Vitória apresentou à Liga documento que visa “reflexão construtiva” do futebol profissional em Portugal
O Vitória integra a Direção da Liga desde Julho do ano passado. No final de 2021 apresentou ao organismo liderado por Pedro Proença um documento, a que o Grupo Santiago teve acesso, em que indica o caminho que deve ser seguido nos próximos anos.
A Direção de Miguel Pinto Lisboa entende que o futebol profissional em Portugal “vive um momento definidor”, que necessita “de respostas assertivas perante os grandes desafios que atravessa”, entre os quais: uma “resposta a uma pandemia que colocou problemas acrescidos à operação e ao negócio”, a “recuperação e retenção dos públicos que, também por força da pandemia, estiveram mais de uma época sem poder aceder aos estádios, a “suspeição sobre a atividade e sobre a intervenção dos seus agentes” e ainda a “centralização e internacionalização dos direitos televisivos, abrindo uma nova era para a valorização do futebol profissional português”.
No documento apresentado na Liga de Clubes, o Vitória lamenta que continuem “por definir as verbas a canalizar para o futebol profissional ao abrigo da chamada bazuca de 65 milhões de euros para o desporto”, assim como que estejam “por concretizar as alterações no âmbito da fiscalidade e dos seguros desportivos, entre outros”. O clube assinala ainda que o investimento efetuado pelas SAD “para adequação dos respetivos estádios às normas decorrentes do Cartão do Adepto, agora revogado, só pode ser considerado, a esta distância, como desnecessário, mais ainda quando ocorre num contexto tão exigente ao nível das finanças e da gestão” e que “deve avançar, com cariz de urgência, um protocolo de uniformização entre a DGS e o futebol profissional que retire arbitrariedade às decisões das autoridades locais e regionais, assim podendo desvirtuar as competições”.
Alertando para o facto do futebol profissional não ter tomado “uma posição sobre a decisão de impor ao desporto a obrigatoriedade de um teste negativo em eventos acima dos 5 mil espectadores, a acrescer ao certificado de vacinação”, uma medida que “constitui um enorme bloqueio à presença de público nos estádios”, o Vitória defende que “a norma em vigor tem méritos altamente discutíveis em termos de saúde pública, não se compreendendo como não foi ainda promovido um debate, liderado pela Liga, no sentido de ajustar e melhorar uma medida que, claramente, foi pouco pensada”. Ao mesmo tempo, o clube liderado por Miguel Pinto Lisboa questiona se “a calendarização dos jogos é um entrave adicional à presença de público nos estádios?”, notando ser “urgente um estudo de mercado que espelhe as preferências do público e que adeque a marcação dos jogos e as transmissões televisivas à necessidade de “vender” o futebol profissional como um espectáculo presencial”.
O Vitória lamenta que o futebol profissional viva hoje “sob um manto de suspeição”, pelo que entende que deve “reforçar os seus próprios mecanismos de supervisão e de controlo, assim como “conjuntamente com a Federação Portuguesa de Futebol”, deve “reforçar as suas formas de escrutínio público, mitigando dessa forma a arbitrariedade e a espectacularização associada a algumas investigações em curso”.
O Vitória considera que “todos os temas são de vital importância para a credibilidade e para a imagem do futebol profissional, interferindo de forma direta no sucesso do processo em curso com vista à centralização e internacionalização dos direitos televisivos”.
Marcações: Vitória Sport Clube, Miguel Pinto Lisboa