António Miguel Cardoso: "Em condições normais serei candidato à presidência do Vitória"
Numa fase pré-eleitoral, qual o balanço que faz do mandato da Direção de Miguel Pinto Lisboa?: "O balanço, neste momento, é negativo. Analisando os últimos três anos, tanto a nível desportivo, como financeiro, tenho encontrado uma série de decisões erráticas e que fizeram com que o Vitória não tenha crescido aquilo que devia ter crescido. A nível financeiro, neste momento, o Vitória está numa situação bastante complicada. Acho que é importante deixar as direções trabalhar, foi isso que fiz este tempo todo, com um outro comentário mas sempre com o foco na estabilidade. O balanço é claramente negativo".
O que o motiva a sentir que agora é o tempo de expor as suas críticas ao trabalho da atual Direção?: "Na altura em que se realizaram as eleições houve um pacto de não agressão e é importante que assim seja. Houve eleições, três candidatos, uma lista ganhou e é importante que todos os vitorianos estejam unidos e atentos. Foi um bom momento para a estabilidade voltar ao clube, porque nas últimas direções houve fases de algumas guerrilhas que não fizeram bem. No final do primeiro ano, critiquei a escolha Carlos Freitas, o excesso de optimismo no mercado logo que Miguel Pinto Lisboa entrou em funções, achei desajustado. Mas, procurei ser o mais discreto possível nas minhas decisões. Nesta altura, passados quase três anos, quando o Vitória está numa fase complicada, que nos deve preocupar a todos, é importante colocar a mão na consciência. Tenho alguma responsabilidade, porque fui candidato há três anos. Esta é a altura de mostrar que estamos alerta, que estamos disponíveis e mostrar que se deve mudar alguma coisa no rumo do Vitória".
E mostrar, igualmente, que está disponível a encabeçar uma lista nas eleições que se devem realizar no próximo mês de Março?: "Em condições normais, as eleições são em Março. Estando a três meses de distância, é um tema pertinente. Neste momento, em condições normais serei candidato. Tenho acompanhado o Vitória desde sempre, tenho-me preocupado. Quando digo em condições normais, tenho em atenção que há muitas coisas para verificar, concretamente na parte financeira do clube. Temos de perceber como estão as contas, uma área realmente importante porque quem ganhar as próximas eleições tem de ter as soluções. Havendo essas soluções, estarei disponível, com a minha equipa. Se nada de anormal acontecer, e até lá pode acontecer, e é esse o nosso alarmismo, poderei ser candidato".
Há cerca de dois anos anos meio, quando se realizou o último acto eleitoral, esperava encontrar este cenário nesta fase da vida do clube?: "Respondendo de outra forma, digo que foi muito mais fácil tomar a decisão de ser candidato há três anos do que agora porque a situação financeira era outra. Os clubes nunca estão com uma situação financeira fabulosa, mas as coisas estavam bem. Na altura, resolvi avançar mais pela questão da blindagem dos Estatutos, porque achava que era muito importante que a gestão estivesse nas mãos do clube. Neste momento, passados três anos, todos temos de perceber o que tem sido feito do ponto de vista financeiro, mesmo com a componente desportiva a revelar-se errática. Onde verdadeiramente existe um alarme é na questão financeira, porque triplicamos os orçamentos e o passivo é o que é. É preciso ter um grande consciência e um grande critério para pegar no Vitória neste momento. Nunca imaginei que chegássemos a este ponto".
Versão completa da entrevista na edição desta terça-feira do DESPORTIVO de Guimarães.
Marcações: Vitória Sport Clube, António Miguel Cardoso