Miguel Matos: "Logo que possamos vamos retomar o nosso trabalho na China"
“Estes dias não têm sido tão difíceis porque já estamos um pouco mais habituados. Realmente, foram difíceis aqueles nove dias em Wuhan, porque estávamos ansiosos e com uma vontade muito grande de voltar a Portugal, queríamos sair de lá porque o perigo era iminente por estarmos no meio do furacão. Conseguimos sair de China, estivemos 15 dias em Lisboa, fizemos os testes e depois de dar negativo ficamos mais tranquilos. Pensávamos que íamos fazer uma vida normal, com as nossas famílias, mas de repente isto alastrou-se ao mundo inteiro. Há dois meses, não imaginava ter de fazer quarentena em Portugal. O mais importante é que as pessoas respeitem o isolamento, porque o caso é sério, como se vê em Itália e Espanha”, disse, em declarações ao Grupo Santiago.
Treinador de guarda-redes, Miguel Matos trabalha na equipa técnica de Luiz Felipe, no Hubei Chufeng Heli. Revela que a China foi mais longe nas medidas de confinamento que tomou, daí ter evitado resultados menos drásticos que aqueles que se vivem agora na Europa. “As medidas foram mais drásticas. Nos dias em que estivemos lá ainda podíamos sair de casa para ir ao supermercado, mas a partir do momento em que ficou descontrolado eles viram-se obrigado a reter as pessoas nas suas habitações. Fecharam por completo os condomínios e havia uma rede de voluntários que levavam as refeições às pessoas. Foi um isolamento mesmo total. Aqui, ainda há pessoas que trabalham. Só deviam estar a trabalhar quem produz mesmo bens essenciais. Os restantes deveriam estar em casa. Nós, latinos, relaxamos e pensamos que as coisas nunca nos acontecem.”
Miguel Matos pretende regressar, em breve, a Wuhan, que foi o epicentro da pandemia da Covid-19. Quando voltar à China, o treinador de guarda-redes, bem como a restante equipa técnica de Luiz Felipe, terão de cumprir uma nova quarentena. Estamos à espera de novidades. Wuhan vai abrir a partir do dia 9 de Abril, uma vez que na província de Hubei as pessoas já se podem movimentar. Estamos em permanente contacto e logo que possamos embarcar vamos fazê-lo porque estamos desejosos de retomar o nosso trabalho. Quando lá chegarmos teremos de cumprir nova quarentena, é mais uma certeza que temos. Grande parte deste ano de 2020 vão ser passados em quarentena. Em Portugal, vamos ter de prolongar este momento, porque vejo relaxamento de muitas pessoas.”
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