Comércio tradicional de Guimarães receia impacto da crise após quadra festiva favorável aos negócios

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A conjuntura económica actual leva a Associação de Comércio Tradicional de Guimarães a recear o impacto negativo na actividade dos comerciantes ao longo do ano. "2024 trouxe uma subida dos preços e a consequente diminuição do poder de compra e o cenário que se afigura é assim algo assustador, mas não perdemos a esperança e continuamos a acreditar que vamos conseguir sobreviver a esta crise", assumiu a Presidente da Direcção daquela entidade.

As transações comerciais durante a quadra festiva deram alento aos empresários. "Felizmente, as condições climatéricas ajudaram e o Natal correu muitíssimo bem. Acho que nenhum comerciante estava à espera de um Natal tão bom!", assinalou Cristina Faria, vincando que a maioria dos associados manifestaram essa impressão quanto às transacções efectuadas, apesar de considerarem que o programa de animação ficou aquém das expectativas. "O Município devia olhar para o que fazem as Autarquias à nossa volta", afirmou.

"O que se conseguiu trabalhar durante o Natal foi uma ajuda para repor e equilibrar as contas de 2023. Vamos aguardar pelo que 2024 vai trazer, embora nada de bom se perspective!", sustentou.

"Tentamos a todo o custo a dinamização do espaço público, mas sem a vontade do Município não conseguimos fazer nada", manifestou a dirigente da ACTG, lamentando o recente anúncio da criação da Loja do Cidadão com a reabilitação de uma antiga fábrica junto ao Mercado Municipal. "Os serviços que nos foram prometidos para o centro da Cidade vão mais uma vez para a zona das grandes superfícies comerciais que não precisam deles. Precisamos de serviços no centro da Cidade porque aqui não temos nada que sirva de atractivo ao movimento das pessoas. Vamos continuar a apresentar projectos, apesar de sabermos qual vai ser a resposta que vamos ouvir que será "não". Vamos dar as nossas sugestões para incentivar também a hotelaria e a restauração, porque tirando as duas praças do Centro Histórico há estabelecimentos que enfrentam dificuldades. Temos associados que se queixam e que pedem mais e melhores eventos e que tragam realmente pessoas a Guimarães", frisou, insistindo que "o Presidente da Câmara prometeu que a Loja do Cidadão seria no centro da Cidade. O centro da Cidade não é ao lado do Shopping". "Ficamos desiludidos com a decisão, não esperávamos isto... Nós acreditamos que a Loja do Cidadão ficaria instalada no verdadeiro centro da Cidade", prosseguiu. "Temos um bom comércio e os clientes vêm porque gostam muito das nossas lojas, apesar de muitas pessoas dizerem que os estabelecimentos cheiram a mofo. Lamento! É o resultado dos edifícios que temos, velhos e decadentes e os comerciantes não são proprietários dos edifícios para fazerem obras. Temos um bom comércio, com uma boa oferta de todo o tipo de artigos. E é isso que nos vai safando. Só por esse motivo é que as pessoas continuam a vir ao centro da Cidade", argumentou, ao ser questionada pelo nosso jornal sobre as perspectivas para o ano de 2024.

A responsável destaca a importância de defender o comércio tradicional e de proximidade, para que seja evitado o encerramento de lojas históricas como aconteceu recentemente em Lisboa e Porto. "O que queremos para Guimarães? Ruas cinzentas para ninguém passear nelas? Tem que se pensar a sério e esperamos que o Município neste ano perceba que o comércio existe e nos apoie e faça algo, porque somos nós que damos vida a esta Cidade", pedindo que "o Município ajude a que não morram mais estabelecimentos".

* Texto publicado na edição do jornal O Comércio de Guimarães, de 10 de janeiro de 2024.

Marcações: comércio tradicional

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