Orgulho Vimaranense

images/opiniao/Monteiro-de-Castro.jpg

No âmbito das comemorações do centenário da morte do Conde de Margaride, um dos mais ilustres vimaranenses de entre os nascidos no século XIX, promoveu a sociedade Martins Sarmento no passado dia 30 Outubro uma sessão com o tema “O Conde de Margaride e a afirmação política de Guimarães e da sua identidade” com a participação do Dr. António Amaro das Neves e do professor José Manuel Lopes Cordeiro.No âmbito das comemorações do centenário da morte do Conde de Margaride, um dos mais ilustres vimaranenses de entre os nascidos no século XIX, promoveu a sociedade Martins Sarmento no passado dia 30 Outubro uma sessão com o tema “O Conde de Margaride e a afirmação política de Guimarães e da sua identidade” com a participação do Dr. António Amaro das Neves e do professor José Manuel Lopes Cordeiro.


Tratou-se de mais uma interessantíssima e enriquecedora sessão, na qual o profundo conhecimento dos conferencistas sobre a história de Guimarães e suas gentes veio ajudar a melhor compreender a razão de ser do sentimento de amor e de orgulho de pertencer a esta terra onde nasceu Portugal.

O amor ao seu clube de eleição, o Vitória, que tantas paixões faz mover, algumas, por vezes, capazes de ultrapassar todas as barreiras, mais não é do que uma das principais manifestações, nos tempos de hoje, do orgulho de ser vimaranense.
Ao longo dos seus quase nove séculos de existência muitos foram os episódios que demonstraram bem a presença deste sentimento de orgulho de pertencer a esta terra de Vímara Peres, uma verdadeira marca identitária que caracteriza este povo.
As manifestações de autonomia e de independência são desde sempre conhecidas, até mesmo no campo religioso. Transportando Braga o peso e a carga histórica que transporta, vários são os episódios conhecidos respeitantes à afirmação das principais instituições da nossa terra, como a Colegiada, as ordens religiosas e os mosteiros.
Na realidade, e tal como bem demonstrou o dr. Amaro das Neves na sua apresentação, Guimarães, antes da reforma administrativa que criou os distritos ou províncias, tinha uma dimensão geográfica, demográfica, administrativa (número de paróquias) e económica muitíssimo superior à dos restantes concelhos da região, nomeadamente ao de Braga.
Não poderia, pois, Guimarães aceitar, de ânimo leve, a perda de autonomia até então possuída pelo concelho, com a nova integração na província ou distrito de Braga, nomeadamente ver-se transformado num contribuinte líquido para a concretização de novos projetos em benefício de Braga em detrimento de Guimarães, tal como a escola de ciências.
Nesta luta, o Conde de Margaride acompanhado por Joaquim José de Meira e de José Martins de Queiroz Montenegro, procuradores de Guimarães à Junta Geral Distrital de Braga, ao assumirem a posição contra, de Guimarães, foram vítimas de ameaças e agressões físicas que serviram para mais uma vez aprofundar o sentimento de rivalidade com os nossos vizinhos.
Reconhecendo a importância destes acontecimentos e de outros no momento referidos, como a vinda para residir em Guimarães do arcebispo de Braga D. José de Bragança, em meados do século XVIII, ou a história das portas fechadas da igreja da Oliveira, acontecimentos que muito contribuíram para a formação e consolidação da identidade vimaranense, veio-me ao pensamento, mais uma vez, a importância da elaboração de um manual de História de Guimarães que, promovido pelo município, constituiria a disciplina de História Local prevista nos planos curriculares.
É certo que, nos últimos anos, tem o Município dado passos no sentido de sensibilizar e dar a conhecer às crianças das escolas do concelho a realidade dos seus museus e dos seus monumentos, fontes da sua história.
Estou certo, no entanto, que tendo como felizmente Guimarães tem, gente bem conhecedora e competente neste domínio do conhecimento, é tempo de aprofundar a preparação dos jovens de hoje, homens de amanhã, dotando-os de conhecimentos sobre a rica história que a nossa terra tem e que constituiria, seguramente, um verdadeiro cimento identitário a unir e dar força a esta comunidade, vacinando-a contra as provações do futuro.

Guimarães, 4 de Novembro de 2019
António Monteiro de Castro


Imprimir Email