço da pátria e primeira capital do reino foi, ao longo da sua rica história, com quase nove séculos, palco e actor importante na construção do Portugal de hoje.Guimarães, berço da pátria e primeira capital do reino foi, ao longo da sua rica história, com quase nove séculos, palco e actor importante na construção do Portugal de hoje.

Da sua história mais recente, muitos são os trabalhos de investigação sobre os mais variados temas das áreas social, económica, política, militar e religiosa.
Na última reunião da Câmara Municipal ouviu-se o presidente do município, Dr. Domingos Bragança, manifestar o desejo de levar por diante a criação de um grupo de trabalho com vista à possibilidade de se elaborar um manual escolar com a “História de Guimarães”, permitindo assim às escolas do concelho uma ampla divulgação da nossa história.

Guimarães é uma terra com passado e com história, que será a grande responsável pela construção deste nosso orgulho de sermos vimaranenses.
Da sua história foram brotando celebrações e festas, algumas delas marcando presença ainda nos dias de hoje.
De entre as mais conhecidas merecem especial destaque as festas Quaresmais promovidas por várias instituições em Março /Abril; as festas do Município em 24 junho, comemorando a Batalha de S. Mamede, a primeira tarde portuguesa na opinião de Alexandre Herculano; as festas Gualterianas no primeiro domingo de Agosto em honra de S. Gualter; as festas Nicolinas, em Novembro e Dezembro; as festas da Senhora da Conceição em 8 de Dezembro e as festas de Santa Luzia a 13 Dezembro.
As festas Nicolinas, a decorrerem nestes dias, mereceram uma intervenção do vereador André Coelho Lima na última reunião de Câmara Municipal para evocar a candidatura das “Festas Nicolinas a Património Cultural Imaterial da Humanidade”, manifestando a importância destas festas, únicas em todo o país e em todo mundo, propondo a criação de uma frente comum para que a candidatura possa vir ser uma realidade e bem sucedida.
Relembrou que esta iniciativa havia tido origem numa proposta aprovada por unanimidade na Assembleia Municipal em Dezembro de 2005 e realçou a importância da sua associação ao património material já classificado, o nosso belíssimo Centro Histórico.
Este tema, das Festas Nicolinas, foi já objecto de estudo por vários autores vimaranenses, como A.L. Carvalho, Lino Moreira da Silva, Manuela Alcântara, Capela Miguel entre outros. 
A preparação da candidatura das “Festas Nicolinas a Património Cultural Imaterial da Humanidade” foi desenvolvida pelo antropólogo Sr. Jean-Yves Durand por contratação da Câmara Municipal em 2011 a quem, em Março de 2014, tivemos oportunidade de ouvir afirmar, com alguma estupefação embora, que para a nossa candidatura, os excessos alcoólicos ocorridos aquando dos principais momentos das festas Nicolinas poderiam, de algum modo, constituir um problema para a candidatura, realçando que “os vimaranenses têm que ponderar muito bem antes de decidirem se precisam de avançar”.
Ficava a ideia de que o autor contratado para levar por diante a candidatura desejada pela generalidade dos vimaranenses não estaria suficientemente convencido do seu interesse nem tão pouco do seu sucesso.
O momento, agora, parece ser manifestamente diferente. Sente-se pairar no ar um reconhecimento claro da importância destas festas, cada vez mais participadas por jovens e menos jovens dos quatro cantos de Portugal.
Sente-se também no ar um muito maior empenho colectivo na condução deste empreendimento a bom porto.
Oxalá que assim seja. Que o Centro Histórico, já classificado como património da Humanidade, possa ser alargado à Zona de Couros e que a eles se associem as Festas Nicolinas como Património Cultural Imaterial da Humanidade.

Guimarães, 2 de Dezembro de 2019

António Monteiro de Castro


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