Relvado sintético nasce em Gémeos para unir clubes rivais
O investimento total das obras deverá rondar os 300 mil euros. O Grupo Desportivo de Gémeos tem direito a 200 mil euros, pelo que o valor remanescente representa um valor avultado para a União das Freguesias de Abação e Gémeos. Trata-se, no entanto, de um investimento que tem por objectivo dotar o campo de jogos de condições para receber as partidas do Gémeos, mas também do rival Abação. De acordo com o presidente do Gémeos, que continuará a ser o proprietário das instalações, está na calha um protocolo que será desenhado pela União das Freguesias em conjunto com os dois clubes. Um acordo que, de certa forma, poderá ajudar a atenuar a rivalidade entre os dois emblemas, que tem crescido ao longo dos últimos anos. Ainda recentemente, depois de uma invasão de campo e agressões, a comitiva do Gémeos teve de deixar o campo do Abação sob escolta da GNR. Neste acordo, que será intermediado pela União das Freguesias, o Clube Desportivo de Abação também poderá usufruir do relvado sintético para os treinos e jogos da sua equipa sénior. E, no período em que decorrerem as obras, que deverá estender-se por cinco meses, até ao início de 2021, o Gémeos terá de mudar-se para o campo do vizinho e rival Abação.
O presidente do Grupo Desportivo de Gémeos está convencido que transformação do campo de jogos vai permitir ao clube “alavancar para uma nova realidade”, ao mesmo tempo que representa um “passo importante” para uma nova fase na relação com o vizinho e rival Abação. “Os dois clubes são rivais, mas está na altura de enterrar o machado de guerra. No futuro, eles vão precisar de nós, enquanto nós vamos precisar deles no presente, enquanto estiverem a decorrer as obras. A reunião com os elementos das duas direcções, juntamente com a Junta de Freguesia, será essencial para tratar de todas as questões burocráticas”, adianta Fábio Silva, convencido que a construcção do sintético “ajudará a esbater a rivalidade que existe”. “É uma situação que a Direcção do Gémeos pretende levar conquistar. No último jogo houve problemas, tivemos de sair de lá escoltados pela GNR. Mas queremos dar um passo em frente para acabar com este tipo de coisas. Se as freguesias querem mesmo crescer, o desporto pode servir de factor de união”.
O projecto inicial passava pelo arranque das obras no passado mês de Julho, mas a pandemia provocada pela Covid-19 “condicionou os planos”. “O atraso noutros campos por parte da empresa a que foi adjudicada a obra condicionou o arranque. Foi uma espécie de efeito dominó, devido à pandemia. Além disso, está a ser negociada uma parcela de terreno, porque queremos gastar o dinheiro num estrutura que nos possa fazer sonhar com outros patamares”.
Fábio Silva elogia ainda o trabalho levado a cabo pela comissão de obras, constituída por associados e elementos de antigas direcções, que estão “a ajudar bastante” no projecto. As verbas angariadas “foram fundamentais para a execução do projecto”. “Os 200 mil euros não chegam porque é preciso fazer quase tudo. Vamos ter a preciosa ajuda da Junta de Freguesia, que fará um investimento de cerca de 100 mil euros, para que possamos ficar com um complexo desportivo dos melhores da zona. Temos também uma candidatura no Instituto Português da Juventude, que à partida será aprovada, que nos ajudará a concretizar tudo o que o que desejamos”.
O percurso desportivo do Gémeos nas últimas temporadas não tem sido muito feliz, digamos assim. O clube não tem conseguido afastar-se do trilho das derrotas, ocupando sempre os últimos lugares dos campeonatos da Associação de Futebol Popular de Guimarães. Com a construcção do relvado sintético, Fábio Silva espera que este cenário possa mudar, tanto mais que o clube tem como objectivo filiar-se nas provas da Associação de Futebol de Braga, na temporada 2021/2022. “Estamos a construir um plantel que será mais forte. Com as informações da construcção do sintético acabou por ser menos complicado garantir jogadores de outro patamar. Vamos querer estar na luta pelos primeiros cinco lugares no campeonato em que vamos estar inseridos, para depois darmos um passo em frente. Já prometi a alguns jogadores que estão a vir para o nosso clube que pretendemos federar-nos, pelo que essa meta terá de ser cumprida. Em 2021/2022, com outras condições, queremos dar o salto. Quando prometo alguma coisa, gosto de cumprir, por isso vamos ter essa aspiração”.
Com um relvado sintético, o Gémeos entende que terá igualmente condições para apostar nas camadas jovens. Numa freguesia com população mais envelhecida, o clube quer manter os jovens a competir no clube local. “Temos vários atletas espalhados por clubes vizinhos, como Tabuadelo, Polvoreira, Urgeses e S. Paio. Com esses miúdos todos que estão a jogar fora e que são aqui da terra, acredito que conseguimos fazer duas equipas de formação. São jovens que nos ajudarão a dar mais vida ao clube”, vinca Fábio Silva.
Marcações: Gémeos, relvado sintético