Mateus Pasinato: "Se o Moreirense quer exercer cláusula de compra é porque está a acreditar no meu trabalho"

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O guarda-redes do Moreirense, Mateus Pasinato, esteve à conversa com os jornalistas, esta sexta-feira. Titular do clube de Moreira de Cónegos, o brasileiro falou sobre a primeira experiência em Portugal, mas também sobre aquilo que o futuro lhe pode reservar.

Um mês e meio depois da paragem dos campeonatos, a ansiedade do regresso é cada vez maior?: "É cada vez maior. É difícil ficar longe dos relvados, dos treinos, de estar com a malta no balneário. No máximo temos um mês de férias, agora já estamos há um mês e meio parados. É algo superior a nós, esperamos que possa passar o quanto antes, para que possamos voltar à nossa rotina."

É o guarda-redes da Liga com mais defesas, o que representa para si?: "Tem um lado bom, porque é o nosso nome que fica em evidência, mas também mostra que temos muito trabalho. É um dado bom, significa que ajudo o Moreirense. Ter mais ou menos defesas fica abaixo do objetivo do clube. Temos é de dar o nosso melhor para ajudar o clube. O mais importante é ter os objetivos do clube conquistados."

Para um guarda-redes é sempre mais difícil treinar. Como tem sido treinar em casa?: "O Moreirense deixou-nos os materiais para os treinos, mas não é mais do que uma manutenção, não é a mesma coisa que o treino de guarda-redes. Nós, os guarda-redes, somos os que mais vamos precisar de tempo para nos readaptar. O guarda-redes tem de ter contacto com a bola, com o relvado, temos de nos adaptar e quando a Liga definir o que vai ser feito voltaremos aos treinos. Temos a esperança que de possamos voltar o mais cedo possível."

Como tem sido viver esta pandemia em Portugal, longe do Brasil?: "Estou com a minha esposa e os filhos, mas dá sempre aquela saudade do Brasil, principalmente da família. É normal, faz parte da vida de jogador porque estou aqui por um objetivo maior e tudo vai valer a pena."

Estava à espera de se impor nesta primeira época no Moreirense?: "Temos de alimentar sempre os pensamentos mais otimistas. Cheguei para superar a saída do Jhonatan, vinha preparado para isso. Sabia que tanto podia jogar, como não, o que é normal. Fico contente por ser totalista da Liga, o guarda-redes com mais defesas, o que mostra que o trabalho tem sido bem feito. Só motiva para fazer uma grande época no Moreirense."

Entende que ainda tem de melhorar o jogo com os pés?: "O futebol português exige muito mais taticamente de todos, seja do guarda-redes ou dos avançados. O jogo de pés é mais colocado em prática em Portugal, vai de cada treinador. Estou sempre a trabalhar para melhorar em todos os aspetos. É uma grande aprendizagem em Portugal."

O que pode fazer o Moreirense nas 10 jornadas que faltam disputar?: "O nosso principal objetivo é garantir a permanência. Queremos dar o nosso melhor, ajudando o Moreirense a alcançar a melhor classificação possível na Liga. No ano passado, o Moreirense foi 6.º, queremos sempre melhorar, mas a classificação para a Liga Europa não é um objetivo que deva ser colocado a qualquer custo. O futebol é muito relativo. Queremos é dar o melhor pelo Moreirense."

Essa questão da classificação para a Liga Europa, quer esclarecer o que disse no início da semana?: "Almejamos a melhor classificação do Moreirense na Liga. Na época passada o Moreirense foi 6.º , agora uma posição melhor do que essa dá o acesso à Liga Europa. Não é um fardo, um peso ou um objetivo traçado. Isso não nos é cobrado. É uma ideia de todos, estarmos sempre a melhorar. Temos de ter objetivos para ajudar o Moreirense a ser cada vez maior. Não nos podemos martirizar ou matar se não melhorarmos a última classificação."

Que análise faz da situação social e política no Brasil provocada por esta pandemia?: "Eu tenho acompanhado à distância. A pandemia no Brasil não está tão acentuada como em países na Europa. Se não houver prevenção, pode tornar-se uma situação gigantesca. O presidente Jair Bolsonaro tem sido infeliz em algumas declarações, apesar de já ter feito coisas boas. Há coisas que não têm de ser ditas como ele faz. A população tem de se manter consciente e preparada. Esperamos todos sair disto o mais rapidamente possível. A minha família está bem, não há preocupação de maior, só mesmo a saudade e a distância. A minha mãe está sempre preocupada, ainda para mais quando há mais um elemento novo na família. A pandemia é grande, tem de ser levada a sério. A minha esposa é asmática, do grupo de risco. Tenho uma filha recém nascida e um filho de cinco anos, por isso temos de ter todos os cuidados."

Já se imaginou a comer pangolins ou morcegos, os animais que acabaram por transmitir este coronavírus?: "Comigo, isso não vale. Prefiro ficar no básico. Ainda nem provei os caracóis, nem o polvo. Espero experimentar logo que possível."

Quem é o teu ídolo nas balizas, uma posição muito ingrata?: "A nossa posição é muito de altos e baixos, inconstante. Precisamos de ter muita concentração para corresponder às expectativas. Sou da geração do Brasil pentacampeão, do Marcus, Rogério Ceni, Dida, devo-lhes muito. Ainda joguei contra Rogério Ceni, ele teve uma falta contra nós, cobrou-a, mas não deu golo. O Oliver Kahn, carrasco do Brasil, também é uma referência do passado. Allison, Ter Stegen e Oblak são as referências da atualidade. Refiro Oblak, por comparação com Cortouis, pela sua regularidade, a postura que tem dentro do campo é impressionante. O Allison está a viver um momento impressionante, é histórico."

Acha-se mais parecido com qual desses três?: "É difícil colocar-me nessas comparações, é mais fácil para vocês. Inspiro-me bastante na postura do Allison, mas procuro tirar referências dos três."

O que ainda falta fazer na sua carreira?: "Todos os jogadores têm grandes objetivos. O Moreirense confiou no meu trabalho, ofereceu toda a estrutura para poder dar o meu melhor. Temos todas as condições pera dar o nosso melhor dentro de campo e assim conquistar algo mais na carreira. Todos os jogadores querem ter uma grande experiência num grande clube, em grandes campeonatos, não deixa de ser um grande objetivo. Ajudando o Moreirense, o Moreirense ajuda-me a chegar ainda mais longe."

O Moreirense avançará para a compra em definitivo do seu passe. Já o informaram disso?: "Há essa cláusula do meu contrato, que o Moreirense pode exercer no fim desta época. Se o clube quer exercer é porque está a acreditar no meu trabalho e eu tenho correspondido. O Moreirense está a crescer, oferece todas as condições que precisamos, está a construir a academia desportiva, a procurar boas classificações. Quando vim para cá, um fator que pesou foi o facto do presidente Vítor Magalhães ser uma pessoa que honra os seus compromissos, é uma pessoa correta. Temos feito um bom trabalho. Sendo bom para os dois, é bom para os dois."

Já tem previsão do regresso aos treinos?: "Ainda não. Estamos de férias até ao dia 30 e à espera de uma definição da Liga para saber o que vamos fazer."

O Fábio Abreu já lhe pagou o almoço que prometeu depois da assistência que fez para o golo diante do Vitória de Setúbal?: "Estou à espera até agora (risos), Ainda tenho a esperança de cobrar esse almoço, pelo menos quando for o regresso dos treinos, Ele é um pouco 'pão duro' (risos). Ainda não calhou, também não quero qualquer coisa. Pode ser um parto português, simples, mas tem de ser bom sítio."


Marcações: Moreirense Futebol Clube, Mateus Pasinato

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