Targino em entrevista: "Estou muito feliz e espero poder ajudar o Taipas"
Surpreendeu-o o convite do Taipas e foi um sim imediato da sua parte?: Foi uma felicidade saber que gostariam de contar comigo e não hesitei. Um dos meus objectivos era voltar a Guimarães, ao Minho. Neste momento é no Taipas e estou muito feliz por isso, as pessoas aqui receberam-me muito bem, tanto da parte da direcção como o grupo inteiro. Por isso, estou muito feliz e espero ajudar a equipa.
O objetivo é a subida?: Vamos pensar pouco a pouco. Ambicionamos chegar lá cima, mas temos de ter a consciência de que precisamos de muito trabalho. Temos um treinador jovem que tem muita qualidade, que com certeza nos vai ajudar a lutar pelos lugares cimeiros.
O Targino teve várias passagens em clubes estrangeiros ao longo da carreira. No ano passado, numa entrevista ao jornal Expresso, classificou a sua transferência para o Jagiellonia da Polónia como a “fase descendente da carreira”. O que se passou?: No futebol e como na vida temos fases boas e fases más. Nessa altura estava numa fase má. Não era bem desistir do futebol, mas afastar-me um pouco do futebol porque precisava de resolver alguns problemas pessoais. Sei que perdi um bocadinho essa rotina e fez com que eu também descesse um bocado em termos de divisões. Mas tive de pensar em ter um equilíbrio emocional e foi isso que consegui, porque a vida não é só futebol. Nós (jogadores) também temos vida própria, temos família, relações… felizmente consegui voltar ao futebol, até chegar aqui. Neste momento estou super feliz por ter conseguido também psicologicamente dar a volta, estar mais equilibrado. Estou pronto, a vida dá voltas e agora estou no Taipas, forte em todos os sentidos e era isso que eu desejava.
Arrepende-se de algumas decisões que tomou durante a carreira que possam ter prejudicado a jovem promessa que era Tiago Targino?: Como tudo na vida há coisas que nós não fazemos tão bem. Agora que sou mais velho olho para trás e penso em coisas que poderia não ter feito. Muitas vezes chateava-me porque se calhar não estava a jogar a titular, queria jogar mais. E se calhar, muitas vezes não era isso que eu tinha de fazer. Se calhar teria de trabalhar mais, fazer mais. Hoje sei mais um bocadinho da vida, agora consigo falar mais em relação a isso. É fundamentalmente dessas atitudes que me arrependo mais.
Na sua óptica, o que é que falhou para não ter conseguido uma carreira ao nível do seu talento? Em 2010 esteve perto de ingressar no Benfica…: Na minha passagem pelo Vitória tive momentos muito bons, outros menos. Mas tinha a consciência que um dia iria acontecer uma época em que iria rebentar, voltar em força. Sabia que no Vitória tinha muita gente que gostava de mim. E mesmo as pessoas que não gostavam de mim essas também me davam força para que eu continuasse a lutar e a acreditar que um dia seria possível mostrar o meu real valor. Infelizmente, quando estava muito bem, acabei por ter a lesão. Mas no meu trajecto pelo Vitória os números falam por si. Penso que fiz cerca de 125 jogos. Já passaram por lá centenas e centenas de jogadores e penso que estou dentro dos 50 que mais jogaram pelo clube. É um orgulho para mim. A minha oportunidade apareceu, infelizmente tive a lesão. Se tivesse saído para um grande, as pessoas iriam falar mais de mim. Mas é o que fica. Sei que dei tudo pelo Vitória, ainda sou um adepto fervoroso, uma pessoa com uma paixão enorme pelo Vitória e vai ser assim para sempre.
O que tem achado desta política de contratações do Vitória, com a chegada de Tiago Mendes e de muitos jogadores jovens?: O Vitória está com uma estratégia diferente, a apostar em vários jovens. Penso que esses jovens estão preparados para esse desafio. Vão ter de estar unidos, têm falta de experiência. Mas as coisas estão a acontecer desta forma, porque as pessoas que estão à frente do clube percebem e estão conscientes daquilo que estão a fazer. Com a vinda do mister Tiago, fiquei super feliz. Estão a apostar num novo treinador, sem medo de arriscar. Será de certeza um grande desafio para o Tiago, mas tem uma boa estrutura técnica e sei que, com isso, eles vão conseguir fazer o que pretendem, dar boas informações aos jovens. O Tiago, como foi jogador, sei que será fácil implementar essa filosofia que pretende impôr, os jovens vão entender bem o que ele pretende fazer.
Que memórias leva do Vitória, um clube que representou durante praticamente 10 anos?: Os adeptos, sem dúvida. Já joguei em muitos sítios, mas quem jogou no Vitória sabe do que eu estou a falar. Uma das coisas que fica na nossa memória é a paixão, o amor que as pessoas têm pelo Vitória. Isso é, sem dúvida, uma motivação para quem joga no Vitória, definitivamente um ponto a favor. Depois também um pouco de tudo o resto, as pessoas que faziam parte da estrutura, pessoas que estavam sempre próximas de nós. Infelizmente algumas já partiram, como é o caso do senhor Freitas e do Basílio… Pessoas que estiveram muito próximas e ajudavam-me sempre quando eu estava menos bem. Ajudaram-me a ser quem eu sou hoje, como ser humano. São coisas que nunca sairão da minha cabeça, com certeza.
Marcações: Vitória Sport Clube, Clube Caçadores das Taipas, Tiago Targino