Júlio Mendes defende que Vitória foi prejudicado em mais quatro pontos: "Podíamos estar no 2.º ou 3.º lugar"

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O presidente do Vitória, Júlio Mendes, defendeu a ideia de que o clube foi impedido de somar mais quatro pontos nas últimas jornadas por ter sido prejudicado pelo trabalho dos árbitros, concretamente nos encontros com o Boavista (9.ª jornada) e Desportivo das Aves (13.ª jornada).

Numa conferência de imprensa que teve lugar esta sexta-feira, o dirigente fez um novo balanço do trabalho dos árbitros, acrescentando que, no total, o Vitória já foi prejudicado em nove pontos desde o arranque da temporada.

Em análise, primeiro, esteve o jogo com o Boavista, da 9.ª jornada. Júlio Mendes apresentou vídeos de dois lances, argumentando que não foram marcados dois penáltis a favor do Vitória. O primeiro aconteceu aos 60 minutos, quando Obiora jogou a bola com o braço. “Quando confrontados com lances iguais, que deram origem a penáltis na mesma jornada, nos jogos Feirense-Tondela e Portimonense-Belenenses da 9.ª jornada, entendemos que aqui devia ter sido marcado penálti”, disse Júlio Mendes. No segundo lance, aos 83', é reclamado derrube a Davidson por Neris. “Na última jornada, foram marcados dois penáltis sobre o Bas Dost no jogo com o Nacional, se compararmos adensamos a nossa convicção de que este lance era penálti. São dois penáltis, o que me leva a crer que este empate que resultou deste jogo com grande probabilidade teria dado Vitória para as nossas cores e não teríamos deixado dois pontos no Estádio do Bessa.”

No encontro com o Desportivo das Aves, o Vitória reclama um penálti não assinalado sobre Welthon, num lance protagonizado com o guarda-redes André Ferreira. “O guarda-redes do Aves fez falta sobre o Welthon”, analisou Júlio Mendes. “O senhor árbitro foi rever o lance, com auxílio do VAR, e decidiu não assinalar penálti. Contudo, do nosso ponto de vista, se não tivesse sido impedido de progredir o Welthon alcançava a bola e podia fazer golos. Mais uma vez empatamos, do nosso ponto de vista podíamos ter trazido mais dois pontos.”

Contas feitas, o Vitória “sente-se prejudicado em mais quatro pontos. Como vêm cinco de trás, estamos a falar de um valor pontual expressivo e que faz toda a diferença em termos de progressão na tabela. O Vitória sente-se altamente prejudicado com estas decisões.”

A EXPULSÃO DE MATTHEUS OLIVEIRA NO BESSA
Na conferência de imprensa, Júlio Mendes também abordou a expulsão de Mattheus Oliveira, no encontro com o Boavista, da Taça de Portugal, na passada quarta-feira: “A expulsão é numa jogada que nem sequer é falta, mas que é precedida de uma falta sobre o Guedes, quando atacávamos com perigo a baliza do Boavista. Foi uma falta grosseira, que de algum modo colocou em causa a integridade física do Guedes. Num clássico do futebol português é preciso perceber o que vai na mente dos jogadores, ter alguma capacidade para gerir estes momentos. Há uma reacção de quem não foi capaz de perceber o jogo que estava a apitar. É claro que pelos regulamentos este cartão vermelho é inquestionável. O que nos preocupa é quando vamos ver o comportamento deste mesmo árbitro noutros jogos”. Acto contínuo, Júlio Mendes apresentou vídeos de lances semelhantes, com outros protagonistas. “Lances em que o árbitro é questionado, interpelado ou mesmo insultado. Num jogo Benfica-FC Porto, temos uma situação de um jogador do Benfica (Rafa), que levou cartão amarelo num lance em que dá a ideia de que diz ao árbitro que ele está maluco, não está bem da cabeça. Num FC Porto-Vitória, Alex Teles fez uns sinais em que dá a ideia de que o assistente vê mal e não foi expulso, viu amarelo. Num jogo Vitória Setúbal-Sporting, Fábio Coentrão, pelo que consigo ler nos lábios não me parece que elogiou o árbitro.” “Isto não pode acontecer, não é pugnar pela credibilidade do futebol. Que dirão os adeptos do Vitória, que viram isto e depois o que aconteceu no Boavista, não me parece fácil credibilizar uma indústria como o futebol se não formos todos nós a contribuir para que isso seja uma realidade. Quando existe esta diferença de tratamento, quando os regulamentos são iguais, não conseguimos credibilizar o futebol português.”

“VITÓRIA PODIA ESTAR NO 2.º OU 3.º LUGAR”
Ao reclamar mais nove pontos, o Vitória reclama igualmente que podia estar numa posição mais confortável da tabela: “Podíamos estar no 2.º ou 3.º lugar, portanto o jogo de domingo seria entre equipas com posições na tabela classificativa muito idênticas.”

Esta análise aconteceu antes do jogo grande com o Sporting. Para Júlio Mendes, não é uma forma de pressão: “Tenho a certeza que não. Disse que faríamos o balanço a cada seis jornadas, não há aqui tentativa de pressão sobre ninguém, Hoje em dia não é com estas coisas que o Conselho de Arbitragem e os árbitros se sentem pressionados.” “De forma alguma entro com o pé atrás para o jogo com o Sporting. Tenho total confiança na arbitragem e no Conselho de Arbitragem”, acrescentou.

Questionado sobre se esta análise é da exclusiva competência do Vitória, ou se teve outros contributos, Júlio Mendes esclareceu que “as análises tiveram o trabalho das nossas equipas técnicas, mas também vão de encontro a quem de forma periódica escreve na comunicação social. Não é só uma análise e opinião da gente da casa”.

“EVOLUÇÃO DA ARBITRAGEM É NO SENTIDO POSITIVO”
Na conferência de imprensa Júlio Mendes disse, em mais do que uma ocasião, que “a análise global que fazemos à evolução da arbitragem é no sentido positivo. Entendemos que o Conselho de Arbitragem tem estado a ser capaz de imprimir naquilo que são as dinâmicas das arbitragens uma evolução que merece uma análise positiva. Não queremos pintar um quadro negro da arbitragem. Sabemos dizer que no jogo com o Rio Ave foram assinaladas três penalidades, bem ajuizadas do nosso ponto de vista. Os clubes não têm de achar que não devem falar, porque pode correr pior na jornada seguinte. Os árbitros são pessoas sérias, habilitadas, percebem que as nossas abordagens são feitas de forma construtiva.” Em que evoluiu, afinal, a arbitragem: “Temos a convicção de que se têm cometido menos erros e que se percebe que existe uma maior uniformização de critérios. A demonstração de que não está tudo resolvido e que há trabalho para fazer são estes casos.”

Estando o Vitória, no grupo da frente, o clube tem ideia de qual o clube mais prejudicado. Será o Vitória o clube mais prejudicado. “Não nos compete falar dos outros. O que temos para dizer é que nos sentimos muito prejudicados.”

APELO À MOBILIZAÇÃO DOS ADEPTOS PARA JOGO COM O SPORTING
Depois de elogiar o comportamento dos adeptos do Vitória no jogo com o Boavista, da Taça de Portugal, Júlio Mendes pediu a sua comparência em massa no encontro de domingo, com o Sporting: “Gostaríamos de fazer com que o D. Afonso Henriques tivesse 30 mil pessoas neste jogo, para que alguns agentes deste fenómeno do futebol percebam que não há só três ou quatro clubes. O critério das transmissões televisivas é para nós difícil de entender, porque o Vitória é um clube singular, único, merece respeito.”


Marcações: Júlio Mendes, Vitória Sport Clube, Boavista, Desportivo das Aves, arbitragens

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