António Miguel Cardoso: "Paulo Turra foi uma decisão arriscada mas é o caminho"
Confrontado com as saídas de Pepa e de Moreno no arranque de duas épocas distintas, notou que "temos de estar preparados. A dúvida e a incerteza acontecem todos os dias. Nada é garantido e no Vitória a responsabilidade é enorme. Quando entrei o passivo era de 55 milhões de euros e havia uma mensalidade de dois milhões de euros para pagar, mas não havia dinheiro na conta e as receitas já tinham sido antecipadas. Temos de começar a perceber que há decisões a tomar para pagar contas e não é fácil. É preciso ser flexível. As saídas dos treinadores surgiram em contextos distintos. No primeiro caso foi claramente as diferenças de projectos desportivos. O nosso caminho era, claramente, afastar os jogadores mais velhos e mais caros. Fazer uma reciclagem profunda, maturar o grupo e no futuro rentabilizar. Era um projecto novo, mas quando temos um treinador que só quer jogadores maturados e mais velhos e toda a comunicação feita era nesse sentido, com um discurso fraco de que só havia reforços para a equipa B, claramente percebemos que não havia um caminho convergente. Já o Moreno é alguém que gosto muito e que fez um grande trabalho. Percebeu o projecto e defendeu-o com tudo, mas, sendo natural de Guimarães, a pressão é maior. As competições europeias não correram bem, foi grande murro no estômago, uma grande desilusão. O Moreno sentiu a necessidade de sair. Tentámos proteger o treinador, mas rapidamente percebemos o desgaste e que o caminho era a saída.
António Miguel Cardoso defendeu ainda a ideia de que Paulo Turra "tem capacidade de liderança e aguenta a pressão. Conhece bem o clube porque jogou no Vitória, logo sabe como é o ambiente e como lidar com as ondas emocionais, além de que tem um currículo forte em várias áreas. Ao falar com ele, apesar de perceber que era decisão arriscada, acho que é o caminho." "Estou muito contente com as métricas, o trabalho e o sistema de jogo pretendido. O facto de ser estrangeiro é irrelevante porque o futebol é transversal", acrescentou.
Na mesma intervenção, defendeu que o "futebol português precisa de uma distribuição diferente dos direitos. Não faz sentido como é agora. A diferença é muito grande relativamente aos três grandes. O Vitória precisa de mais rendimentos. Estive um mandato inteiro sem receber um euro de direitos televisivos porque as receitas televisivas já tinham sido antecipadas. Neste contexto o controlo financeira da Liga é essencial. Não se pode permitir que Direcções antecipem receitas televisivas. Para o impacto ser diluído muito tem de mudar. Desde as questões de arbitragem à imagem dos clubes."
Já sobre o momento do futebol português disse que "é importante haver ética e seriedade e uma promoção de outra forma. É preciso mais paz e segurança nas atitudes. Esta época está a começar mal, mas quero acreditar que o bom senso vai imperar."
Marcações: Vitória Sport Clube